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Bruno Rezende

-Você só fala, Lydia- repito o que ela havia dito antes

-Meu irmão me paga por me deixar aqui com você, sabia?- sinto alguma coisa respingar em meu rosto

-Lydia! Eu pinto aqui para você e você ainda faz isso comigo?

-Claro, você que começou, idiota- e ela esqueceu o quão competitivo eu sou

-Preciso descer para limpar isso- na hora de descer, encosto na lata, fazendo com que ela vire na cabeça dela

-Puta que..- ela praticamente grita

-Meu Deus, Lydia! Eu sinto muito, não foi minha intenção- Digo dissimulado e tento me aproximar para ajudá-la a se limpar, recebendo um tapinha na mão

-Não, não, não encosta! Nossa, olha o que você fez comigo, cara- finalmente solto a gargalhada

-Não está nada mal

-Diz isso porque não é você todo pintado, babaca. E ainda desperdiçou a tinta toda

-Posso comprar outra para você

- Não, você não pode fazer nada, fica quietinho aí

-Você precisa parar de ser rabugenta

-E você precisa parar de ser uma criança!

-Não preciso não

-Precisa sim, caralho- Olho para ela e não sei o que deu em mim, só sei que ela estava ali, nós discutimos desde sempre, e tinha um clima ali.

Simplesmente não consigo me conter, não sei como e nem de onde veio isso, mas a puxo pela cintura, colando nossos lábios. Ela demorou para corresponder, mas logo sinto suas mãos acariciando minha nuca. Era um toque bom, que fez com que todos os pelos dali se arrepiassem, mas durou pouco, já que ela se afastou bruscamente, me encarando por um tempo

-Mas o que é isso, Bruno?

-Um beijo?

-Eu sei que é um beijo, mas por quê?

Ela não me dá tempo para que eu responda, e sai dali, provavelmente indo para o seu quarto.

Merda, merda! Mil vezes merda!

Agora ela não vai mesmo olhar na minha cara, mas eu não me arrependo. Muito pelo contrário, foi bom, muito bom, bem melhor do que eu poderia imaginar, mas agora tudo está confuso, minha cabeça está à mil e eu não tenho ideia do que fazer.

Resolvo deixar uma mensagem para ela, mas não sei o que digitar. Fico ali com cara de idiota até que ouço a voz de Lucarelli chamando a irmã.

-Luca!- saio dali, indo até a porta de entrada

-O que aconteceu aí?- ele aponta para mim

-Ah, eu e sua irmã resolvemos pintar o quarto dos fundos

-Vocês dois? Juntos? Isso explica toda essa tinta

-E eu acho que fiz merda

-O que você fez, Capita?- ele passa por mim, colocando a mochila no sofá. Já está até levando mochila pra casa do meu pai?

- Beijei ela- ele para o que estava fazendo e se vira pra mim

-Você fez o quê?

-Isso aí que você ouviu, e ela fugiu, não parece ter gostado muito

-Mas é claro, Bruninho! Vocês estavam brigando hoje de manhã e agora você beija ela?

-Mas ela correspondeu, e depois foi pro quarto dela, não sei o que fazer mais

-Deixa comigo, irmão, vou conversar com ela

-Ok, ótimo!- falo meio nervoso- Você me fala depois? Eu vou indo, ela não deve querer olhar na minha cara tão cedo.

-Isso é verdade, mas eu te deixo informado- Ele me entrega a chave do meu carro

-O que? Por que você estava com meu carro?

-A Júlia pegou ele emprestado- dá uma breve piscadela, e eu deixo um tapa em sua nuca

-Idiota! Ainda vamos conversar sério, Lucarelli Souza- aviso e antes de ir fazemos um toque de despedida.

-Espero que você não tenha traumatizado minha irmã também- sorrio de lado

É, é o que eu espero também.

I hate you •Bruno Rezende•Onde histórias criam vida. Descubra agora