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Eu poderia chegar aqui e jogar tudo o que eu sinto em uma caixa escondida, entrar em tópicos que eu nunca vivenciei e ser uma pessoa engessada escrevendo sobre como viver não dói. Eu poderia dizer que a existência aqui na terra é um mar de flores e aconselhar às pessoas, por meio da minha história, para serem só um pouco mais insistentes no percurso para a felicidade, porque é tudo questão de, apenas, tempo. Eu poderia dizer que me sinto bem a todo o momento, que não me influencio por padrões e que não erro. Eu poderia dizer que estou intacta e que não há nada a temer porque a caminhada é feita em estradas de asfalto. Eu poderia, mas é mentira.

É mentira porque existem dias que eu sinto que não irei aguentar, que eu choro, me desespero e sinto o peso de existir. Me deito no chão do quarto e sinto que ali é o meu ápice, sem enxergar uma mísera fresta de luz para voltar à superfície. Me afogo em lágrimas e não existe nada que possa me salvar no momento. Sou estúpida com quem só quer meu bem, me irrito com coisas pequenas e dito coisas completamente incoerentes e sem compaixão. Minhas feridas ficam expostas, todas as minhas dores vêm à tona. E isso tudo concomitantemente à pressão exacerbada que ponho sobre mim - além das que o mundo me dá de presente. E é nesse momento que eu explodo. Explodo, mas tento não me culpar, porque eu só estou sendo humana. Não estou?

Então quero usar esse espaço, essa história, para mostrar que a pedra existe para todos - todo mundo tropeça e cai. Te dizer que viver não significa ser feliz o tempo todo e que às vezes precisamos surtar mesmo, só para externar os inúmeros sentimentos que pulsam em nós. Te dizer que suas inseguranças, muitas vezes, são parecidas com as das outras pessoas e que nunca passamos por uma granada totalmente sozinhos – sempre tem alguém passando pelo mesmo que ti, esse apenas está calado, como você. Quero te dizer que, por mais que o mundo da internet promova o contrário, ninguém é perfeito e sempre feliz como tweets animados demonstram. É tudo uma farsa e o ser humano vive em uma constante necessidade de mostrar para os outros que são fortes, que aguentam tudo e que erros são inexistentes. Mas é tudo realmente uma farsa. Somos vulneráveis. Choramos, caímos, nos desesperamos, somos ignorantes, cometemos erros, mas, levantamos. E é tudo sobre isso, no final.

Eu poderia chegar aqui e escolher exibir minha epiderme, uma pele que aparentemente é perfeita e que as dores não são visíveis. Mas eu resolvi me abrir, me deixar exposta, para que você veja minhas falhas, minha hipoderme, todos os meus órgãos, veias e circulações sanguíneas. Para que você me enxergue como você. Como Louis e Harry.

E para entender, também, que não somos tão diferentes uns dos outros. Todos nós andamos pelo mundo em uma constante guerra. Uns mais que outros, mas é importante lembrar que nenhum de nós está inato à bomba.

Sejam bem-vindes à Crisálida.

crisálida. {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora