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— Lili, o almoço está pronto — Escuto o grito de mamãe e paro o meu desenho

Amasso o desenho e jogo no lixo, eu estava pensando na Rosie e comecei a desenhar, ela parecia malvada e eu com medo, não é um desenho legal, nem sei porque fiz isso. Desço as escadas e vejo mamãe colocando a mesa pra nós duas, somos só nós a três anos e meio. Antes éramos três, mas Miles — Antes conhecido como papai — Nos abandonou.

Ele é tailandês, mas nasceu nós Estados Unidos e cresceu lá, então seu nome é americano. Miles significa "amoroso" ou "bondoso", esse nome não combina com ele.

Ele não é bondoso, é muito malvado, pessoas boas não substituem uma família por outra. Miles teve uma filha enquanto estava casado com mamãe, agora ele tem uma filha nova e uma mulher jovem, não precisava mais de nós, então nos abandonou.

— Você pode ir olhar o arroz pra mim? — Mamãe pede e eu afirmo indo até a cozinha

O nome de mamãe é Malee, significa flor em tailandês, esse nome combina com ela que é bonita como uma flor.

— Está pronto, mamãe — Falo desligando e começo a servir meu prato

— Tomou seus remédios na casa da sua namorada? — Pergunta e eu sorrio afirmando

— Rosie cuida de mim, mamãe — Falo, mas ela nada responde, mamãe não gosta da Rosie

Não lembro muito de Miles, mamãe disse que depois que descobrimos sua segunda família eu fiquei muito mal porque era muito apegada, e até fui parar no hospital, então ela decidiu que o melhor seria eu me afastar, então viemos pra Coréia.

Eu faço tratamento pra depressão ou pra ansiedade, talvez os dois, não tenho certeza, deveria saber, mas não me lembro, não quero perguntar e não quero lembrar que tenho problemas na minha mente.

Comecei a gostar da Rosie quando a vi pela primeira vez, ela era a mais popular do ensino médio, eu também fiquei, afinal uma garota do primeiro ano beijar a mais popular da escola que é do terceiro pareceu ser uma grande coisa.

Achei que mamãe ficaria chateada por eu gostar de garotas, mas ela não ligou e disse que me ama independente de qualquer coisa e que gostar de garotas não é um problema, eu fiquei feliz, mas fico meio chateada por ela não gostar da Rosie.

Quando a gente começou a namorar, meus remédio tinham acabado e eu tive pesadelos, então fui dormir com mamãe, eu estava quase dormindo quando ela falou que talvez eu não amasse a Rosie, só estava apegada a falsa sensação que ela me traz de estar bem e feliz de novo, fiquei brava com ela, mas não disse nada.

Pareceu que ela estava dizendo que só gosto da Rosie por ela ocupar o antigo lugar do Miles, mas não é verdade, eu a amo e Rosie me faz bem e ela também me ama, não sei o que seria de mim sem ela.

— Como está a comida?

— Boa, mamãe

— E como foi seu primeiro dia de aula?

— Foi bom, a Líder de turma foi legal e algumas pessoas falaram comigo — Falo e ela concorda

— Está calada — Comenta

— Eu faltei aula de uma professora na sexta, dizem que ela é rígida e ela ficou brava por eu faltar na primeira aula dela, e eu vou conhecê-la amanhã, estou meio nervosa — Minto

— Você realmente não tem sorte com professores de matemática — Fala e nós rimos — Não falte mais aula sem motivo

— Não se preocupe, mamãe

— E o fim de semana?

— Eu e a Rosie fomos a três festas — Falo

— Espero que não tenha bebido, você sabe que não pode — Fala

— Não se preocupe, mamãe, não bebi nada alcoólico — Falo, isso é verdade pelo menos

Termino de comer e vou lavar a louça, mamãe trabalha de manhã e a tarde, então precisaria sair logo.

— Estou indo, filha — Diz e deixa um beijo em minha cabeça

— Tchau, mamãe — Falo a vendo sair

Acabo toda a louça e volto ao meu quarto e me sento na cama voltando a desenhar, dessa vez sou apenas eu e algumas borboletas laranjas ao meu redor. Escuto a campainha tocar e vou até minha janela, vendo Rosie na porta, sinto mais uma vez aquela sensação estranha que eu imagino ser borboletas no estômago e desço as escadas correndo.

— Rosie — Falo sorrindo

— Oi princesa, comprei o chocolate que você gosta — Diz me entregando e eu sorrio

— Obrigada — Falo pegando — O que está escondendo aí atrás? — Pergunto me referindo a uma de suas mãos que estava em suas costas

— Um presente — Fala e me mostra um ursinho de pelúcia sorrio o abraçando, havia um laço de presente em seu pescoço

— Obrigada, Rosie — Falo e a beijo — Entra — Falo dando espaço e logo subimos juntas para o quarto

— Lindo desenho — Fala e eu sorrio

— Obrigada — Falo colocando o ursinho na poltrona — Não avisou que vinha

— Surpresa — Diz deitando na cama  — Vem cá  — Chama e me deito em seu peitoral

Sinto seu cafuné em minha cabeça e logo sua voz calma cantando pra mim, eu tomo remédio pela manhã, então pela tarde eu fico com sono e geralmente tiro uma sonequinha e é bom ter ela aqui comigo.

— Te amo — Falo baixinho

— Também te amo, princesa — Fala interrompendo a música apenas por dois segundos

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Borboletas Aprisionadas | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora