→Acordo: o declínio

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—Desculpa a demora— Yuri viu a garota com um vestido e os lábios rosados da mulher se abriram em um sorriso, levando-a à revirar os olhos evitando contato visual com a esposa de seu pai. antes que ela criasse algum tipo de abertura, Seungwoo lhe cortou abraçando a irmã.

—Vamos em outro lugar— ele disse baixo em seu ouvido, aproveitando que envolveu sua irmã em seus braços. A garota segurou seu braço e se afastou um pouco sorrindo indo para o corredor dos banheiros.

—Como você tá? Eu vi que ele machucou sua perna, deixa eu ver-— o garoto ajoelhado foi cortado pelo salto da irmã encostando em sua testa sem falar nada —Sabe, eu não gosto dessa cena, mas os doentes que gostam de você sim, é pra tirar foto?

—Vai a merda Seungwoo— novamente com seu salto, empurrou a cabeça do gêmeo rindo fraco, parando alguns segundos depois, sentando no chão a frente do garoto, deixando o ferimento exposto pela fenda, na visão não estava muito fundo mas ainda sim sangrava criando marcas que desciam por sua perna, só precisa de uma limpeza e um curativo bem feito —Quer ficar aqui enquanto eu pego alguma coisa pra limpar isso aqui?— a garota afirmou encostando suas costas na parede.

A garota continuou em total silêncio e com seus olhos fechados até que sentiu uma presença ao lado, as paredes carmesim aveludadas pareciam ter esfriado, o que acabou atraindo a atenção da garota.

—Olá— o garoto sorriu fraco, mas ao ver a garota calada, coçou a nuca e ajeitou rapidamente sua postura —Eu sou o Seungyoun, mas pode me chamar de Luizy.

—O que você quer?— Nana foi o mais áspera possível na esperança que ele se afastasse mas a risada doce do garoto quebrou todo tipo de sentimento que tinha.

—Calma, eu não vou te morder— no fim da frase era possível ver um bico formado em seus lábios —Não se você não pedir no caso— Luizy murmurou desviando o olhar, esperando que a garota não tenha ouvido nada.

—Eu não sei o que você quer, então vaza— a garota voltou a encarar o tapete dourado sujo.

—Okay okay, deixa eu recomeçar— Cho apertou os olhos forte erguendo as mãos, ao receber apenas um silêncio de volta, abriu um dos olhos e observou a garota, lhe olhando desinteressada.

—Olá, meu nome é Cho Seungyoun e eu tenho uma proposta pra você— o sorriso do garoto voltou a se erguer. Observando o garoto de joelhos, Nana soltou um suspiro encarando seu machucado.

—E você acha que esse é o melhor momento?

—Claro, você esta sozinha, ninguém vira nos perturbar por um tempo, não entendo o porquê de não me ouvir— a vontade de bater no garoto a sua frente era tão grande quanto a vontade de acertar sua própria testa ao notar a ingenuidade ou indiferença do garoto a sua frente.

—Talvez porquê eu esteja machucada e minha perna dói?— a garota disse apontando para a própria perna.

—A-aonde você se machucou?— o garoto seguiu com o olhar, desviando o olhar segundos depois.

—Não te interessa— a garota voltou a atenção a perna, evitando que o sangue escorra e caia no tapete.

—Qual é, eu realmente estou preocupado com você

—Você nem me conhece, cara, não precisa disso, okay?

—Mas eu quero conhecer, seu pai já falou tanto de você para mim-— os olhos da garota focaram no garoto novamente, sentindo algo estranho e ela o cortou.

—Espera, como assim, meu pai falou de mim pra você?— as unhas da garota fincaram em sua própria pele.

—Nana! desculpa a demo-— Seungwoo parou de falar ao ver sua irmã encarando o garoto como se quisesse comer sua alma —Eu... Tô atrapalhando?

—Ah! Você deve ser Seungwoo, o irmão da Nana— Luizy se levantou rapidamente apertando a mão do garoto e olhou os dois irmãos —Seu pai me falou tanto de vocês dois, mas nunca pensei que viriam aqui.

—Como assim?

—Ué, eu sou filho do dono da empresa que vocês fecharam acordo e agora terei que passar mais tempo com vocês— ele sorriu sem ver o olhar de confusão e pavor na cara dos gêmeos.

—E por que temos que passar tempo com você?!— Nana elevou um pouco sua voz encarando o garoto que passava o braço pelo pescoço de seu irmão.

—Bom, o acordo constava que eu teria que ficar de olho em vocês para ver se vão vazar alguma informação ou algo importante, tanto sobre o acordo, seria eu ou dois brutamontes de seguranças— seu olhar alternou de Seungwoo para Nana —Quanto algo que vocês façam que possa manchar o nome da família e, consequentemente, o meu, algo como apostas, prostituição, rinha de galos— os olhos de Luizy se viravam se encontrando com os da garota sentada no chão —Rachas ilegais de motos, esta ficando cada vez mais famoso entre os adolescentes.

O silêncio entre os três era desconfortável, com que tipo de pessoa estavam lidando?

—Ah, tenho que ajudar meu pai com uma coisa, já volto— o garoto sorriu acenando para os dois irmão que ficavam para trás.

—Seungwoo— as mãos da garota tremiam contra o chão, tentando arranjar alguma força para se levantar —O que foi isso?

—Eu não sei, mas não vou deixar ele acabar com seu sonho, Nana— o garoto se aproximou da irmã, abraçando a mesma que se agarrou a blusa do mais alto —Mas por agora vamos limpar esse corte.

No fim da noite, os dois mais velhos estavam extremamente felizes e eufóricos, diferente de seus filhos. A cabeça de ambos estavam muito ocupada pensando no seu "novo amigo", ele sabia de alguma coisa.

—Nana, amanhã vamos no shopping— Yuri se virou com um sorriso, recebendo um olhar confuso da mais nova —Bom, você usou o vestido então eu achei que-— a garota riu com um tom desgostoso.

—Eu não usei o vestido por você Yuri, Seungwoo me pediu, eu já disse milhares de vezes que não gosto desses panos cheios de enfeites e brilho— a mão da garota tremia e Seungwoo a segurou —Eu não tenho obrigação de te agradar, você não é minha mãe.

—Nana! Olha o respeito!— Sangmin franziu a testa sem tirar os olhos da pista.

—Você quer falar de respeito sendo que não teve nenhum com sua antiga mulher? Irônico não? E ainda comenta de mim sobre pessoas que eu nem conheço, quer o que? Me fazer um casamento forçado?— Seungwoo, vendo o estado da irmã, passou o braço por seu pescoço, a puxando para seu peito, acariciando o cabelo.

—Já deu Nana, eles entendem seu ponto— a voz do gêmeo abafada contra sua cabeça estranhamente acalmou a garota, fazendo o silencio reinar no carro e no resto da volta para casa.

Ao chegar lá, Nana e Seungwoo foram os primeiros a saírem e a garota foi diretamente para o quarto, se jogando na cama. Após alguns minutos, a garota sentiu uma presença atrás de si.

—Eu sei que você ainda não dormiu, Nana— a voz do gêmeo soou de trás de si, fazendo a garota se virar —Tenta dormir com o corpo virado para a esquerda, não quero que você se machuque mais.

—Se eu conseguir dormir me lembrarei disso— uma risada fraca saiu dos lábios da garota.

—No entanto, sua maquiagem ficou boa— alguns segundos de silencio antes dos dois começarem a rir —Nunca pensei que falaria isso, mas aqui estamos nós.

—Mamãe me ensinou enquanto você dormia, não sei como me lembrei disso— Seungwoo se sentou na cama, passando a mão pelo cabelo da irmã.

—Você precisa dormir, ainda é quinta feira, amanhã vai ter aula.

—Eu realmente não consigo, Seung— algum tempo de silencio se instalou antes do garoto estalar seus dedos e se deitar na frente da garota.

—Vem cá— o garoto abriu os braços com um sorriso largo, fazendo sua irmã rir e se aproximar, sendo envolvida pelos braços do gêmeo.

—Você sabe que teria varias garotas que queriam estar no meu lugar, né?

—Só querem mesmo, nenhuma lá me chamou a atenção, agora tenta dormir, okay?

—Sim senhor comandante— uma risada saiu da garota que recebeu um tapa leve na nuca.

—Vai dormir peste.

Two-Ways RoadOnde histórias criam vida. Descubra agora