capítulo oito.

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"menino eu te fiz essa canção
pois sempre que eu te vejo acelera o coração
me bate um desejo de pegar na tua mão
e te conhecer".
pequena flor - gabriel elias

— Harry, pegou a cesta com as frutas? — Isabelle perguntou ao passo que andava até a porta entupida de coisas na mão, essas que iam de toalhas com estampa de morango a guarda-chuvas de unicórnio.

— Peguei! — Respondeu, também indo em direção a porta, esperando William aparecer. Assim que esse o fez, Harry e Isabelle só faltaram bater palmas.

— O que foi?... Eu não podia usar? Me desculpa.

William estava vestido com suas roupas usuais, mas seu visual diferia em apenas uma peça: um bucket hat de sapinho amarelo que ele havia encontrado na caixa de piquenique da família.

— Óbvio que podia!!! Você está lindo, meu amor. Pode ficar para você, aliás! O Harry não usa, acha feio.

— Acho feio em mim, mãe, é diferente. No Will está lindo. — Harry respondeu, ainda ao meio de seu transe.

— Obrigado...

— Disponha, meu amor! Se quiser mais alguma coisa da caixa pode pegar, viu? Não abrimos ela há um tempão, decidimos abrir agora só porque você está aqui.

— Tá vendo, Will? Você é especial.

O elevador chegou e, então, a entrada nele com todas as coisas que os três tinham em mãos suprimiu a resposta de William. Ele suspirou aliviado, afinal não queria discordar de Harry em bom e alto som.

Seguiram para o Monte Serrat da mesma forma de sempre: De vidros abertos, sentindo o vento nos cabelos, cantando músicas e conversando sobre baboseiras, o intercambista presenciando as brincadeiras/farpas dos que estavam nos bancos da frente, também.

Quando estavam na Orla, prestes a pegarem a Pituba, William desatou um grito:

— NÃO!

— O que houve?? — Os dois, que estavam com o olhar linear na avenida, viraram de imediato para o garoto, esse que estava acabando de terminar um suspiro profundo, o olhar já pacífico.

— Desculpa. É porque tinha uma sacola na rua, ela parecia estar com algo dentro e talvez seja importante para alguém. Fiquei com medo de passarmos por cima.

— Ei que coisa linda! Mas, Will, você sabe que está no meio da rua e que, mesmo que não tenhamos passado por cima, outra pessoa pode passar, não é?

Ele balançou os ombros.

— Eu sei, Harry. Mas pelo menos não irei carregar culpa. Fiz o que pude. Não consigo salvar tudo.

O Monte Serrat estava igual a todos os domingos no horário em que o sol dá tchau para um hemisfério, com inúmeras famílias sentadas em sua grama estupidamente verde, cachorros correndo de um lado para o outro, carrinhos de sorvete em todos os metros quadrados possíveis e muitas, muitas câmeras que tentavam, com muito afinco, captar o que seus olhos enxergavam.

Os três sentaram no lugar mais afastado que encontraram e começaram a ajeitar tudo que haviam levado, estirando as toalhas no chão e colocando milimetricamente as frutas, biscoitos, sucos e bolos no exato lugar que deveriam ficar — na concepção de Isabelle.

— Esse seu perfeccionismo é demais às vezes, mãe.

— Eu sei! Concordo. Mas fazer o que? Não consigo mudar.

crisálida. {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora