Capítulo 10

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Acordo aos poucos. Tento lembrar dos eventos da noite anterior enquanto reorganizo meus pensamentos e acabo lembrando que dormi no sofá, o que é estranho já que parece muito mais confortável que ontem. Sinto minhas pálpebras descolando enquanto esfrego os olhos. Quando finalmente estão abertos, dou de cara com Jonathan me observando deitado em minha frente... em sua cama!

- Eu não acredito! - Me levanto em um pulo.

- Bom dia! - Sorri e põe os braços atrás de sua cabeça. - Eu disse que não ia deixar.

- Você é totalmente inacreditável! Nossa, nossa! - Cubro o rosto com minhas mãos. - Eu te odeio!

Ele ri. Aquele som diabólico penetra minhas veias,
me fazendo sentir um profundo ódio, um ódio tão forte que a única coisa que consigo fazer no momento é rir. Jonathan franze a testa enquanto eu rio igual a uma louca.

- Está vendo só? Você está me deixando maluca! -Enxugo algumas lágrimas que caíram. - Estou rindo de stress!

Olha para mim, se levanta da cama e, rapidamente, caminha em minha direção enquanto paro de rir.

- M-me desculpa, eu não sabia que eu ia te irritar assim... Da próxima vez, te deixo aqui sozinha e durmo no sofá.

Tento protestar, porém quando dou a miserável tentativa de abrir a boca, ele me silencia com o dedo e fixa seus olhos castanhos nos meus. Não posso negar que foi um encontro adorável de dois pares de olhos. Um par de olhos azuis com um leve toque de curiosidade e outros castanhos, de um tom bem... intenso...

- Você é minha convidada de honra, jamais te deixaria dormir no sofá. - Dá um sorriso, revelando suas adoráveis covinhas.

Por um momento, esqueço completamente da minha raiva. O sentimento frustrante foi substituído por um frio na barriga repentino, algo totalmente inesperado para aquele momento de ódio. É como se faíscas saíssem de meu peito, algo estranho e familiar. Continuamos nos encarando por alguns segundos quando, finalmente, aceito minha derrota. Ele só está tentando ser legal, não há segundas intenções e, pelo o que eu percebi, Jonathan realmente se preocupa comigo. Nos dois dias que se passaram, se preocupou comigo em cada coisa que eu fazia. Assinto, respiro fundo e digo:

- Tudo bem. Só vou aceitar o que você está dizendo esta vez.

Ri e atmosfera entre nós fica calma novamente.

- Então, pronta para mais um dia extremamente divertido com seu velho amigo Jonathan Rodriguez? - Se afasta e começa a arrumar a cama.

- Nossa, mal posso esperar por isso. Literalmente desmarquei toda a minha agenda. 

De repente me lembro que deixei uma de minhas malas no carro. Droga, se ao menos eu tivesse minhas chaves... Sr Walker!

- Sim! Sim! - Exclamo.

Uma luz surge no fim do túnel, e se ele tiver uma cópia da chave do apartamento?

- O quê? -Jonathan pergunta confuso.

- O proprietário do apartamento, certamente deve ter uma cópia das chaves. Preciso ver meu celular agora! - Saio do quarto como uma desesperada. Sinto Jonathan me seguir.

- Han... Eu não queria acabar com sua alegria, mas eu acho que seu telefone está... - Diz enquanto andamos até a cozinha.

Agarro o objeto que estava na bancada.

- Sem bateria! Merda!

Cubro minha boca no mesmo instante. Obviamente, ele ri.

- Deixa eu adivinhar, santa? - Revira os olhos com um sorriso de desdém.

O desencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora