Muito obrigada pelos votos e comentários. Espero que estejam se apaixonando pelo Kailan e o Ethan tanto quanto eu!
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A Sra. Naomi era uma mulher incrível e doce, ela me mostrou a casa, mas não me levou para fora das grandes paredes, pois o Sr. Petrov não havia dito nada sobre eu poder sair, todavia falou como o Sr. Petrov era gentil com todos, as desavenças que a mãe dele criava e a forma como ela era cruel com todos.
Assim que coloquei o uniforme de manhã, Naomi me serviu um café da manhã reforçado e me mostrou as tarefas do dia que incluíam limpar o banheiro do Sr. Petrov e seu escritório.
A primeira tarefa foi simples, mas a imensa pilha de livros me deixou extasiado. As capas com letras douradas, os títulos quase como promesas de te levar para outros mundos, como portas que te levam a liberdade, mas logo após a última página te fazem regressar ao doloroso real.
Estou tirando o pó do último nicho quando sinto a mão de Kailan no meu ombro e meu cérebro parece não conseguir pensar direito quando vejo aqueles olhos azuis e o sorriso singelo.
Sentir as mãos de Kailan ao redor de meu corpo foi uma das melhores e piores sensações que tive ao longo desses anos. Meu coração deseja ardentemente o toque suave dos lábios dele nos meus, minhas mãos anseiam o toque em seus cabelos, mas minha mente retorna ao Sr. Hecken, meu antigo dono. A forma bruta como me segurava até ver lágrimas nos meus olhos e como suas mãos calejadas machucavam meu corpo. Todas as lembranças ruins voltaram como uma avalanche antes que eu pudesse evitar, mas o olhar de Kailan e a forma como suas mãos alisaram minhas costas enquanto eu chorava em seu peito ouvindo o som das batidas de seu coração fazia com que as milhares de cicatrizes em minha alma começassem a sumir aos pouquinhos. Talvez eu pudesse confiar nele.
Saí do escritório com as inúmeras sacolas de roupas que Kailan comprou para mim, deixando-o sozinho lá dentro para que pudesse trabalhar. Levo as roupas até o quarto dos funcionários que Naomi me mostrou. Cada um de nós tem uma cama e um baú para guardar o que quisermos, além do grande armário no banheiro onde são colocados os uniformes. Passo pelas camas arrumadas e vazias e paro na minha, abrindo o baú de madeira simples, depositando cada peça lá dentro depois de dobrá-las com carinho.
O sino do jantar toca e me direciono para a cozinha. Ajudo a colocar a mesa principal e aguardo a chegada de Kailan. Alguns minutos se passam e uma mulher por volta de 50 anos com cabelos claros se aproxima. O vestido preto marca o corpo esbelto, mas a ira deformando seu rosto me faz olhar para o chão imediatamente. Todos ao redor ficam tensos quando ela se senta em uma das pontas da grande mesa. Há movimento ao lado dela e levanto os olhos levemente para ver um escravo de aparência cansada servindo vinho de um decanter de cristal sobre a mesa em uma taça e entregando a ela, ajoelhando-se a seu lado logo em seguida.
-Onde está meu filho?
Levo um tempo para assimilar que a pergunta é direcionada a mim.
-Está no escritório, senhora. - forço as palavras a saírem.
-Mande-o descer imediatamente.
-Sim senhora, com licença senhora.
Afasto-me devagar até estar fora de vista e corro escada acima em direção ao escritório do quarto. Bato na porta do quarto, mas não há resposta então entro. A porta do escritório também está fechada, então bato e ouço a voz rouca de Kailan mandando-me entrar.
Ele está sem paletó, com as mangas da camisa dobradas até os cotovelos e os cabelos desgrenhados. Sua mão direita escreve algo rapidamente em um caderno aberto sobre a mesa e seus olhos estão fixos nele.
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Lançados à Sorte
RomanceEm um país distante, leilões de escravos são feitos livremente para as famílias mais ricas e poderosas. Os terceiros filhos das famílias pobres são dados para este tipo de prática em troca de moedas de ouro que garantem o sustento durante muitos ano...