— Filha, Lili, acorda — Escuto a voz de mamãe e abro os olhos devagar — Já vai dar sete horas, preciso ir para o trabalho, não volte a dormir, lembre da escola
— Obrigada, mamãe — Falo sentando
— Te amo — Diz beijando minha testa
— Também te amo — Falo sorrindo
— Vai direto pro banho e toma seu remédio antes de sair, eu comprei o calmante que tava faltando, tá em cima da mesa — Fala e eu afirmo — Tchau
Vejo mamãe sair do quarto e me levanto indo direto pro banheiro, precisava de um banho, o remédio pra dormir ainda fazia um pouco de efeito em meu organismo e se eu continuasse na cama com certeza pegaria no sono de novo.
Tomo um banho frio pra acordar de vez, bem rápido, visto o uniforme, até que ficou bom, e então desço até a cozinha, mamãe deixou café da manhã pra mim, como um pouco, escovo os dentes e tomo meu remédio, coloco todos os meus remédios na bolsa, até o que eu já tomei agora, é quase uma mania de ter eles comigo o tempo todo.
Arrumo tudo na mochila, junto com os livros e saio de casa trancando a porta, recebo mensagem de Rosie na metade do caminho, me desejando um bom dia e perguntando se tomei o remédio, a respondi e continuei o caminho.
Ainda estava cedo quando cheguei, quando se estuda de manhã, os alunos só começam a chegar perto da hora da aula. Fui direto pra sala e pra minha surpresa havia uma pessoa lá, Jennie, ela tem cara de malvada.
— Bom dia — Falo de cabeça baixa e passo bem rápido por ela
— Dia — Escuto seu murmuro enquanto quase corro ao fim da sala
Fico nervosa com o fato de estar sozinha na sala com mais uma pessoa e não conversarmos nada, então respiro fundo e começo a desenhar. Com o tempo as pessoas foram chegando, não falei com ninguém, apenas continuei concentrada a cada traço, isso me ajuda a acalmar.
— Então a novata veio hoje — Escuto uma voz feminina e levanto a cabeça, todos olhavam pra mim e quem falou foi uma mulher, provavelmente a professora de matemática — É Lalisa, certo? — Pergunta e eu afirmo sentindo minhas mão começarem a tremer, odeio ter atenção sobre mim
Pra minha sorte a professora não falou mais nada comigo, só começou a falar do conteúdo fazendo a atenção de todos sair de mim. Abaixo a cabeça novamente e tento controlar minha respiração, com o passar dos minutos ela volta ao normal e eu volto ao meu desenho.
Era um jardim, um jardim cheio de flores coloridas e borboletas das mais lindas, um jardim como o da minha antiga casa, onde provavelmente deve ser a casa da nova família do Miles, talvez a nova filha dele fique no quarto que antes pertencia a mim.
Minha psicóloga disse que pessoas não são substituíveis, acho que pela primeira vez ela está errada.
— Falta na primeira aula e na segunda não presta a mínima atenção, não vai durar nem dois meses nesse país — A professora fala
— Já durei três anos, porque não duraria mais dois meses? — Pergunto e todos da sala ficam em choque pela minha resposta
— Venha no quadro e resolva a questão — Fala simplista e escuto alguns comentários dizendo que eu me ferrei
Levanto da cadeira e caminho até lá, deve ter durado apenas alguns segundos, mas na minha cabeça foram minutos inteiros, senti minha mão gelar com tantos olhares sobre mim. Quando chego até ela, pego o lápis de quadro da sua mão e encaro a conta.
Nunca me dei bem com professores aqui da Coréia, eles sempre tentam me diminuir por eu ser tailandesa e eu raramente aguento calada, não gosto que falem do meu país. Professores de matemática geralmente me odeiam, ironicamente é a matéria que eu sou melhor, apesar de não gostar.
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Borboletas Aprisionadas | Livro 1
Fiksi Penggemar· Capa por @jenlisawatt Na vida existe o amor da sua vida e o amor pra sua vida. O amor da sua vida vai ser seu ponto fraco por um bom tempo, é aquele que te faz apertar o peito, aquele que te faz pensar "um dia a gente vai dar certo". O número que...