Um dia ele me disse "Você é agarota mais burra que eu já conheci" e quando viu que eu realmente fiquei chateada ele me beijou.
Vamos chamar ele de Lucas,eu conheci o Lucas em um curso de teatro que eu resolvi frequentar ,semanas se passaram e eu fiquei amiga do irmão dele e de vários outros integrantes do grupo,o Lucas era um "Bad boy" tinha cabelo cumprido,usava jaqueta de couro e adorava rock,mas ele tinha um problema,ele tinha bipolaridade e muitas crises de raiva,fora alguns sinais nítidos de esquisofrenia,mas eu não me importava,porque ele era legal,gostávamos das mesmas músicas,desenhos,jogos e vários outros fatores que me fizeram ficar apaixonada com pouco tempo de convivência.
Lucas era muito tóxico, constantemente me deixava constrangida e me assediava psicologicamente. Ele gostava de uma garota chamada Mayara,ela também fazia parte do nosso grupo de amigos do teatro,eu também era amiga da Mayara e sabia dos sentimentos dele,mas eu também gostava dele e queria ver ele feliz,por isso tentava ajudar ele a conquistar a Mayara, fazendo encontros,dando dicas para Mayara de que ele gosva dela e até gastei meu próprio dinheiro ajudando ele a compra um presente de aniversário para ela. Dois dias antes do aniversário da Mayara nós fomos na feira do Brás achar algo legal para ela junto de outro amigo,eu e Lucas brigávamos bastante,pois naquela época eu sofria com depressão e também não sabia controlar a minha raiva,por isso quando ele surtava eu também surtava e chorava, mas no final relevava seus comportamentos odiosos,pois estava apaixonada e não sabia o que realmente era o amor,na volta para a casa eu estava muito abalada após uma briga em público com muitas ofensas no meio do terminal,fomos direto para a minha casa e quando chegamos começamos a conversar,Lucas era um garoto muito triste com pais conservadores,rígidos e preconceituosos,ele me contou que estava abalado e se sentindo muito sozinho,me contando várias situações e confusões dos seus sentimentos ele começou a querer chorar,mas tinha vergonha,pois seu pai sempre dizia para ele que "Homens não choram".
"Você pode chorar,não vou contar para ninguém" Digo com uma das mãos em sua perna.
Então Lucas começou a chorar,um choro doloroso que me fazia querer chorar também,porque eu conheço bem esse sentimento de solidão.
"Eu estou sempre sozinho,sou um fracasso,queria estar morto" Disse Lucas repetidas vezes com muitas lágrimas escorrendo pelos olhos.
"Você não está sozinho,olha para mim,eu estou do seu lado e nunca vou sair.Você não está sozinho!" Digo tentando olhar em seus olhos.
Quando ele olha para mim seu rosto está vermelho com lágrimas escorrendo por ele,seu cabelo bagunçado e sua feição triste me fez lembrar de mim mesma em alguns anos anteriores. Enquanto eu o abraçava ele continuou chorando com a cabeça encostada em meu peito,isso me deu um remorso tão grande que a partir daquele dia resolvi que nunca iria me afastar dele,pois não queria que ele se sentisse sozinho.
Tempos se passaram e a Mayara não quis nenhum tipo de relacionamento além de uma amizade com Lucas, então ele mudou,suas ofensas e assédios psicológicos continuaram e pioraram,com piadas sobre meu corpo,meus gostos e vivia constantemente me chamando de "Burra",essa palavra sempre me incomodou,porque eu era muito insegura e não tirava boas notas na escola,assim,quanto mais ele repetia mais difícil ficava em não acreditar nele e ele sempre me dizia "Eu só vou parar de te chamar de burra quando você parar de acreditar que isso é verdade",na época eu achava que era um incentivo da parte dele mas na realidade ele apenas estava se divertindo.
Mais semanas se passaram e ele descobriu que eu gostava dele, no entanto ao invés de demonstrar reciprocidade ou me rejeitar amigavelmente ele começou a usar isso contra mim,porque ele não demonstrava nenhum tipo de afeto comigo,me tratava como um brinquedo que ele sentia que poderia brincar do jeito que quisesse quando estava entediado,mas quando brigávamos e todos viam que eu estava nitidamente abalada ele me abraçava,era um pouco mais gentil,chegava bem perto do meu rosto quando eu estava chorando e perguntava "Você quer um beijo?",essa frase me deixava exitada,a possibilidade de eu poder beijar aquela boca carnuda nem que fosse por uma vez era uma delícia e ele sabia disso, porém eu nunca conseguia um beijo,tanto por vergonha e revoltada, quanto por indignação,eu não conseguia entender como ele apenas tinha coragem de só me oferecer beijos quando eu estava surtando.Mas um dia isso parou,porém parou da pior forma,eu estava deitada na minha cama e ele me mandou uma mensagem ,dizendo que iria parar de falar comigo,pois queria focar em outras coisas,que ele gostava de mim mas eu não era garota para ele,que um dia a gente poderia se ver de novo mas não era garantido e me bloqueou,quando vi aquilo fiquei em choque,não tive a oportunidade de responder,perguntei ao irmão dele e os nossos amigos o porquê de ele fazer isso,alguns disseram que talvez fosse por causa da Mayara,outros simplesmente não sabiam,na minha cabeça eu fui abandonada,pois havia me dedicado tanto a alguém que simplesmente me deixou sem ao menos me dar um motivo,fora que com o passar do tempo o irmão dele não falou mais comigo porque ele não deixava,os nossos amigos do teatro fizeram o mesmo e novamente eu entrei em depressão.
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1999 (A eterna busca por uma identidade)
ContoPassar pela adolescência é algo difícil,ao contrário da ficção o colegial não é algo maravilhoso onde você sai com milhares de histórias boa e amigos para a vida inteira,no Brasil vários jovens saem da escola e sempre se perguntam "E agora?",eu fui...