Capítulo 1

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— Eu encontrei o diretor da escola e ele me disse que estava muito satisfeito por ter contratada Amália.

— É claro que ele está, Amália se formou na UCLA. Quem iria querer dar aula naquela porcaria de escola com um currículo como da minha neta?

A neta em questão, Amália Turner, percebeu que era o momento de se envolver na conversa entre sua avó e Rosário, uma das maiores fofoqueiras do bairro.

— Não é bem assim, abuelita. Eu posso ter me formado em uma boa faculdade, mas não tenho experiência ainda. Estou contente pela oportunidade.

Os lábios da senhora Rodriguez se curvaram em muchacho de desprezo.

— Eu disse àquele imbecil para não dizer nada à Amália sobre a vaga, mas ele não me ouviu.

Imbecil era uma das maneiras que a avó gostava de se referir à Dwayne Turner, o irmão de seu falecido genro e tio paterno de Amália.

A jovem trocou olhares exasperados com a mãe, que estava pegando café e chá na cozinha. Não havia modos de conter a avó, pelo menos não um que Amália houvesse prendido.

Aquela era sua hora preferida do dia, a hora do café da tarde, estivessem as três mulheres sozinhas em casa, ou recebendo alguma visita, como era o caso. Amália tinha colocado sobre a mesa uma bela toalha verde com desenhos de flores rosas e pássaros coloridos, especialmente para a senhora Rosário.

— Gostou do bolo, Rosário? Eu que fiz — informou Maria Rodriguez Turner.

— Sim, querida, está muito bom. Você sempre cozinhou bem. — elogiou a velha senhora, enquanto se servia de mais café — Agora, vocês sabem o que mais o diretor me falou? Adivinhem quem ele viu essa manhã descendo no ponto de ônibus próximo à escola?

— Ponto de ônibus? Desembuche logo, Rosário, poderia ser qualquer um — ralhou a senhora Rodriguez

Rosário não ficou nada feliz com a bronca da amiga.

— Você, Dolores, passa tempo demais com aquela puta da Marisol, está ficando tão grossa quanto ela.

Amália quase cuspiu o café que tomava ao tentar segurar sua risada. Marisol Martínez, a quem seu primo Jamal e amigos chamavam de abuelita, era uma velha inimiga de Rosário, mas uma amiga querida da sua própria abuelita.

— E você faz muito mistério. Quem você viu, o Papa?

— Sacrilégio! Pois eu vi ninguém menos que Spooky. O cholo nem me cumprimentou.

A xícara de Amália caiu na mesa, o café derramado na toalha.

— Niña desastrada! — gritou abuelita, enquanto Maria tentava limpar o desastre com guardanapos.

— Eu vou pegar um pano! — disse Amália, correndo. O café que caíra na toalha respingara não sua mão, queimando-a, mas ela não sentia quase nada que não fosse o vazio súbito dentro do seu peito.

My Ride or Die ✨OMB SpookyOnde histórias criam vida. Descubra agora