Devil is in your eyes

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O cheiro de whisky se mesclava ao de sexo e a luz baixa do quarto deixava a visão de Taehyung cada vez mais turva. Se surpreendia com as novas reações que Seokjin lhe entregava naquele momento. "Faz o que você realmente quer", foi o que ele disse mais cedo naquela madrugada. E se Taehyung tivesse mera noção do que aquilo significava na prática, talvez não tivesse perdido tanto tempo com sua ridícula mania de tentar parecer menos leviano.

A pele exposta de Seokjin já não era tão alva como antes. Seus dentes estavam marcados ali, seus dedos, e seu quadril mantinha o ritmo intenso que os gemidos do outro confirmavam ser o que ele realmente queria. Todas as frases baixas e sujas ditas anteriormente nem se faziam necessárias naquele momento. Não precisava confirmar nada, entender nada, só queria foder Seokjin como nunca havia feito antes. Como desejou desde a primeira noite em que aquele homem entrou pela porta do 304.

Sentiu o coração parar, depois voltar a bater de uma forma totalmente diferente. E a partir daquele dia, era difícil não analisar todo e qualquer aspecto quando estava com ele. Não queria errar, não queria dar chance a ele para que decidisse parar. Não suportaria não ter Seokjin. Mesmo que a maneira que o tinha, era basicamente não tê-lo.

Seokjin era dele por dois mil e setecentos dólares. Entre aquelas quatro paredes. Fora dali, ao menos sabia se seu nome era mesmo Seokjin.

Por isso, se entregar aos seus desejos mais crus e intensos parecia tão surreal para Taehyung. Estava começando a caminhar até a beira do abismo. Sabia disso. Quanto mais deixasse que sua necessidade por ele fosse saciada, mais ela cresceria. Talvez fodê-lo apenas com carinho fosse menos perigoso, do que fazer aquela sede se tornar ainda mais controladora.

Porque sem ao menos saber, Seokjin o controlava feito um boneco. E assim como disse anteriormente, ele era tudo. Tudo que a vida banal que levava o fazia desejar no fim do dia. Sunhye era uma das mulheres mais lindas que já conheceu, e era dedicada a ser perfeita, ou ao menos parecer. Mas nunca lhe causou metade das sensações que Seokjin conseguiu causar sem nem tocá-lo. E sobre toques, seria covardia comparar.

Seokjin o levava ao inferno e o fazia gostar e querer ficar.

É o próprio demônio.

As mãos seguraram com ainda mais firmeza o quadril empinado para si, enquanto ele se desfazia mais uma vez no interior apertado e maltratado que se contraia envolta do membro duro. Gozava pela terceira vez, e com certeza gozaria quantas vezes mais Seokjin quisesse.

A visão do garoto amolecendo sob si, suspirando de cansaço, era o que ele queria ter todos os dias, todas as manhãs, noites, madrugadas. O que fosse. Só queria Seokjin, em todos os lugares, de todas as formas.

Acariciou a pele avermelhada e o virou para si. Observando o rosto suado, a boca inchada, os olhos marejados. Uma bagunça causada por si. E ele gostava muito da nova sensação de poder. Afinal, não era só Seokjin que podia deixá-lo completa e totalmente entregue. Ele também podia.

A cama estava suja, e em outras ocasiões eles teriam apenas levantado, trocado um selar e se separado. Mas naquela não, pouco importava se a porra dos dois estivesse espalhada por todo o lençol, ele não deixaria Seokjin ir a lugar nenhum. O queria em seus braços, queria sentir a respiração descompassada, o peso do corpo cansado. Ficaria com ele ali, no infinito do quarto 304 e mais nada importava.

Seokjin se aninhou no peito de Taehyung e o beijou com os lábios quentes. Os dedos magros se arrastavam pela derme arrepiada e ele sorria inconsciente. Era aquele homem que ele queria desde o começo. Porque ele sabia que por trás daquele medo todo, Kim Taehyung se escondia.

