VALENTIM
— Pensei que você ficaria mais calmo quando finalmente visitasse seus pais, querido, mas parece ainda mais nervoso! O que está acontecendo realmente, Valentim?
O espaço do escritório na casa de Petrônio parecia pequeno para conter toda minha ansiedade. Caminhar de um lado para o outro com o copo de bebida na mão parecia ser a única maneira de me livrar da inquietude que se instalava em meu peito.
— Estou perdendo minha mãe pela segunda vez para a mesma maldita doença, Michele. Acha isso pouco? — Tentei parecer calmo na resposta — Além disso, tenho problemas na empresa e... Estou prestes a completar vinte e nove anos. Isso significa que tenho pouco mais de treze meses para me casar.
— Quanto a isso, não se preocupe! Sabe que estou disponível para me casar com você na hora em que desejar, baby!
Comprimi os lábios e bebi mais um grande gole de bebida.
Ela estava disposta a se casar, mas e eu? Realmente abriria mão do amor para me atar a um casamento de mentiras para salvar a fortuna de minha família? Seria capaz de abrir mão do amor de minha vida, mesmo que ela de fato nunca tenha sido minha?
Após desligar, sentei-me na poltrona principal do escritório e contemplei uma foto de família que Petrônio mantinha pendurada ali.
Petrônio sentado em uma poltrona vermelha, Aretha ao seu lado, Analuz atrás da mãe e eu atrás de Petrônio. Ela deveria ter uns oito ou nove anos e eu dezoito. Naquela época tudo era tão simples... Era tão fácil amá-la como uma irmãzinha caçula adorável. Era tão bom ser livre de qualquer impedimento!
Mas conforme foi crescendo e se tornando mulher, Analuz trouxe consigo algo diferente, fazendo com que eu me descobrisse apaixonado por ela. Loucamente apaixonado!
Não podia simplesmente dizer a Michele que todo meu nervosismo era porque Analuz não se lembrava de meu beijo. Não podia dizer que sentia vontade de quebrar toda a mobília da casa por me dar conta de que Petrônio estava aprovando a ideia de Sebastian, meu melhor amigo de infância, demonstrar interesse em Analuz!
Abri o aplicativo de mensagem para enviar uma mensagem de desculpas a Michele quando vi uma foto diferente do status de Analuz. Não hesitei em abri-la.
Lá estava ela... Com Sebastian!
Apertei o celular na mão e senti o sangue fervendo nas veias! Coloquei-me de pé sem pensar, subindo em direção ao quarto dela em passadas firmes pela escada. O corredor escuro evidenciava que muitos já dormiam, inclusive meus pais.
Não bati na porta, sequer pensei em fazê-lo. Abri e entrei, fechando a porta atrás de mim com um empurrão.
Analuz estava deitada de bruços na cama escrevendo em um diário... Um dos mesmo que escrevia desde menina e mantinha coleção. Ao me notar, sentou-se repentinamente. Foi aí que me dei conta de que estava de sutiã e short. Um sutiã azul claro com rendas e um short curto e branco. O cabelo preso para trás e os olhos azuis surpresos.
Minha garganta secou ao vê-la de tal forma. Os seios eram pequenos, mas saltavam no sutiã apertado. A pele era clara e limpa. Algumas pintas se espalhavam em seus ombros, perdendo-se nos seios, e minhas palmas suaram pela visão.
— O que você está fazendo no meu quarto? — Questionou irritada e apontando a porta — Me deixa em paz, por favor! Já não basta o show que deu com Sebastian hoje, ainda tem mais para me atormentar?
Por um momento fiquei sem palavras diante dela e sua falta de roupas, mas logo me lembrei do motivo pelo qual estava ali.
— Pode me explicar que palhaçada é essa? — Mostrei a foto e ela analisou — Agora é tão fácil, Analuz? Qualquer um que chega pode se tornar seu grande e querido amigo?
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Diário de Um Pecado: A "irmãzinha" do CEO
RomanceValentim Vilanova, após a morte precoce da mãe, foi adotado pelo padrasto aos dois anos. Dando continuidade ao império que herdou da matriarca, tornou-se um famoso CEO do ramo têxtil e vive cercado de atenções em uma vida minunciosamente planejada n...