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Lydia Souza

Depois de um dia inteiro no hospital,  finalmente volto pra casa. Estava tudo em silêncio,  será que já foram todos embora?

Meu irmão me ajuda a ir pro quarto e me deito na cama,  com o pé imobilizado

- Vai ficar bem? Ainda está doendo?

- Sim, Lu, qualquer coisa eu te chamo, vai descansar- Ele ainda checa se está tudo bem,  e sai do quarto em seguida.

O que vou fazer agora? Depois de amanhã preciso trabalhar, como vou viver minha vida se não posso nem colocar o pé no chão sem ajuda de uma muleta?

Inferno,  mil vezes inferno!

Meus pensamentos são interrompidos com batidas na porta

- Pode entrar- falo e Bruno entra no quarto,  com uma bandeja na mão e um sorriso amarelo

-É.. trouxe seu jantar-o olho surpresa e faço sinal para que ele se aproxime

- Tentando se redimir por ter pisado em mim?- Digo em tom de brincadeira

-Eu me sinto péssimo, muito mesmo, sinto muito

- Tá tudo bem, Bruno- Culpar ele não vai mudar o que aconteceu, e ele parece estar mal por isso

- Não está nada bem, Lydia, você já me odeia e vai odiar ainda mais depois disso

- Não acho que meu ódio por você possa piorar

- Qual o diagnóstico?

- Entorse

- Terceiro ou segundo?

- Terceiro- torço os lábios- se a recuperação for boa não preciso operar

- Eu vou te ajudar com o que precisar- cerro os olhos

-E vai querer o que em troca?

-É isso que pensa de mim?  Jura?- Não deixo de soltar uma risada

-Valeu por se preocupar, Bruno

-É o mínimo que eu poderia fazer depois de ter te machucado

-Você tem o pé pesado- faço careta

- Acha que devo fazer o mesmo com nossos hermanos?

-Definitivamente sim- Nós dois rimos

-Falando sério, eu posso vir aqui ver como você está com mais frequência?

-Você já frequenta minha casa todos os dias, cara

-Mas é diferente- ele passa a mão pela nuca- Acho que vai me fazer sentir menos mal

-Tá, tudo bem, você pode vir- reviro os olhos

-Um acordo de paz?

-Hm.. eu não sei, você e eu.. Você realmente não entende?

-Não, não entendo, você nunca deu oportunidade para isso, você só fica com cara de bunda pra mim o dia inteiro, me trata pior do que um cachorro de rua, sempre que eu tento me aproximar você se afasta.. Não pode ser só porque eu estraguei seu namoro de adolescência

-O que? Você acha que é por isso?

-E não é? As vezes sinto que isso tudo é birra e você é só uma garotinha mimada

-É por isso que eu te odeio, Bruno. Eu te odeio e isso não vai mudar, eu não gosto de olhar pra sua cara porque me lembra as merdas que você me fez passar quando eu tinha quinze anos, quando você dizia ser meu amigo e só me usava, lembra disso? Acho que não, você tem a memória fraca, daqui dois meses nem vai lembrar dessa porcaria aqui- os olhos dele me olham de um jeito que não consigo decifrar

- Exatamente, você tinha quinze e eu vinte, éramos duas crianças, não acha que eu possa ter evoluído depois disso?

-Não, não acho, e você mesmo já provou que nao pode. Agora, eu estou exausta, preciso descansar

Ele me olha por uns instantes e nega com a cabeça, saindo do quarto.

I hate you •Bruno Rezende•Onde histórias criam vida. Descubra agora