Capítulo 4

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Enquanto ainda contava a história, Mia estava lutando contra si mesma para não dormir.

— Mia? — Quando chamo por ela, já havia caído de sono no sofá.

Me levanto e a pego pelo braço, eu podia ser velha mas ainda tinha forças para levanta-la.

— Vó? — Fala Mia sonolenta enquanto a levava para o seu quarto.

Já era 5:30 da manhã e já não tinha mais sono. Depois de colocar Mia em sua cama, fui até a cadeira de balanço que tinha em minha varanda.

— Isso me fez me lembrar algo — Fala meu marido se aproximando de mim.

— Também me faz me lembrar — Falo rindo e apreciando o nascer do sol.

— Ainda tenho aquela foto que você me deu, aquele nascer do sol nossa, estava belo — Ele se senta ao meu lado na outra cadeira.

— O nosso primeiro beijo haha — Rimos.

— Que tal voltarmos para lá? Quero comer aquele bolo da cafeteria próximo a torre — Fala ele.

— Não temos mais idade para isso querido, já não temos nossos 20 anos — Falo tocando nas costas de sua mão.

— Tudo podemos querida, mesmo não indo, podemos imaginar e reviver aqueles momentos — Ele pega minha mão e beija a mesma.

— Me lembro quando fui para aqui pela primeira vez, faz anos mas me lembro como se fosse hoje...

06/03/1992

— JK, é amanhã!! — Depois daquele dia, eu e JK conversavamos todos os dias. Mesmo que nós tivéssemos nos conhecido a pouco tempo, parecia que já éramos amigos a muito tempo.

— Queria ter ido no mesmo tempo que você, mas eu já havia pagado a passagem — Ele fala ao telefone — Estarei esperando por você no aeroporto.

JK já estava em Seul enquanto eu tinha ficado em seu apartamento para me programar melhor. Malas prontas e o coração a mil de tão animada que eu estava.

— Que horas são aí? — Pergunto

— São 5:00 da manhã aqui — Ele fala sonolento.

— Meu Deus me desculpa te acordei nessa hora.

— Sem problemas, você é melhor que um despertador — Ele ri.

— Engraçadinho...bem eu vou terminar algumas papeladas agora e depois eu te mando notícias.

— Está bem, cuidado o.k? — Fala ele.

Depois de terminar a ligação, ouço batidas na porta. Quando abro era Afonso.

— Vitória? O que faz aqui? — Ele se espanta ao me ver.

Eu só havia passado 5 dias escondida no apartamento de JK que havia ido para a Coreia dois dias antes.

— Oi Afonso — Falo seca.

— Você não me respondeu! — ele começa a se alterar.

— Olha, eu não devo satisfação a você! Não temos mais nada um com o outro.

— Não fale isso! Você é minha noiva!! — Ele se aproxima e eu impeço a passagem.

— Se você se aproximar mais ainda eu grito — Ameaço.

— Acha mesmo? — Ele entra com toda a força e antes que eu pudesse gritar ele tapa a minha boca.

Ele bate a porta e me joga no chão. Ele vai a procura de JK pela casa, enquanto eu pegava o telefone e ligava para a polícia as pressas.

— Hé?? Meu apartamento foi invadido, caso de violência doméstica e invasão a domicílio — Falo quase susurrando antes que ele voltasse.

Quando ele já voltava desligo o telefone e escondo debaixo da mesa. Me levantando do chão ele agarra meu pulso me levando para fora.

— ME SOLTA!! — Eu lutava contra ele, mas era impossível. Até que mordo a mão dele me fazendo cair.

— VITÓRIA!! — Ele tenta me segurar mais uma vez mas corro pelo apartamento.

— SAI DAQUI AGORA!!! —  Antes que ele pudesse novamente me pegar, alguém aparece na porta.

— Police française, foi aqui que pediram ajuda? — Dois policiais aparecem entrando no apartamento.

— É ELE!! LEVEM ELE — Grito.

— Você....ligou para a polícia??? — Fala Afonso apontando o dedo pra mim — Sua vaca... — Antes que ele pudesse se aproximar de mim, os policiais o prendiam.

— O senhor está preso por invasão domiciliar e violência doméstica — Fala um dos policiais.

— Como é que é?? — Ele ri ao ouvir — EU NAO BATI EM VOCÊ.

— Serve ele ter segurado o meu pulso a força e ter me jogado no chão? — Falo.

— Sim senhorita, quer prestar queixa? — Fala o policial.

— Não, não será preciso — Falo.

— Nossa, devo agradecer essa misericórdia sua?? — Fala Afonso.

— Não, você não merece nada. Eu não estarei aqui, vou embora amanhã mesmo, para bem longe de você.

— Eu vou te achar sua vaca!!!!

Depois de toda aquela confusão, eu terminava de ajeitar minhas malas e olhava e olhava meu passaporte e visto.

Logo após terminar as malas, pego a chave do apartamento de Afonso, algumas coisas minhas estavam lá. Abrindo a porta do apartamento, o lugar fedia a álcool. Garrafas de cerveja rolando no chão, a pia da cozinha atolada de louça, um verdadeiro chiqueiro. Quando entro no quarto em que havia ficado, estava do mesmo jeito, limpo. Pego minhas últimas roupas que haviam ali e o retrato dos meus pais.

— Mãe, prometo que trarei grande orgulho....Pai, sinto muito, mas casamento não é o meu foco. — Coloco tudo na minha mochila e volto novamente para o apartamento de JK.

O Segredo de 1992 - Triângulo AmorosoOnde histórias criam vida. Descubra agora