9 anos depois, Yuji já tinha 15 anos. Ele era um adolescente belo e de bom coração, enquanto Sukuna continuava o mesmo.
Yuji estava no seu quarto, a estudar, quando ficou aborrecido. Rasgou uma parte do pergaminho e escreveu nele. Apertando-o dentro de seu punho, queimou-o com energia amaldiçoada.
Sukuna estava no salão de oferendas, ouvindo os pedidos de mais uma família de súbditos. Ele também estava aborrecido. Com dois dos seus olhos, viu uma chama azul aparecer perto dele. Quando lhe pegou, apareceu um pedaço rasgando de pergaminho. Nele tinha escrito: "Nii-san, estou entediado".
Reconhecendo como sendo a caligrafia do seu irmão mais novo, ele sorriu no seu interior. Com uma de suas garras, queimou o papel, escrevendo "A quem o dizes", para depois o queimar de novo com energia amaldiçoada.
Momentos depois, outro pedaço de pergaminho apareceu, desta vez escrito "Já que estamos sem nada para fazer, podemos conversar?". A maldição respondeu: "Claro, porque não?"
Continuaram a conversar dessa maneira por mais algumas (muitas) vezes, até Yuji trazer um certo assunto à conversa.
"Nii-san, estava a pensar, porque não me deixas sair do palácio?"
"É demasiado perigoso lá fora."
"Porquê?"
"Existem ladrões e criminosos à solta, sem falar das outras maldições."
"Aprendi a controlar energia amaldiçoada para quê, senão para lutar com elas?"
Sukuna suspirou discretamente.
"Está bem. Podes ir lá fora uma vez, para veres como é. Vou enviar um servo contigo e tens de estar de volta antes do sol se pôr!"
"Certo!"
O mais velho sorriu e rapidamente chamou o servo que estava mais perto.
- Sim, meu senhor?
O mestre sussurrou, pois a existência de Yuji ainda era um segredo.
- Meu sucessor quer ir dar um passeio lá fora, e eu quero que vás com ele. Trá-lo antes do sol se pôr. Se acontecer algo com ele ou não estiverem aqui a horas, o culpado serás tu. Entendeste?
- Sim, senhor. O seu desejo é uma ordem.
- Ótimo. Agora vai lá, que ele está com pressa.
O servo se despediu com uma vénia, dirigindo-se para o quarto de Yuji, para o ir buscar. Sukuna não tinha mentido. Se, por alguma razão, ele não pudesse mais reinar, independente do que acontecesse, o "trono" seria passado para o seu irmão mais novo, já que o atual rei não era casado ou, muito menos, tinha um filho.
O mais novo já estava pronto. Vestia um quimono branco e azul, com um lenço na cabeça, para ninguém reparar na sua cor de cabelo... diferente. O servo chegou e levou-o até a saída do palácio. Seguiram em direção à vila Maō no Mura*, a mais próxima do palácio.
Havia muita movimentação. Pessoas conversavam, caminhavam. Algumas vendiam ou compravam coisas, outras carregavam objetos, como cântaros de água, ou guiavam carroças. Mulheres remendavam roupas, cozinhavam e algumas olhavam por seus filhos. As crianças brincavam nas ruas, correndo de um lado para o outro e rindo. O mestre mais novo estava encantado. Uma alegria encheu o seu coração, fazendo-o sorrir.
- Não sei porque nii-san estava tão preocupado. Isto aqui é maravilhoso!
- Devo concordar consigo, jovem mestre. No entanto, tenha cuidado na mesma. - Pediu o servo. Ele definitivamente queria acabar o dia sem nenhum problema.
- Hm, podes deixar!
No momento em que Yuji sorria, uma criança esbarrou contra ele, caindo ao chão. Ele percebeu isso e apressou-se a se abaixar.
- Ei, garoto, estás bem?
- Eu estou bem!
Essa criança não devia ter mais de 8 anos. Seu cabelo era castanho claro, quase loiro, seu olhos eram azuis e faltava-lhe um dente da frente. Tinha arranhado o joelho, mas sorria.
- Precisas de ajuda para te levantares?
- Não é preciso, obrigado, senhor!
Assim que ele se levantou, olhou com mais calma para Yuji. Vendo a forma como ele se vestia, sorriu novamente, maravilhado.
- Wah, você deve ser um jovem mestre, não é?
- Bem, pode-se dizer que sim.
- Que de mais! Isso significa que você consegue ler? E escrever?
- Isso mesmo!
- Ouvi dizer que jovens mestres de seitas poderosas conseguem usar magia. Você também consegue?
- Hahaha. Está certo!
Duas grandes estrelas pareceram aparecer nos olhos do garoto. Ele soltou um enorme sorriso e correu até uma casa.
- Mãe! Mãe! Nem vais acreditar! Eu conheci um jovem mestre que usa magia!
Yuji riu com a felicidade do menino. No entanto, o servo não parecia muito feliz. Na verdade, parecia um pouco incomodado.
Uma mulher apareceu à porta da casa, com o garoto a guiá-la pela mão. No momento que ele apontou para Yuji, a mulher olhou para ele e sorriu.
- Ah, você deve ser o jovem mestre de que o meu filho falou. Você chegou em uma boa altura, vai começar a festa da vila.
Mesmo que a mãe e o filho fossem do povo, e usassem linguagem popular com um sotaque estranho, dava para entender o que eles queriam dizer.
- Sério? Epou, não me disseste que era o dia da festa local! - Epou era o nome do servo.
- Me perdoe, jovem mestre. Eu realmente não sabia dessa informação.
- Haha, não faz mal! Vamos divertir-nos um pouco.
Dito isto, Yuji, juntamente com a criança, correu para o meio da multidão. Epou, rapidamente deixou de o ver.
- Espere! Jovem mestre! Se acontecer alguma coisa consigo, o seu irmão vai matar-me!
O pobre servo correu para a multidão também, tentando não perder o seu mestre mais novo.
Maō no mura: em caractere, 魔王の村, que significa "Devil's Village", em português, vila do demónio ou vila do rei demónio.
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Meu irmão de outra mãe (e outro pai)
FanfictionO tenebroso Rei das Maldições descobre que seu coração é mais mole do que imaginava. Com uma criança nos braços, a sua personalidade muda enquanto o irmão adotado cresce e se torna um jovem parecido a ele. Mas no mundo há pessoas que se aproveitam d...