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Aaron Minyard estava apaixonado por Kevin Day. Kevin era seu melhor amigo. Como isso aconteceu? Nem Aaron sabia, só havia acontecido. Do nada Kevin se tornou alguém mais presente em sua vida. Do nada eles escapavam no meio da noite para ir numa pista de skate que havia perto da universidade. Aaron para andar de skate e Kevin para lhe observar. Eles conversavam muito durante esses passeios noturnos, às vezes sobre o treino daquele dia, às vezes sobre fatos históricos, ou coisas interessantes que Aaron havia aprendido na aula de bioquímica. Eles até conversavam sobre o futuro.

Essas fugas no meio da noite começaram como uma válvula de escape, um meio de se distraírem do estresse que os rodeava todos os dias. Mesmo depois da morte de Riko, a pressão e o estresse eram contínuos para Kevin. Aaron sabia do acordo, Kevin havia lhe contado em uma dessas noites. Kevin precisava entrar na liga nacional, ou tudo estaria perdido. Aaron percebia o quanto ele estava se cobrando nos treinos, é pior que antes. Andrew havia alertado Kevin sobre isso —  do jeito Andrew, é claro — , mas Kevin era teimoso demais para ouvir.

Aaron se odiava por gostar dele, afinal, aquilo era um sonho impossível. Mas ele não conseguia mandar Kevin para o quarto dele quando ele aparecia no seu, pedido para que fossem dar uma volta. Aaron não conseguia não olhar para ele quando estavam estudando juntos, ele não conseguia não notar como Kevin ficava concentrado lendo, ou como ele mordia a tampa da caneta quando pensava na resposta de uma questão. Aaron não conseguia não se preocupar quando ouvia algum barulho vindo do dormitório de Kevin. Aaron não conseguia não se preocupar quando via o estado que Kevin estava no dia seguinte, as olheiras que ele normalmente esconde com maquiagem, os ombros caídos de cansaço. Mas assim que saiam da Torre, Kevin colocava sua máscara de O Filho do Exy. Aaron sabia que era uma fachada.

Outra coisa que Aaron odiava era como borboletas surgiam em seu estômago quando ouvia Kevin rir. Como está acontecendo agora. Por algum motivo que Aaron desconhece, Neil decidiu que queria aprender a andar de skate, e ficou enchendo o saco dos monstros até finalmente eles virem para a pista de skate com ele. Como era fim de semana, eles estavam em uma pista perto da casa de Columbia. Kevin estava rindo porque Neil caiu de bunda no concreto.

— Tá rindo por que, filho da puta? Vem fazer melhor — O ruivo grunhe se levantando. Kevin continuava rindo, mas logo para, aceitando o desafio.

— Desde quando? — Andrew pergunta do nada, fazendo Aaron lhe olhar confuso — Você e ele — O gêmeo mais velho aponta para Kevin. Um segundo depois ele estava no chão, e Neil rindo sem se conter.

— Não existe eu e ele — Aaron fala apoiando o queixo em seu skate. Andrew lhe olha. Seu rosto não expressava nenhuma emoção, mas seus olhos diziam para Aaron não mentir. — Não estou mentindo, Drew. — O mais novo suspirou, desviando seu olhar para Kevin, que voltou a subir no skate.

— Eu sei dos passeios noturnos. — Seus passeios não eram um segredo, e Andrew não falou em acusação. Mas Aaron se sentiu pego no flagra, como se o que faziam fosse algo ilegal.

— São só passeios, Drew — Aaron começa a balançar a perna. Ter Andrew tocando nesse assunto lhe deixava desconfortável, principalmente porque ele ainda estava tentando lidar com o que sentia. — Não existe eu e ele. — O mais novo encolhe os ombros olhando para o chão. Essa afirmação doeu mais da segunda vez do que da primeira.

— Se são só passeios, por que ele cancelou um dos treinos noturnos? — Andrew pede com desinteresse. Aaron olha para Andrew, antes de olhar para Kevin.

No momento, ele estava ocupado brigando com Neil, dizendo que ele havia ficado mais tempo em cima do skate que o ruivo, isso significava que ele havia ganhado. Neil dizia que não havia competição nenhuma, mas que conseguiria ficar mais tempo do que Kevin. Ele caiu, novamente. E Kevin também.

— Eles são tão ruins que dói fisicamente ver isso. — Aaron resmunga. — Ele anda cansado ultimamente, isso não significa nada. — Andrew suspirou, ou bufou, Aaron nunca sabe a diferença entre os dois quando se trata do irmão.

— Já viu ele parar de jogar por estar "cansado"? — Andrew pergunta retoricamente. Aaron morde o lábio, passando de leve a língua pelo seu piercing.

— O que deu em você? — O mais novo pede, olhando para o irmão. — Você sempre foi contra eu ter um relacionamento, e agora parece me empurrar para um. — Aaron ergue as sobrancelhas. Andrew revira os olhos.

— Ele não é a Katelyn. — Andrew fala direto. — E por mais que eu odeie imaginar vocês dois juntos, prefiro você com alguém que eu confie. — Aaron se cala. Não tinha argumentos contra o irmão, e nem queria continuar essa conversa.

— O que eles estão fazendo? — Nicky pede, se aproximando com sorvetes na mão. Os gêmeos logo pegam os sorvetes. Neil e Kevin insistiam em subir nos skates, mesmo que sempre caíssem. Kevin até conseguiu andar um pouco, antes de ir de cara no chão.

— Senta e aproveita, eles estão assim a dez minutos. — Aaron fala, vendo Nicky se sentar no chão ao lado dos gêmeos.

— Não é melhor pararmos eles? — O mais velho pede franzindo o cenho. Aqueles dois, o que eles tinham de bom em quadra, tinham de ruim na pista.

— Consegui! — Neil grita, antes do skate começar a ir em direção a rampa. — Não, não, não, para. Como para isso? — Neil pede nervoso. O ruivo desaparece da visão dos primos, seguido pelo barulho de algo batendo contra o concreto, e um grito.

— Ele quebrou alguma coisa? — Andrew pede à Kevin. O atacante se inquilina vendo que Neil estava estatelado no chão com o skate ao seu lado. O ruivo estava de olhos fechados mas fez um joinha com a mão.

— Só o orgulho. — Kevin ajuda Neil a subir. Finalmente os dois desistem e vão até os primos.

— Nada de novo sobre o sol. — Nicky debocha, recebendo um revirar de olhos de Neil.

— Já podemos ir? — Aaron pede se levantando.

— Você nem andou. — Kevin lhe olha, havia um pouco de preocupação em sua voz. O mais novo sempre andava de skate quando eles iam na pista. Aaron desvia o olhar.

— Tá quente demais hoje. — Aaron dá qualquer desculpa antes de começar a andar até o carro. Os quatro estavam logo atrás de si, conversando.

Aaron ficou em silêncio durante toda a viagem de volta para casa, enquanto Nicky tagarelava sem parar. E foi o carro parar que Aaron desceu, indo direto para seu quarto. Aquela conversa com Andrew lhe tirou qualquer vontade de fazer alguma outra coisa senão se jogar na cama e não sair mais dela. Ele sabia que esse não era o melhor jeito de lidar com as coisas, mas Aaron não se importava.

Forever And Always;Onde histórias criam vida. Descubra agora