E se você se apaixonasse pelo seu melhor amigo?
Durante quase toda a vida de Cristine, Arthur estava presente. E não tinha como ser diferente, já que os pais de ambos são amigos e vizinhos, os dois nasceram quase na mesma época e (como se todo o res...
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De todos os loucos do mundo, eu quis você Porque a sua loucura parece um pouco com a minha
De todos os loucos do mundo - Clarice Falcão
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Caminho para fora do quarto, ocupada em conferir se tudo o que preciso levar para o shopping está dentro da bolsa.
Dinheiro, ok. Celular, ok. Maquiagem para o caso de precisar retocar…
— Você comeu pizza ontem a noite? – Paro de fuçar a bolsa quando ouço a voz da minha mãe atrás de mim.
Viro e vejo a caixa de pizza que dispensei hoje de manhã na lata de lixo da cozinha em sua mão esquerda. Sua cara não nega a chateação.
É incrível como nada passa despercebido pelos olhos da matriarca da família Araújo.
— Onde a senhora achou isso?
Ela ignora minha pergunta.
— Não deveria ficar comendo esse tipo de coisa tarde da noite, Cristine. Isso é péssimo para a saúde. E essa já é a segunda vez essa semana que você come besteira escondida no seu quarto.
— Não é escondido – rebato. — O Arthur que trás para mim e eu… simplesmente não resisto – justifico.
Arthur tem a mania maravilhosa (ou péssima, de acordo com minha mãe) de me consolar com comida quando estou triste ou ansiosa. E nas últimas semanas eu senti as duas coisas com uma frequência maior que o normal. Primeiro eu não consegui comprar os ingressos, depois uma das minhas amigas se perdeu na mata durante a excursão do nosso colégio e, por último, teve a decepção de ontem.
Talvez eu tenha exagerado um pouco na quantidade de pizza.
Sorrio e os olhos da minha mãe se estreitam em uma fenda.
— Eu estou de olho em você, mocinha. E nas suas irmãs também. A vida de vocês é comer porcarias – ela resmunga. — Espero que não aproveitem que eu não estarei aqui no fim de semana para se empanturrarem de pizza de novo, como da última vez.
