Capítulo Três: Boa noite.

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— Mamãe, papai, por favor, não vão! — Soya implorou, pela quinta vez nos últimos dois minutos.

— Soya, eu já te expliquei que nós só vamos amanhã e que o tempo lá passará rápido! — Soomin dizia, mas a garotinha se recusava a ouvir.

— Por que não podemos ir junto? — Kuan questionou, enquanto lutava para esconder as lágrimas que caíam de seus olhos.

O almoço ia bem, até que Jung-Hyun tocou no assunto da viagem. As crianças tinham enlouquecido, achavam que um mês era tempo demais para ficar sem os pais. Jungkook concordava e estava secretamente torcendo para que os três conseguissem convencer seus responsáveis de que um mês era uma eternidade. Mas ao mesmo tempo, estava sentindo um pouco de pena ao ver a situação do irmão e da cunhada. Os dois eram minoria ali e amavam muito aquelas três crianças, dava para perceber pelas expressões arrependidas que estavam a ponto de desistir da viagem.

— Escutem. — Jeon disse, em alto e bom som, direcionando sua fala para os três sentados em sua frente. Todos pararam de falar no mesmo instante. — Vocês não acham que os pais de vocês precisam se divertir um pouco, também? — A pergunta do tio assustou as crianças e surpreendeu os adultos.

É óbvio que nenhum dos pequenos tinham encarado a situação daquela forma. Para crianças, é difícil enxergar que os pais tem uma vida e que não vivem apenas em função dos filhos. Como alguém chegaria em uma criança e diria que antes de ser mãe, aquela era uma mulher com desejos, vontades, metas e sonhos? Parecia impossível. Mas a simples menção de que eles estavam fazendo os pais infelizes apavorou às crianças. O coração de cada um era muito puro para querer causar tal sensação neles.

— Papai e mamãe vão se divertir? Sem nós? — Hyun olhava para o tio como se ele tivesse dito o maior absurdo do mundo.

— Sabe, vocês não gostariam de ir nessa viagem, de qualquer forma. Eles vão a todos aqueles eventos e festas chatas de adultos, entende? Seu pai até estava planejando levar o computador para ficar um mês fazendo contas. — Jungkook disse, mentindo com tanta maestria que a própria Soomin só percebeu o que ele estava fazendo muito depois.

— É verdade? — Kuan olhou para o pai.

— Sim, é verdade. Nós apenas vamos viajar a trabalho... Mas se quiserem ir, podemos ensinar muito sobre matemática a vocês. — Jung-Hyun falou, se segurando para não rir. Ele tinha achado a ideia do irmão mais novo brilhante.

— Iríamos adorar ensinar, se vocês quiserem ir... Mas, bem, ficar aqui com o tio Jungkook parece um pouco mais divertido, não acham? — Soomin perguntou, olhando cada um dos três com um daqueles olhares que apenas mães tinham.

Assim que ela perguntou, os três rapidamente assentiram com a cabeça. Em um certo aspecto, todas as crianças eram iguais, odiavam a vida adulta porque tudo parecia muito chato. Bem, talvez Jungkook tivesse isso em comum com eles, afinal. O resto do almoço foi feito em silêncio e assim que acabaram, os trigêmeos foram até seus quartos para se arrumarem. Pelo o que Jungkook havia entendido, eles teriam aula de natação naquela tarde. Para a surpresa do rapaz, os três sobrinhos faziam muitas atividades. Soya fazia aula de ballet duas vezes na semana, Kuan fazia aulas de futebol e Hyun, taekwondo e karatê. Eram atividades muito diferentes entre si, pensou Jeon, o que devia refletir bem na personalidade de cada um.

(...)

— Não sei se consigo deixá-los. — Soomin confessou, olhando um pouco assustada para o amigo.

— Bem, não é como se você estivesse abandonando eles para sempre. — Jungkook disse.

Os dois estavam no quarto de Soomin e Jung-Hyun, conversando enquanto a mais nova arrumava suas malas. Jung-Hyun havia calculado tudo com tanta precisão que eles já estariam viajando no dia seguinte. Não que dinheiro fosse problema, afinal, ele apenas teve o trabalho de comprar as passagens e reservar um bom hotel. Como era a primeira viagem dos dois desde o nascimento dos filhos, os dois estavam realmente apreensivos. Primeiro, porque havia toda a preocupação das crianças não ficarem bem sem os dois durante a viagem. Segundo, porque eles não se reconheciam mais como um casal. Como Soomin já havia explicado, era como se os dois fossem apenas sócios trabalhando duro na criação dos filhos... É claro que ainda se amavam, mas aos poucos, aquele amor estava se transformando em algo mais fraterno do que romântico.

The Uncle - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora