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Azriel

Passei a noite acordado, olhando para ela e para a floresta, fiz um fogueira por que ela estava com muito frio, e qualquer besta que isso atraísse, eu mataria.

A manhã estava tomando o céu, ela ainda dormia então aproveitei para sobrevoar a montanha, observando a noite indo embora e o céu absorvendo cores claras e misturas que iam além da simples beleza.

-Não sei seu nome- ela murmurou ainda deitada e de olhos fechados assim que entrei na caverna.

-Azriel - falo me sentando no mesmo lugar onde passei a noite.

-Azriel... gostei - ela diz e se senta calmamente desprendendo o cabelo que se solta em camadas nas suas costas e rosto e ela logo ajeita sem parar de me olhar.

Espero que ela diga seu nome, mas ela apenas me encara e ri.

-Se tem perguntas encantador, fale-as em voz alta - disse com um sorriso zombeteiro.

Revirei os olhos mais uma vez, ela iria destruir o resto de sanidade que ainda havia em mim, que já era consideravelmente pouco.

-Qual seu nome? - pergunto com uma careta.

- Ayanna, sem o Vancerra por favor, me recuso a ser filha daquele ser abominável - então ela se põe de pé e sorri convencida como se jogasse na minha cara que ela só precisava de um pouco de descanso - Venha tem um lago aqui perto.

- Você não estava com pressa? - ela fica um pouco tensa mas dá de ombros continuando andando enquanto eu a sigo alguns passos atrás.

- Lucien não vai evaporar, e se já sabe sobre mim está igual a uma barata tonta me esperando, e é claro recebendo milhares de perguntas.

-É mentira - declaro, ela para e se vira para me encarar com uma careta me incentivando a falar. - Está como medo de encontrá-lo - ela gesticula para que eu continue ainda com a careta - Não sabe o que irá acontecer, e é alguém muito controladora, além do fato que não sabe lidar com tudo que passaram, tem medo que o tempo os tenha afastado e os mudado tanto que não sejam mais aquilo que se lembra e ama.

- Agora quem está tagarelando? - ela pergunta com um sorriso,continuo a encará-la com as sobrancelhas levantadas - Já te falaram que tu é um pé no saco? - ela balança as mãos e começa a andar.

- Você está certo! - ela resmunga quase inaldivelmente.

-Eu sei - digo.

Ela para novamente chuta umas pedras e depois de vira para mim, me encarando com profundidade. E começa a falar.

-Fazem mais de setenta anos, eu esperei por esse dia desde então, e não sou boa em lidar com imprevistos. Não posso decepcioná-lo, não aguentaria decepcioná-lo, não depois de ter abandonado minha mãe como uma covarde, algo que eu prometi que nunca faria. Aquele boçal quer me obrigar a casar, e meu egoísmo é tão grande que simplesmente fugi para não me submeter aquilo. E agora estou tagarelando com um morcego gigante desconhecido, metido e convencido, e simplesmente não consigo parar de falar, por que estou nervosa, e agora vou fazer uma tempestade - faíscas brotam da pele dela me surpreendendo e o céu começa a ficar escuro - Eu com certeza odeio emoções.

Quando vejo sua unha perfurando seu pulso, me aproximo rápido segurando sua mão ela toma um susto e dá um impulso para trás, mas então ela percebe que não me machucou, as nuvens voltam a ficar claras, e as faíscas somem imediatamente enquanto ela encara meus olhos com surpresa.

-Certo, sem comentários - ela se solta e volta a andar - Então agora acredita que eu sou irmã da raposinha?

- Agora consigo te ver melhor, realmente há bastante semelhança.

-É tão difícil assim assumir que acredita em mim, e vê verdade em minhas palavras?

-São nesses casos que devemos ficar mais atentos e desconfiar - afirmo e um sorriso cresce nos lábios finos dela.

-Me considera uma mentirosa assim tão boa? Sinceramente obrigada.

Bati com a mão na testa e decidi que ficaria calado a partir de agora.

-Acha que ele vai reagir como? - ela pergunta e me encara até que suspiro e falo.

-Como eu vou saber? - ela não me deixa ficar calado.

- Não seja rude - ela reclama - Você não é o calado do grupo que presta atenção em tudo? Acabou de me ler completamente e me conheceu ontem.

-Você é fácil de ler para mim, mas acredito que ele ficará feliz" digo com a necessidade de confortá-la e ela sorri.

Chegamos ao lago e ela caminha até ele calmamente, sorrindo de verdade olhando para o horizonte, observo seus movimentos com atenção porque simplesmente não consigo desviar o olhar. 

Corte de raios e sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora