Família de verdade?

283 29 48
                                    

    A dor do parto foi a terceira pior da minha vida, ou seja, foi bem suportável. A primeira é quando o meu pai me castigou com uma cinta envenenada, a segundo foi alguns dos cruciatus que havia recebido. Porém, quando a dor passou e eu vi Leta... tão pequenina nos braços da médica, tinha percebido que valeu a pena.

Ainda não tinha pego minha filha no colo, por ser prematura, preferiram conferir se estava tudo bem com ela primeiro. Rabastan também tinha sumido, provavelmente ficando de olho no que as pessoas do hospital faziam com a nossa filha. Escutei uma batida na porta e era a médica, sem a bebê no colo, porque meu marido estava com ela.

Eu sabia que ele é uma pessoa horrível, mas o seu olhar e seu sorriso para Leta, era adorável e verdadeiro. Sentou-se ao meu lado e entregou-a com todo cuidado no mundo, sem tirar os olhos dela. Quando estava no meu colo, senti-la pela primeira vez na minha mão foi estranho. Uma parte de mim queria não tê-la tido, porque eu lembraria sempre do que tinha acontecido, mas não tive muita opção, estando casada com ele. Só queria protegê-la para que não sofresse nada igual a mim, iria ter a melhor vida possível.

- Ela é linda... como você. - Sussurrou, me olhando. - Leta Lestrange, essa é a sua mãe.

Apresentou-me como se a bebê entendesse alguma coisa. Seus cabelinhos eram loiros claros e olhos acinzentados, parecia bastante com Rabastan, mas os olhos eram da minha mãe.

- Nós vamos para casa hoje ainda, Adhara. - Disse passando a mão em meu cabelo e deixando um beijo na minha bochecha. - Eu pedi a Milorde se poderia ficar sem ir até as missões por alguns dias, ele autorizou, nós três vamos ficar juntos como uma família que somos.

- Ela está bem? - Perguntei, olhando para a médica.

- Apesar de ser prematura, está muito bem, não se preocupe, senhora Lestrange. Aliás, seus familiares estão esperando do lado de fora.

- Mande-os embora. - Rabastan disse bravo e a médica ficou sem entender.

- Rabastan, por favor, eu quero que eles vejam.

- Mas vai ser rápido, não quero ninguém tirando o nosso sossego. - Murmurou encarando a garotinha, mas pousando o olhar em mim.

A minha mãe foi a primeira a atravessar a porta, sem nem disfarçar a raiva por Rabastan estar no mesmo cômodo. Regulus se segurava para permanecer sério, conhecia muito bem o meu irmão, estava pulando por dentro. Veio, sentando-se do outro lado da cama, recebendo fuziladas de olhares do meu marido, mas não ligou.

- A minha netinha... - Minha mãe a pegou com tanto cuidado, enquanto lágrimas escorriam. - A primeira neta... a primeira em vários, aliás, já que nem suas primas e nem o seu irmão tiveram filhos.

- Vai ser muito mimada, pelo jeito. - Respondi.

Sabia que não era a primeira junto com as minhas primas se considerasse Andrômeda, mas minha mãe não a citava mais.

- Uma menina em décadas na família Lestrange também. - Comentou e pegou nossa filha do colo da minha mãe. - Avise aos Malfoys que depois os visitaremos para conhecerem Leta. Agora... Adhara e Leta precisam descansar na nossa casa.

- Acho que alguns minutos a mais não irá causar nenhum problema, não é? - Disse sem coragem de encará-lo. - Por favor...

- Não. - Levantou-se e chegou mais próximo da minha mãe. - Podem ir embora, por favor? Assim que Adhara estiver bem disposta, enviarei uma carta.

Uma briga de olhares entre a minha mãe e ele que davam medo se ascendeu. Eu não queria voltar agora já brigando, ao mesmo tempo que a volta da minha liberdade tinha sido tão boa. Limpei a garganta para chamar a atenção e respirei fundo.

- Eu vou para casa agora, mas de noite recebo visitas, tudo bem?

- Bem melhor... quero passar um tempo com você e a nossa filha.

O olhar da minha mãe de reprovação e medo dizia que eu não deveria, mas eu tinha. Quem sabe Rabastan finalmente mude, não é? Sempre há esperança, mesmo que seja com um troglodita.

Em poucos minutos estávamos na mansão Lestrange, depois de muito tempo ali estava eu... Ele não soltava a nossa filha por sequer um segundo e subimos para o que seria seu quarto, com algumas coisas que eu já tinha escolhido anteriormente, outras que estava na cara que era de Rabastan. Deixou a bebê Leta em um berço que a ninava sozinho e voltou seu olhar para mim.

- Ela é linda... - Sussurrou sorrindo. - Vai ser uma bruxa perfeita, tenho vários planos para ela.

- É só um bebê ainda, por favor. - Disse ajeitando a minha postura, o meu corpo ainda não estava totalmente recuperado, obviamente. - Eu vou descansar um pouco, com licença.

- Adhara, espere. - Virei novamente para ele, com receio. - O que você vai querer no jantar?

- Ah... pode ser algo sem ser carne, por favor?

- Desta vez, tudo bem. - Disse sem tirar os olhos de Leta, enquanto um estrondo na parte de baixo da casa. - Sua prima acabou as tarefas, aparentemente... Vá descansar.







O meu descanso não tinha sido tão bom, sentia meu corpo muito pesado e estranho ainda, mas talvez fosse porque eu acabei de tirar um outro ser dentro do meu corpo. Eu fui até o quarto de Leta e ali estava Rabastan sentado no chão, contando alguma história para a nossa filha. Era engraçado como nesses momentos ele não parecia nada com o homem que eu conheço.

- Adhara? - Virou em minha direção. - Está melhor?

Balancei a cabeça em afirmação, ele se levantou e segurou em meu rosto. Olhei em seus olhos, mesmo que o meu instinto dizia para não fazer isso, além do meu próprio corpo tremendo. Rabastan parecia sempre gostar disso, sádico. Encostou nossas cabeças, ainda segurando a minha.

- Agora somos uma família de verdade, Adhara... não pode mais fugir. - Engoli em seco, essa era a maneira dele ser carinhoso? - Só peço para que seja uma boa esposa para mim e uma boa mãe para Leta. Eu te amo tanto...

Era horrível escutar "eu te amo" pela sua boca, me dava arrepios, pois sabia que vinha com uma tragédia marcada. Fechei os olhos e balancei levemente a cabeça, era o único jeito, esse é o meu destino. Ele me soltou e eu fui até o berço, vendo ela dormir, com ele segurando as minhas costas.

- Boneca? Finalmente! Posso ver a mini coisinha? - Perguntou Bellatrix chegando no quarto tão cuidadosa como costuma ser. - Credo, a cara do Rabastan... tomara que o caráter seja o seu, Adhara.

- Bella... - Olhei para Leta, era verdade. - Sem brigas, por favor.

- Eu estou na paz, mas isso não quer dizer que meu cunhado não caia da escada e leve alguns pontos. - Disse com um sorriso perverso, mas divertido ao mesmo tempo, uma habilidade só dela.

Era incrível como Bellatrix estava pronta para sempre me vigiar e me proteger, aliás é uma característica dela. Sempre parecia ser uma louca, sádica, com uma personalidade forte, sem nenhuma empatia, mas não era tanto... protegia a todos da família a todo custo (todos, vulgo as suas irmãs - até um ponto, pois não aceitava traição como a da Andrômeda - e seus primos). Apesar de tudo o que aconteceu, era contra qualquer um machucar ou matar tanto Drômeda quanto Sirius, e que se precisasse, ela que teria que resolver.

- E então, boneca? Vai lá na casa da Cissa? Ela ficou tão brava por não ter visto a mini pessoinha, Narcissa brava é um demônio devastador, sabe bem, não é?

- Eu vou, não se preocupa, não quero libertar o monstro da jaula.







Oiii, sumi uns meses 💀 todas as minhas fics ficaram meio paradas por questão de faculdade 🥲 espero que vocês não tenha esquecido da fic ksksksksk

Adhara: A Mui Antiga e Nobre Casa dos BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora