Capítulo II

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"Meu Deus, Ellie, onde você está? Está tudo bem?", Zara perguntou ofegante.

"Estou em casa, não se preocupe." Minha voz saiu firme e controlada.

Zara me conhecia o suficiente para saber que algo estava errado com apenas um olhar. Não quero que ninguém saiba sobre o que está acontecendo. Eu mesma quero entender tudo. Suspirei aliviada por não estar falando com ela pessoalmente.

"Está passando mal? É uma emergência? Por que não me avisou que não viria trabalhar? Fiquei preocupada", ela perguntou, provavelmente andando de um lado para o outro.

"Ei, respira, ok? Estou bem. Tinha me esquecido que hoje é meu exame periódico com o ginecologista, mas avisei nosso chefe assim que me lembrei. Ele me deu o dia de folga." Mesmo com a mente cheia de pensamentos, consegui elaborar uma bela mentira.

"Estou no consultório, é minha vez de entrar. Posso te ligar mais tarde?" Perguntei antes que ela pudesse fazer mais perguntas.

"Me ligue assim que estiver em casa, entendeu?"

"Sim, senhora." Respondi ao comando da general e desliguei. Sei que ela se preocupa muito comigo, mas às vezes sua superproteção e vigilância me deixam sem saída. Por enquanto, quero lidar com uma coisa de cada vez.

Depois da conversa que tive com o detetive Harvery, muitas coisas ficaram confusas. Desde então, tem uma viatura da polícia parada na rua da minha casa. Ele solicitou isso, pois achava que o intruso poderia acabar voltando. Mas por quê? Se quisesse me matar, teria feito isso enquanto eu dormia na sala. "Me matar?! Quem eu sou agora!?" Não pude deixar.

De sorrir enquanto pensava nisso, ninguém jamais teria motivos para querer me matar. Talvez seja coisa da minha cabeça, mesmo assim não consigo parar de pensar que ele me conhecia. Devo comparecer à delegacia hoje para abrir um boletim de ocorrência e, segundo o detetive, responder algumas perguntas.

Passei uma hora deitada na minha cama, encarando o teto do meu quarto, imaginando e fazendo suposições. Pouco antes das nove e trinta, levantei e fui direto para a cozinha fazer café. Memórias da noite anterior me fizeram parar exatamente onde o intruso estava quando acordei e o vi me encarando. Uma onda de arrepios me atingiu ao imaginar quanto tempo ele esteve ali me observando enquanto eu dormia. "Tarado", acabei dizendo em voz alta.

Depois de tomar café e um belo banho, me arrumei e chamei um Uber. Estava usando um vestido preto que ia até a metade da coxa. Nunca gostei do estilo, mas me deixava com um ar mais jovial. Meu Allstar, que por sinal combinava com o vestido, observei no espelho. Mesmo pesando sessenta e sete quilos e tendo um corpo bem distribuído, eu continuava achando que precisava emagrecer. Meu celular vibrou com a mensagem do motorista. Peguei minha bolsa e saí. O caminho até a delegacia foi curto.

"Senhorita Lynch, estava à sua espera", disse o detetive sorridente assim que atravessei a entrada do décimo oitavo distrito.

"Por aqui, por favor."

Ele gesticulou em direção a uma sala com a inscrição 'interrogatório' na porta. A delegacia era grande e barulhenta, tinha um cheiro estranho de café, rosquinhas e alvejante. De onde estava, pude ver a antiga mesa do detetive Black. Estava vazia, com seu nome e sua caneca favorita sob a mesa.

Acompanhei o detetive até a sala. Seu perfume era forte. Estava usando uma calça preta, uma camisa social branca perfeitamente colocada por dentro da calça, com as mangas dobradas até o antebraço, e o colete, da mesma cor da calça. Seus músculos muito bem definidos marcavam sua camisa. O cabelo, como antes, mais curto dos lados e totalmente penteado para trás. Ele tinha o maxilar largo e bem definido, olhos castanhos. Tinha feições de oriental, talvez algo herdado dos avós, por mais que seu corpo exuberante chamasse atenção, seu sorriso também se destacava. Era radiante, é impossível não sorrir de volta.

Quem É Ella Lynch?Onde histórias criam vida. Descubra agora