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Ayanna

Lavo bem meu rosto no lago, minha adaga e espada também, depois limpo o ferimento que está praticamente curado, e enrolo outra faixa que eu tinha nos bolsos, o morcego fica parado em uma árvore atrás de mim e não fala nada.

Eu não vou voar.

Eu realmente tenho medo de altura, e jamais falarei isso em voz alta novamente. Eu tenho este medo desde criança, um dia Luan me jogou de uma torre gigante, eu caí e quebrei meu braço naquele dia, e Eris quebrou o nariz dele, até que valeu a pena.

Tenho plena conciência de que meu irmão mais velho é um babaca, e já fez muito mal a muitas pessoas, inclusive a prima do Grão Senhor a qual ele nunca diz o nome, mas para mim ele foi irmão que lutou, se machucou por mim, que convenceu meu pai a me treinar, que me desafiou, e me ajudou a crescer, aquele que me protegeu.

Ele sempre disse que se eu quisesse seria Grã-Senhora daquela corte, e ele me apoiaria, mataríamos quem precisasse para isso, mas eu nunca quis esse cargo, não sirvo para governar um povo, nem para política, e é claro muitos ali não aceitariam ser governados por uma mulher mesmo que eu seja mais forte de toda aquele corte.

- Você está parada olhando para água, está planejando se afogar? Eu posso te dar privacidade, não quero ser cúmplice - eu virei para ele que estava com um sorriso cínico e os braços cruzados.

- Eu estava admirando minha beleza, seu morcego idiota.

-Eu não sou um morcego- dou de ombros como se perguntasse qual a diferença e ele revira os olhos -São três dias de viagem a pé até lá, prefere voar?

-Você não pode nos atravessar?

- Não para aquela casa.

- Diga ao seu Grão Senhor que nos atravesse.

- Eu não dou ordens a ele - reviro os olhos - Você não aprendeu o mínimo do respeito?

-Nem o conheço, respeito se conquista não é distribuído a qualquer um.

-Não vou discutir com você - ele avisa.

- É claro, eu estou certa.

- Pela mãe - ele sussurra.

Depois de um tempo nos encarando ele me estende a mão, para afirmar o que pretende ele fecha bem suas asas nas costas. Seguro suas mãos e sinto as cicatrizes, ele enrola as sombras ali como se pudesse esconder suas marcas, eu apenas dou um sorriso sincero, então ele relaxa com um sorriso mínimo e desaparecemos.

Fico um pouco tonta no início mas logo me acostumo, a primeira coisa que vejo é o chão, pelo caldeirão tudo aqui é incrível, os mínimos detalhes todos em tons escuros, olho ao redor e estamos em uma sala ampla, o Grão Senhor está ali, em pé vestido com um terno preto bem ajustado, ao seu lado a Grã Senhora está com calças e jaqueta de couro, o cabelo está preso, e ela é linda para um caralho.

Eles formam um casal... Nem tenho adjetivos para isso.

- Então você é a irmã de Lucien? - o Grão Senhor fala com cautela me analisando, e sinto, então minha boca reage antes do meu cérebro o que acontece muito.

- Não vai entrar em minha mente, Grão Senhor - ele fica surpreso por eu ter percebido e pisca fortemente por um segundo.

Azriel ao meu lado fica tenso, incomodado, a quebradora da maldição dá um tapa discreto em Rhysand e ele revira os olhos.

-Me desculpe, como você...?

- Havia um daemati na Outonal, ele era meu professor, mas foi descoberto e assassinado em praça pública, este poder lá é proibido.

Eles fazem careta mas logo voltam a suas típicas máscaras.

- Lucien nunca me falou sobre você - pode isso? até a voz dela é bonita.

Se controla Aya.

-Ele não costuma falar, é bom eu sou, era na verdade um segredo, e ele se preocupa comigo, não me colocaria em perigo, sem ofensas, mas informações assim tendem a se espalhar.

-Qual o seu poder? - ela perguntou.

Fiquei tentada a dar uma resposta evasiva, mas o olhar dela era suave e sincero, então apenas respirei fundo.

A atenção dos três estava em mim, dentre eles Azriel parecia ser o mais curioso.

- Primeiramente não me perguntem como, porque eu não sei. Segundo eu apenas quero ver meu irmão, mesmo que não confiem em mim ou me achem um perigo, podem trazê-lo até aqui, preciso vê-lo.

Eles assentiram, Azriel deu alguns passos para o lado como se para observar melhor, então faíscas começaram a me rodear, depois viraram correntes elétricas que me circulavam, o céu lá fora ficou escuro e o barulho dos raios começaram, as nuvens negras brilharam com raios vermelhos que obedeciam minha respiração e vontades.

Quando voltei para eles, não havia medo em seus rostos, e isso me fez suspirar, havia curiosidade e admiração.

Talvez eles apenas não tivessem senso de perigo.

Se toca Aya, ele é o Grão feérico mais forte de toda a Prythian, o Grão Senhor mais forte da história e ela é a Grã Senhora, eles são o perigo.

- Você controla os raios, eletricidade, pode fazer tempestades deles - o Grão Senhor disse com admiração e aquilo me surpreendeu um pouco.

- Então? Meu irmão?

- Vamos traze-lo aqui, é bem vinda em nossa corte, apenas precisamos de mais um tempo para ter certeza antes que conheça...

- Velaris, a casa de vocês, eu sei - comecei a bater minhas unhas na minha pele com nervosismo.

-Coma, traremos ele depois do almoço.

-Eu ficarei - o morcego falou.

Eles concordaram e sumiram logo depois.

-Para quem não gosta da minha companhia, está se contradizendo não é?

- Você não consegue ficar quieta?

- Lembro bem de ser chamada de insuportável, mas bem que a minha personalidade insuportável te agrada não é?

Ele fechou a cara e saiu andando, eu ri caminhando atrás dele. 

Corte de raios e sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora