Meu primeiro amor foi uma garota, ela quebrou o meu coração e minha saúde mental.
Janny era branca,alta de cabelos longos e escuros,nos conhecemos na oitava série quando eu comecei a me sentar perto do seu grupo na segunda fileira a direita na sala de aula,na época eu não sabia conversar e também não tinha com quem conversar,por isso ficava lendo. Janny era a única que falava comigo fora da sala de aula,ela não ia na minha casa e nem eu na dela mas se me visse na rua ao menos me cumprimentava, frequentemente ela tentava me inserir nas conversas,o que me deixava muito constrangida na maioria das vezes,mas não por causa dela, é que seus amigos também entravam na conversa e ficavam me zoando e como eu não sabia o que falar eu não falava nada ou reagia de forma grosseira.
Na época eu gostava de um garoto chamado Pedro, que era um dos melhores amigos dela,Pedro era apaixonado por ela mas ela não sabia,um dia ela descobriu que eu gostava do Pedro,mas não falou nada,nem sobre o assunto e muito menos para ele,o que fez ela subir no meu conceito pois ela respeitou minha privacidade e como sabia que eu era tímida não quis me deixar desconfortável falando sobre isso sem meu consentimento,porém um dia na aula de E.D física ela chegou para mim e disse "Fada o Pedro me beijou",na hora eu fiquei sem reação,então ela começou a me explicar que foi uma zoeira da parte deles,ela não havia consentindo ou ao menos queria aquele beijo,mas se sentiu culpada por saber que eu gosto dele,eu simplesmente falei "tudo bem" porque não havia ficado brava com ela,mas sim chateada,isso me mostrou como era fácil para algumas garotas conseguirem quem elas queriam,então eu pedi licença e fui para o outro lado da quadra,o mais longe possível e comecei a chorar,ela veio atrás de mim tentando me consolar,dando várias explicações sobre o que havia acontecido e eu acreditei,mas parei de gostar do garoto na mesma hora.
Um ano se passou e caímos na mesma sala novamente,ela já havia feito várias amizades mas não me deixou de lado,eu comecei a tentar falar mais porém ainda tinha problemas com meu descontrole emocional,o que me fez voltar a ser a "garota estranha" da sala de aula,mas algo estava diferente,ela começou a ter mais liberdade comigo,ir na minha casa e até foi comigo ao cinema assistir "a culpa e das estrelas" e eu finalmente estava começando a ter uma vida social.
Tudo estava mudando,com a adolescência chegando e ela começando a namorar,me apresentou um garoto amigo do namorado a qual tive meu primeiro beijo,ela me contava sobre eles,me fazia andar com eles,viramos melhores amigas,mas o problema começou quando eu comecei a gostar dela,pois eu era uma garota feia, insegura e depressiva que andava com a garota mais legal da sala, então para ela não enjoar de mim eu fazia tudo o que ela mandava,era como seu "bichinho de estimação",para onde ela ia eu ia,quando ela me mandava sentar eu sentava,falava vai buscar eu buscava e isso continuou por muito tempo.
No segundo ano do ensino médio caímos novamente na mesma sala e então ficamos ainda mais próximas,como a amiga dela que fazia cafuné na sua cabeça durante as aulas chatas caiu em outra sala eu virei a substituta,sim eu aprendi a fazer cafuné com tutoriais no YouTube só para poder agradar ela (Vergonhoso? talvez um pouco),com o tempo passando ela descobriu que eu estava em dúvida se realmente gostava de garotas, então ela me ajudou com livros,vídeos e contando suas próprias experiências que teve com uma amiga,o que me deixava muito desconfortável, quanto mais o tempo passava mais submissa eu ficava,eu também fazia os deveres de casa dela até o dia em que ela descobriu que eu estava gostando dela,ela levou na tranquilidade,não conversávamos sobre o assunto mas as coisas começaram a mudar,ela começou a falar mais sobre as experiências que ela tinha como outras garotas,me falou que beijou uma amiga nossa com detalhes e quando eu pedia para ela parar por estar desconfortável ela debochava de mim e ficava me provocando.
Algumas semanas se passaram e eu comecei a andar com algumas garotas da sala pois ela faltava com frequência e eu vivia ficando sozinha,eu não tinha muito senso do que realmente era a amizade então eu voltei a agir como quando eu estava na oitava série,fazia tudo o que me pediam só para tentar agradar as garotas,mas quando ela descobriu ficou muito brava,dizia que elas não estavam sendo minhas amigas e que só estavam me usando como capacho,eu não sabia se acreditava ou se ela só estava com ciúme, porque ela me tratava da mesma forma que as garotas, então quando eu falei o que achava ela me disse "Se você for falar com elas eu não vou mais falar com você" a princípio eu achei que ela estava brincando mas a realidade foi totalmente o contrário,ela não falava mais comigo,não me defendia quando seus amigos me zoavam e me lançava um olhar frio toda vez que me via,eu entrei em depressão,só dormia na sala,comecei a fumar,tinha crises de choro e ficava totalmente isolada.
Minha reação foi assustadora até para mim,me lembro com todos os detalhes daquela época,pois foi a única vez na minha vida que eu senti que poderia confiar em alguém,que essa pessoa não iria me julgar por ser como sou,eu finalmente conheci uma pessoa que me aceitou e vivia me falando "Você não está sozinha,eu estou aqui com você." e no final eu fiz ela ir embora. Quanto mais os dias passavam pior eu me sentia,eu comecei a fazer de tudo para chamar sua atenção,para que ela voltasse a ao menos ser minha amiga,até me confessei de uma forma totalmente constrangedora para ela,a única coisa que ela fazia era me olhar e falar que estava tudo bem,mas ela não voltava a falar comigo e eu ficava cada vez mais doente,não comida,não dormia,fumava,voltei a me cortar e desmaiava com frequência,eu não tinha com quem conversar,minha família não é a das melhores,todos me ignoravam ou não levavam a sério a minha situação,então tive que passar por tudo isso sozinha em silêncio.
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1999 (A eterna busca por uma identidade)
Short StoryPassar pela adolescência é algo difícil,ao contrário da ficção o colegial não é algo maravilhoso onde você sai com milhares de histórias boa e amigos para a vida inteira,no Brasil vários jovens saem da escola e sempre se perguntam "E agora?",eu fui...