— Não vai dizer nada, Taehyung?

— Não sei se consigo pensar direito agora.

Seokjin riu e o encarou, colando seu olhar no dele.

— É, eu também não sei o que dizer.

— Você? Sem saber o que dizer? — debochou, passando o polegar pelo rosto de Jin.

Seokjin parecia animado em responder, mas o som do celular de Taehyung soou pelo quarto. E a expressão dos dois voltou ao mesmo padrão do começo daquela noite, dizendo absolutamente nada.

O mundo lá fora não parou, afinal de contas.

— Atende, Taehyung. Ligação às cinco da manhã só pode ser sério — falou, se afastando.

— Ei, ei... fica aqui, fica aqui comigo.

Os olhos perversos ainda estavam ali.

— Atende o telefone — ditou, se enrolando no lençol e se levantando.

— Merda... — Taehyung murmurou ao vê-lo sair e deixar se corpo vazio.

O som ainda estava presente e então ele foi até o aparelho e viu o nome da namorada na tela. Suspirou irritado e deixou que a chamada se perdesse. Só então abriu o aplicativo de mensagens. Havia quatro não lidas de Sunhye.

"Onde você está?"

"Já é a quinta vez esse mês que acordo e você não está aqui. Que porra é essa?"

"Com que puta você está?"

"Filho da puta do caralho!!!"

— Ela deve estar brava, melhor você voltar. — Seokjin o surpreendeu, voltando do banheiro já vestindo a boxer e a camisa azul.

— Ela sabe, Seokjin. Que eu tenho outra pessoa...

— Não cabe a mim dizer, mas, você sabe que é injusto, não sabe?

Taehyung o olhou com certo pesar, a situação toda era um caos, do qual ele ainda não decidiu como sair. Mas o reboliço que se instalava dentro dele dava cada vez mais certeza de que sem Seokjin, não poderia ser.

Ele ainda estava ali, nu e confuso, enquanto Seokjin parecia pronto para sair por aquela porta. Deixou o celular de lado e foi até ele, levando as mãos de volta para o corpo que tanto desejava, o aproximando de si.

— Calma, por favor. Não precisa ir embora...

— Um de nós vai ter que ir primeiro, você sabe como é.

Seokjin levou uma das mãos até a virilha descoberta e brincou com os dedos, sentiu o arfar de Taehyung e sorriu satisfeito. Iria embora, iria perdê-lo uma vez mais para a garota que não conhecia, mas sabia que todo seu corpo o pertencia e ansiava por si. E somente por si.

— Me diz o que fazer, e eu faço — Taehyung suplicou.

— Não. Eu não vou te dizer o que fazer, porque você já sabe.

— Eu quero você Seokjin, fora desse quarto, eu realmente quero.

— E eu estou lá, te esperando. Mas enquanto você só me chamar até aqui, não há o que eu possa fazer. Você não sabe o poder que tem, Kim Taehyung. Não tem nem noção. Você só precisa escolher, e ser verdadeiro. Mais do que comigo, com seu reflexo no espelho. Diz pra ele o que fazer.

Os lábios fartos foram de encontro com os de Taehyung, lhe deixando um beijo terno e úmido. E com o mesmo olhar frio com que entrou ali, Seokjin saiu, deixando Taehyung despido de todas as formas possíveis. Deixando também o envelope sobre a mesinha. Ele que sempre deixava clara a origem daquela relação. Sem ele, nada mais estaria certo.

Quem era Seokjin?

O frio pareceu invadir o quarto e corpo desnudo sentiu um arrepio diferente. Não tinha mais prazer naquilo, aquele quarto não era mais um refúgio, era uma prisão que ele impôs à Seokjin, um ponto cego em sua vida perfeita e alinhada.

Quem era Taehyung?

O nós poderia existir no mundo lá fora?

Havia nós? 

Olhos Perversos | TAEJINOnde histórias criam vida. Descubra agora