Maldita ligação

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    Eu sentia dor em todo o meu corpo, parecia que eu estava com os ossos e os músculos moídos. Abri os olhos lentamente com medo do que veria, o que apenas me confirmou que não tinha sido um pesadelo. Estava com uma coberta por cima do meu corpo nu e tinha sangue, as lágrimas escorreram novamente trazendo um flashback de tudo que tinha acontecido.

- Finalmente acordou, Black.

Rabastan estava na porta do seu banheiro e sorria, não parecia que tinha feito coisas horríveis comigo. Puxei as minhas pernas, abraçando-as, com medo dele. Ele apenas balançou a cabeça como se fosse uma pequena birra de criança.

- Eu vou para a aula, mas não recomendaria que fosse. Se abrir a boca sobre o que aconteceu, eu mato o seu irmão, ouviu? - Disse e deixou um beijo na minha bochecha.

Eu limpei meu rosto com nojo do seu toque mais do que nunca, mas não adiantou porque ele segurou a minha mão com raiva por eu ter feito isso. Veio em minha direção e virei o rosto, com medo daquilo tudo se repetir, porém apenas escutei uma risada e passos se afastando. Como alguém podia ser doente e nojento a esse ponto?

Esperei um tempo, sem conseguir me mexer muito graças a dor, eu precisava sair dali. Concentrei-me na forma animaga, a dor seria um pouco menos. Saí e fui até o meu quarto, aproveitando a bagunça das pessoas indo para lá e para cá. Ao chegar no meu quarto, voltei à forma humana e me esforcei para ir até o banho. Eu queria tirar o cheiro dele impregnado na minha pele, me dava ânsia e nojo de mim.

A água caia sobre todo o meu corpo e as minhas lágrimas começaram a acompanhar. Esfregava com força a minha pele, mas nada adiantava e eu estava cada vez me machucando mais ainda. Continuei cada vez com mais força com os olhos embaçados de lágrimas, vendo a água ficar avermelhada ao meu redor. Escutei a porta abrir e eu me encolhi de medo.

- Boneca... - A voz suave e preocupada de Regulus.

Senti-me envolver com uma toalha após fechar o chuveiro e me pegou no colo como se eu fosse um bebê. Voltei a chorar descontroladamente, encostando em seu pescoço. Colocou-me na minha cama da forma mais delicada possível e se afastou, mexendo no meu guarda-roupa. Desistiu e usou magia para pegar as coisas, me entregando uma muda de roupa.

O meu irmão se virou para que eu colocasse, mas não conseguia ainda mexer. Depois de alguns minutos com muito esforço, coloquei a calcinha e o sutiã, mas doeu tanto que desisti de colocar o resto. Regulus percebeu e perguntou se poderia me ajudar, eu assenti devagar. Ele colocou uma camiseta e uma saia, o uniforme básico da escola.

- Boneca, não chora... - Passou a mão em meu cabelo cuidadosamente. - Quer que eu chame a Pandora?

- Por favor... - Sussurrei com a voz bem rouca, quase não saindo nada.

Ele saiu, parecia hesitante em me deixar sozinha ali. Eu apenas puxei a perna novamente, querendo sumir dali. Por que eu não tinha morrido? Um tempo se passou e a porta se abriu com a minha amiga, ela veio correndo e me abraçou, percebendo depois a minha reclamação pela dor.

- Você consegue andar?

- Um pouco.

- Podemos ir para a Madame Pomfrey e você pode contar o que aconteceu.

- Não! Por favor, não... - Engoli em seco e juntei todas as minhas forças. - Tem uma passagem, atrás da cama.

Eu me levantei com ajuda deles e mostrei onde era, sempre apontando para o caminho. Aparecemos rapidamente naquela sala que tinha me encontrado diversas vezes com Sirius, Pedro e os outros. Regulus conjurou um sofá, o que devia ter dado bastante trabalho, e pediu para que me sentasse. Apenas encostei a cabeça no ombro de Pandora, sentindo finalmente confortável longe dos dormitórios.

Adhara: A Mui Antiga e Nobre Casa dos BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora