A mulher que eu me entrego, eu trago pro meu peito
Eu vejo medo em suas palavras
Vejo medo em seus segredos
(Poesia Acústica #1)PRESENTE
- Há quanto tempo, Spooky – o termo soava estranho quando dito por Amália. No passado, ele havia sido apenas Oscar para ela
- Você está ainda mais bonita, hyna. – ela gostaria de arrancar aquele sorriso grande e perfeito da cara dele.
- Você já foi mais original – desdenhou ela – E vejo que você saiu antes do esperado da prisão. Parabéns! Eu vou pegar mais uma bebida, com licença.
O coração de Amalia batia descompassado dentro do peito. Ela sabia que ele poderia aparecer na frente dela, a qualquer momento, mesmo assim, desde que soubera da soltura de Spooky, evitava passar em frente à casa dos Diaz, querendo adiar ao máximo o encontro que viria. Mas Amália tinha esperado, afinal, que ele não se dirigiria assim a ela, teria apostado que seria ela que o procuraria primeiro para dizer olá, se não houvesse tanto rancor.
- Me disseram que você está de volta a Freeridge, que você vai ficar. Que vai dar aulas na escola primária.
Ela pegava uma cerveja na geladeira e quase gritou de susto, mas se conteve a tempo. Oscar a tinha seguido até a cozinha, afinal.
- Esse é o plano. – ele podia ouvir a raiva cuidadosamente controlada, debaixo das palavras calmas. Ela não queria que ele estivesse ali, era evidente, mas de fato Oscar não conseguia se afastar. Era como se uma vida inteira tivesse se passado, uma vida inteira, para vê-la novamente.
- Parabéns, esse sempre foi seu sonho.
- Obrigada
- Eu soube do seu pai também, sinto muito.
Por um momento, ela ficou sem palavras, mas foi só por um momento
- Demorou três anos, mas antes tarde do que nunca, não é? – as palavras estavam carregadas de ironia.
- Eu estava preso.
- Ah sim. E você não podia ter escrito uma carta, ligado ou pedido para um dos Santos me dizer, não é?
- Amália, eu mandei um cartão. E uma coroa de flores
O cartão, daqueles comprados prontos, dizia apenas "Sinto Muito". Nada nunca lhe parecera tão frio e impessoal.
- Vete a la mierda – ela disse, entredentes. Mas Oscar também tinha quatro anos de raiva guardada e cultivada em seu peito, implorando para sair. Sua face endureceu em uma carranca, e agora ele era Spooky, o líder dos Santos.
- Você esqueceu com quem está falando? Acho melhor você mostrar algum respeito.
- Respeito? Você que esqueceu com quem está falando! – ela se aproximou mais dele, o dedo em riste quase tocando seu peito – Depois de tudo que eu fiz por você, você acha suficiente mandar uma coroa de flores no velório do meu pai? Um cartão que você mandaria para qualquer um? Eu salvei a sua vida! – e dessa vez ela o empurrou – Você me deve, seu desgraçado!
Automaticamente, ele pegou a mão que o empurrava, como era tão comum antes, antes de tudo. Ela tentou se desvencilhar, mas ele não deixou.
- Amália, eu não quis...– ele sussurrou em seu ouvido – Perdoname, cariño.
Os joelhos de Amália tremeram, porém o abraço de Oscar a estabilizou. Seu cheiro, familiar e distante a engolfou, a sensação doce e amarga de ali estar, fazia querer sorrir, fazia querer chorar. Percebendo o instante de vacilação, os lábios de Oscar procuraram os de Amália, devagar e delicadamente. Era como se o gesto alcançasse o desejo que ela enterrara: a mão livre de Amália agarrou sua nuca, e ela o beijou com toda a antiga paixão, como se o tempo não tivesse passado.
Tão abruptamente quanto o iniciara, ela parou. Oscar abriu os olhos sorrindo, mas os de Amália estavam marejados.
- Isso foi para você saber exatamente o que você perdeu. Não me procure mais.
Era como se o próprio ar tivesse deixado seu corpo. Dessa vez, ele não a impediu quando, com um puxão, ela se desvencilhou dele e saiu.
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My Ride or Die ✨OMB Spooky
FanfictionOscar e Amália. Spooky, líder da gangue Santos e a jovem professora Amália Turner. Uma década separam os amigos de infância e primeiro amor daquilo que se tornaram. Mas Oscar "Spooky" Diaz está de volta a Freeridge, assim como a recém-formada Am...