Capítulo XIX

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P.O.V. Daniel A. Harvery

Eu e meu irmão não nos víamos há quase sete anos. Sua ambição de chegar ao topo o fez ignorar a família e os antigos amigos. Da última vez que nos falamos, só brigamos. Eu tentei chamar sua atenção para o fato de ele estar se metendo em problemas atrás de problemas e trazendo problemas não só para si, mas também para todos que ele conhecia. Nossa mãe não pedia nada além de momentos em família, e ele nem aparecia para o jantar de Ação de Graças. Nos últimos dias de sua vida, ela me fez prometer que não o abandonaria, mas também que não permitiria que ele me levasse a viver a mesma vida de erros e pecados. Conversar não adiantava mais, então me afastei. Embora tivéssemos tantos problemas, eu ainda sentia falta dele. Ele é a única família que me resta.

Quando o vi na porta, fiquei surpreso. Eu não sabia de suas conexões com Andrew.

"Senhorita Lynch, que prazer revê-la", ele disse de forma sarcástica.

Ella não respondeu e parecia incomodada com a presença dele. Seu rosto ficou vermelho demonstrando raiva, mas seus olhos pareciam assustados.

"Vocês já se conhecem?" Helena perguntou, mesmo debilitada, assumindo uma postura de atenção.

"Você não contou a eles, Ellie? Nos conhecemos no incidente em sua casa, quando eu era detetive, mas nos reencontramos em Istambul", ele se gabou.

"Mãe, ele tentou me matar no hotel. Ele deve ter descoberto, ele queria a chave do depósito", Ella respondeu entre dentes.

Assim que Helena ouviu isso, entrou no quarto e ficou entre Ella e meu irmão, como se quisesse protegê-la.

"Tentou matá-la e mesmo assim apareceu quando Andrew te chamou? Você não é tão burro assim", comentei.

"Sim, resolvemos as coisas de uma maneira interessante. Helena, Helena, sua pequena Ellie não é mais uma menininha", ele respondeu, quase gargalhando.

Não acreditei em suas palavras, mas quando me virei, ela não conseguiu me encarar nos olhos.

"Ele tentou te matar e você dormiu com ele? Dormiu com meu irmão?" Eu me levantei da cadeira, com tanta raiva que quase arranquei o soro de seu braço. Helena sentou-se na cama, arrumando-se.

"Não foi assim, Dan, e eu não sabia que ele era seu irmão. Você fez questão de não me contar nada sobre isso, na verdade, fez questão de não me contar nada", ela respondeu com o mesmo olhar assustado.

"Então, era isso que você ia me contar quando conversamos mais cedo?", perguntei, quase gritando. Ela assentiu com a cabeça.

"Acho que estamos repetindo a mesma história, irmão. Lembra quando nos apaixonamos pela mesma garota no colégio? Mas dessa vez, você chegou bem atrasado".

Eu já havia me esquecido do quão irritante ele era. Ella segurava as mãos em silêncio, sabia que estava nervosa. Ela fazia isso quando tentava se esconder. Minha expressão de nojo fez com que ela desviasse o olhar. Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, eu o socei com toda a força que pude reunir. Ele perdeu o equilíbrio e caiu sobre alguns itens que estavam em um móvel ao lado da porta. Quando se levantou, passou os dedos sobre o corte abaixo do olho esquerdo, percebendo o sangue sobre os dedos.

"Pelo menos não bate mais como uma menina", ele disse sorrindo, enquanto tentava revidar o soco. Me abaixei e soquei duas vezes suas costelas, fazendo-o perder o ar.

"Eu deixei de ser seu saco de pancadas há muito tempo", respondi, sentindo-me orgulhoso.

"Dan, por favor, estamos em um hospital. Pare com isso", Ella pediu.

Quem É Ella Lynch?Onde histórias criam vida. Descubra agora