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Procurar um emprego novo não era fácil.

Mais complicado ainda para Lee Ji-ae, que não era uma Coreana nata.

Sua nacionalidade dupla foi resultado de seus pais serem de lugares diferentes; sua mãe era francesa e o pai coreano. Não era uma coreana padrão, porém algumas de suas características a entregavam.

Nasceu na Coreia do Sul, mas viveu a maior parte da sua vida na França. 

Depois de uma viagem de volta ao outro continente, se apaixonou por completo e decidiu se mudar para lá, assim que terminasse o seu último ano da escola. Seu avô paterno adorou a ideia, ambos sempre foram muito grudados e ter a companhia da neta todos os dias, não era uma má ideia. Os pais relutaram bastante no começo, mas felizmente a garota conseguiu convencê-los; afinal, ela estaria em uma ótima companhia.




Hoje completam 3 dias que Ji-ae tinha se mudado. De fato não era um ambiente familiar, apesar de ter nascido ali e tinha certeza que iria demorar bastante para se adaptar ao local.


Depois de uma manhã cheia e maçante, entregando diversos currículos, a garota chegou em casa, totalmente exausta.

— Empregos de meio-período deveriam ser fáceis de arranjar... 

Apesar de ainda não ter ideia para faculdade, gostaria de manter as próprias economias e não depender totalmente de seu avô. 

Assim que o viu sentado na mesa, selou o topo de sua careca e depois, o mais velho retribuiu, deixando um na palma de sua mão.


A relação dos dois era a mais linda de se ver. 

A própria Ji-ae dizia que ele era a sua pessoa favorita no mundo e estava certa de que era recíproco.


— O senhor já comeu? — Deixou a bolsa em cima de uma das cadeiras e arqueou a sobrancelha direita.


— Ji-ae! Estava te esperando para almoçarmos juntos. — Seu olhar dócil era o que mais cativava a menina, que sempre o admirava com tanto carinho.


— Esperou muito? Não fique muito tempo sem comer por minha causa, ouviu? — Sorriu em largura, antes de correr para preparar o almoço dos dois.


Arriscou-se à fazer tteokbokki, um clássico; que apesar de ser tão simples de fazer, deixou a cozinha à um ponto de entrar em chamas. No final, seu avô acabou rindo de seus resmungos baixos e daquele snack levemente queimado, pois era ela que tinha insistido tanto em cozinhar, mesmo sem experiência alguma. 




— Vou te levar para conhecer a vizinhança! Cuidamos da louça mais tarde. — Depois de terminarem de comer, o mais velho recolheu os pratos e os levou correndo até a pia.


— Ah...estou bem aqui. — Ela se escorou na cadeira, com um biquinho.


— Nada disso! Já comentei com os vizinhos que a minha linda neta veio morar comigo. — Voltou à se aproximar e cutucou o seu ombro. — Tenho que me gabar sobre, e ainda mais, aproveite para fazer alguns amigos!

LE CHATON FOUINEUR - Choi SanOnde histórias criam vida. Descubra agora