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Lydia Souza

-O que? Você enlouqueceu?- falo com meu irmão ao telefone

-Fala baixo, mulher! Não, não enlouqueci, quebra esse galho para mim por favor- ele pede com a voz carinhosa, me fazendo resmungar

-Vou ter que aguentar seu amiguinho aqui enquanto você transa?- suspiro- Tudo bem, Lucarelli, tudo bem- passo a mão pelos cabelos e me jogo na cama de novo

-Voce é a melhor irmã do mundo, sabia?

-Devo ser mesmo, você diz isso todos os dias. Enfim, se cuidem e usem camisinha

-E você não mata o Bruninho, a gente precisa dele, você sabe

-Eu não te prometo nada, ele deve estar um caco

-Se cuidem, amo você- me despeço dele e continuo ali deitada, olhando para o teto.

Penso em vários cenários onde poderia me livrar dessa tortura, mas todos eles acabam comigo sendo morta pelo meu irmão por deixar ele na mão.

Suspiro e me levanto, me sentindo derrotada. Me visto com mais facilidade do que nos primeiros dias, acho que estou pegando jeito com essa coisa.

Confiro se o levantador ainda está dormindo e vou para a cozinha, começando a preparar o café da manhã. Quanto mais ele dormir, mais paz eu tenho.

No exato momento em que eu penso isso, a figura dele se materializa na minha frente, e eu coloco a mão no peito devido ao susto.

-Minha nossa, Bruno!

-Foi mal, foi mal!- ele levanta as mãos em forma de rendição- Pensei que fosse seu irmão

-Ah, ele não chegou ainda

-Não? Já são quase duas da tarde

-Pois é, e você? Muita dor de cabeça?- Tento mudar de assunto enquanto não penso em nada

-Um pouquinho, quer dizer.. eu nem bebi tanto

-Claro que não! Só estava dormindo sentado na porta do meu quarto.

-Sobre isso, muito obrigado por cuidar de mim, não esperava por isso

-Acha que eu sou um monstro, é?

-Talvez, mas é sério, você não precisava fazer aquilo

-Mas não podia te deixar jogado também, não foi nada

-Não vou mais te dar trabalho, eu já vou indo nessa

-O que? Não!- me apresso em falar e ele me olha confuso

- Não?

-É, eu preciso da sua ajuda, você pode?

-Claro, do que você precisa?

-Preciso pintar aquele quarto dos fundos, e para isso preciso da ajuda de alguém

-E o Lucarelli não está- ele completa minha frase

-Isso, exatamente- sorrio amarelo- Depois que a gente comer podemos olhar?

-Claro, Lydia. É o mínimo que posso fazer depois do que você fez ontem- acabo de fazer as coisas e ele me ajuda a colocar a mesa

-Você não é um péssimo dono de casa

-Eu moro sozinho, esqueceu? Preciso me virar

-Faz sentido, mas pelo que eu sei, você não é muito bom cozinheiro

-Eu tento, não me julga- sorrio de lado e sentamos, tomando nosso café em silêncio.

Por incrível que pareça não foi um silêncio constrangedor, acho que pela primeira vez em muito tempo nós nos sentimos confortáveis perto do outro.

Logo, limpamos tudo e vamos para o quartinho que seria pintado

-Vocês já começaram a pintar? -ele pergunta ao ver as latas de tinta e a escada ali posta

-Uhum, mas tive um compromisso no dia, aí depois aconteceu aquilo com o pé e não consegui mais vir

-Se não quiser não precisa ficar, eu faço rápido

-Vou ser sua ajudante, Rezende- ele sorri

O ajudo a separar o que vai precisar, e logo ele está na escada, e eu embaixo, estendendo a tinta.

-Ele está com ela, não é?- pergunta enquanto molha o rolo

-O que?- olho pra ele confusa

-Minha irmã e seu irmão

-Claro que não!

-Eu sei que sim- afirma

-Por que perguntou então?- reviro os olhos- As pessoas disseram que era fácil te enganar

-Realmente é, mas eu senti o clima ontem

-E como se sente?

-Não acho que eu deva sentir alguma coisa, não é? Não sei, só espero que ele trate ela bem, e ele é meu melhor amigo, é estranho

-Não é tão estranho assim, e é óbvio que ele vai tratar ela bem. Ele é o cara dos poemas, esqueceu?

-É verdade, faz sentido, mas se ele vacilar eu ainda vou matar ele

-Você só fala, Bruno..- sinto uma coisa molhada em minha cabeça- Ficou maluco?- passo a mão e vejo a tinta laranja em meus cabelos

-Foi sem querer, eu juro- ele segurava a risada

-Eu odeio tanto você, Bruno Rezende..

I hate you •Bruno Rezende•Onde histórias criam vida. Descubra agora