Capítulo Cinco

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ANALUZ

Não consegui dormir durante muito tempo naquela noite, por isso ouvi o momento exato em que Valentim entrou em meu quarto durante a madrugada e se abaixou ao lado de minha cama.

Sua mão grande e forte me tocou o cabelo com carinho e segui estática virada na direção oposta, fingindo descansar em sono profundo. Não me movi ao sentir um beijo demorado em meu cabelo. Não me movi ao sentir sua mão me acariciando o cabelo delicadamente...

A confusão, mais do que nunca, se instalou em minha alma.

Perguntei o motivo de ter ido embora e ele simplesmente me beijou, assim, sem mais nem menos!


Querido Diário,

Hoje Valentim me beijou.

Bom, nós nos beijamos!

Não fiz força para que me soltasse e muito menos relutei em aceitar sua língua em minha boca, pelo contrário! Senti borboletas no estômago! Me senti como nos filmes e queria sentir muito mais se pudesse!

Não consigo deixar de pensar que beijar meu irmão foi o maior erro de minha vida. Não consigo deixar de pensar nele, tão pouco... Em suas mãos. Em seu toque firme e agradável.

Em como ele parecia encantado por me tocar.

Será que estava brincando comigo e apenas queria me pregar uma peça?

Papai ficaria uma fera se soubesse! Não haveria ninguém no mundo capaz de explicar a ele que isso era aceitável, mesmo nós dois não sendo parentes de sangue. Para ele e mamãe, Valentim e eu somos irmãos!

Os desonraria se não fosse assim.

Me desonraria!

Que espécie de mulher Valentim pensa que sou, se ele tem uma namorada e me beija como se pudesse fazê-lo a sua vontade? Que espécie de homem Valentim é, se me beijou na boca sem se importar com as consequências?

Se ele não pensou bem em tudo, posso fazer isso por ele. Esse beijo deve ser esquecido como o amor que um dia senti por ele foi.

Esse beijo deve ficar oculto no passado, para sempre.

Ass. Analuz Louise Vilanova Carrera.


— Loirinha... — Ao sair de meu quarto ainda de pijama na manhã de sábado, ouvi a voz dele me chamando no corredor. Me virei e o vi caminhando em direção a mim. Usava nada além de uma calça de moletom cinza. O peito desnudo. Engoli em seco diante da visão de seu peitoral forte, tentando ignorá-lo — Precisamos conversar...

— Precisamos? — Cruzei os braços a frente do corpo depois de bocejar — Vai me encher o saco logo cedo, maninho?

Valentim apoiou as mãos na cintura sem esconder a confusão no olhar cor de café.

— Precisamos falar sobre ontem, Analuz, não se faz de tonta! — Insistiu baixinho e chegando mais perto.

— Ah claro! Preciso te agradecer! — Sorri despreocupada, executando bem meu papel de atriz — Obrigado por ter me trazido! Foi você que me trouxe, não foi? Nem me lembro como cheguei ontem! O papai viu a gente? — Sussurrei também.

Diário de Um Pecado: A "irmãzinha" do CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora