Capítulo Quatro

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VALENTIM


Analuz podia parecer muito inteligente e dona de si, mas não tinha ideia do quanto era ingênua e inocente. Não tinha ideia de como sua beleza era capaz de arrebatar os homens ao redor.

Muitos se aproximavam dela sem que sequer desse conta, ignorando-os naturalmente. Dançava de maneira simples e descontraída, mas mesmo assim sua beleza diferente se destacava entre as demais.

Era naturalmente loira. Tinha os cabelos ondulados, não lisos ou alisados. Seu rosto era tão uniforme quanto o corpo, que a cada movimento na pista de dança me deixava ainda mais nervoso. Cada segundo ao lado dela era uma prova de fogo a mais em meu autocontrole.

— Aqui está ele, não te falei? — Me virei e encontrei Philip ao lado de uma figura conhecida. Estreitei o olhar quando o homem me esticou a mão com um grande sorriso — Chegou faz alguns dias...

— Não se lembra de mim, mano? Sou Sebastian! Sebastian Yantra! — Coloquei-me de pé no mesmo momento, abraçando-o com animação.

— Sebastian! Quantos anos, meu amigo? — Bati no ombro forte do homem loiro que me abraçava — Você parece muito bem!

Sebastian é meu amigo de infância. Crescemos juntos porque a família dele era muito amiga dos Vilanova, família de meu padrasto, e a mãe dele, em especial, amiga íntima de Aretha, minha mãe adotiva.

— Não melhor do que você, cara! O grande CEO do ramo têxtil! Fui perguntar sobre você para seu primo e olha... Você estava bem aqui! — Sorri pegando meu copo de cima da mesa. Philip nos ouvia, mas logo saiu diante de meu olhar.

— Cheguei faz pouco... Vim acompanhar Analuz, se lembra dela? — Sebastian pensou, também segurando uma bebida.

— Sua irmãzinha? — Suspirei cansado — Claro que lembro! Ela já tem autorização para entrar neste lugar? Caramba! Estou velho mesmo!

— Aqui pode entrar com dezesseis, então sim, ela tem — Concordei batendo em seu ombro — E ai, me diga... Como vão as coisas? Soube que seus negócios vão de vento em poupa...

Enquanto conversávamos, meu olhar seguia em Analuz, que dançava com as prima e a amiga. Seus olhos me buscavam vez ou outra, interessada em minha conversa.

Sebastian seguia os passos do pai à frente da empresa da família e seguia solteiro e festeiro, mas buscava um relacionamento, segundo o que disse. Elogiou meu namoro com Michele, algo público, e me parabenizou por ter uma noiva tão bonita. Meus olhos, mesmo que ouvissem tais palavras, apenas podiam ver Analuz.

Um garoto se aproximou dela. Ambos começaram a conversar um pouco alheios a Violeta e Roberta, chamando minha atenção. Suspirei enciumado, sem conseguir me controlar quando o garoto em questão lhe tocou o braço e se aproximou para beijar seu rosto.

Pedi um minuto para Sebastian e fui até ela, parando as suas costas e encarando o rapaz com a ira no olhar, analisando-o. O mesmo engoliu em seco ao me ver, fazendo Analuz se virar.

— Ah, com licença! É o meu irmão... — O garoto concordou, saindo em seguida com receio — O que você quer, hein?

— Quem é esse? — Analuz sorriu ironicamente, desafiando-me com o olhar.

— Um amigo do colégio... E eu já disse que você não é meu pai!

— Sou seu irmão mais velho! Não vou deixar um pirralho qualquer ficar se aproveitando de você na frente de todos! — Ela riu sem humor.

— Apenas estávamos conversando, Valentim! — Analuz se colocou na ponta dos pés para falar, quase alcançando meus lábios. Senti o cheiro de bebida em seus lábios, dando-me conta de que já se excedia no álcool — E você não é meu irmão!

Diário de Um Pecado: A "irmãzinha" do CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora