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Yuji acordou com um sobressalto. Havia algo que o prendia, não só as mãos, mas também a cabeça. O sol tornava quase impossível de ver o que era mas, depois de ficar com uma farpa presa no pescoço, descobriu que estava numa guilhotina!

Olhando para o lado, viu Sukuna preso da mesma forma que ele, mas sem uma lâmina presa por cima da cabeça e ajoelhado, coberto com encantamentos, talismãs e correntes mágicas. Este já estava acordado, mas olhava para o chão, sua expressão insondável.

Assustado e preocupado, Itadori chamou-o baixinho.

- Nii-san?

Ele respondeu olhando na sua direção, e então o mais novo reparou: seus cabelos estavam despenteados, seu olhar cansado. Parecendo reunir suas últimas forças, Sukuna soltou um curto sorriso, que durou apenas a primeira parte de sua fala.

- Yuji! Peço desculpa, irmão não consegue fazer nada. Estamos presos! Não há nada que eu possa fazer, e estou... com medo do que possivelmente virá a seguir...

- Por enquanto ainda temos tempo para pensar. Pensar numa maneira de sair daqui!

- Não. Yuji, és muito novo e ainda não entendes. Tu estás preso com uma lâmina por cima da cabeça. Se fizeres alguma coisa, a corda que a segura romperá e a lâmina cairá. Eu estou preso com todas as maneiras possíveis de prender uma maldição, não conseguirei me libertar!

- Mas esses selos são só para maldições. Porque não consegues libertar-te?

Sukuna suspirou.

- Isso é uma das coisas que já devia ter-te contado há muito tempo. Eu sou rei, mas não um rei qualquer. Para além de rei destas terras, sou o Rei das Maldições, ou seja, sou uma maldição.

- Estou a ver... Isso é a razão de eles te odiarem?

- Sim. Ou melhor, uma das razões. Como maldição, tenho de matar pessoas para me alimentar de vez em quando e para me tornar mais forte.

- Como.... o meu clã?

- Não, isso é outra história. Há quatorze anos, quando eras um bebê, chegaste ao meu palácio com a tua família. Por alguma razão, eu senti que eras especial, diferente das outras crianças. Tu tinhas um coração puro, mais branco que as nuvens! E eras tão parecido comigo...

Mesmo fraco, o mais velho voltou a sorrir.

- Eu sabia... eu sabia que eras algum presente vindo dos céus, para me reensinar a bondade e felicidade. Depois de muitas pesquisas, eu realmente achei algo que comprovava isso. Uma antiga profecia.

Yuji arregalou os olhos, surpreso.

- Uma profecia? Sobre mim?

- Exatamente! Dizia: "Quando as trevas dominarem os sete reinos, uma criatura pura nascerá para iluminar os que esperam o dom da felicidade eterna." Depois disso, tentei o meu melhor para tomar conta de ti.

- Mas, porque tinhas de matar a minha família?

- Naquela época, tu tinhas rido de mim. Isso é sinal de desrespeito. Não queria que as pessoas pensassem que podiam livremente fazer isso, então mandei executar o clã Itadori inteiro como punição, e menti dizendo que também tinhas sido morto. Mas tudo o que fiz não foi só pela profecia ou por egoísmo. Na verdade, assim que te vi, meu coração, que eu já me tinha esquecido que tinha, ficou quente. Eu não sentia isso desde os meus tempos como humano e tinha-me esquecido de que já tinha sido um. Tudo o que fiz, foi por amor, e isso foi o que me chocou mais.

Yuji ouviu esta última parte e, depois da surpresa se esvair, sorriu.

- Também te amo, irmão!

- Que momento tão fofo. Que pena que essas palavras não vão salvar-vos.

- Porque está a fazer isto? - Perguntou, de forma um pouco rude, Itadori.

- O povo quer liberdade. Quer um verdadeiro rei que saiba verdadeiramente reinar!

- Yuji não tem nada que ver com isto! Se me vais matar, poupa-o, pelo menos! - Rosnou o mais velho dos irmãos.

- Se o garoto for poupado, mais cedo ou mais tarde subirá ao trono, e ninguém tem certezas de como ele foi criado. Quem saiba, até pode ser como o irmão!

- Meu irmão tem um coração gentil, nunca faria mal a uma formiga. Testemunhei isso com meus próprios olhos!

- Isso ninguém mais sabe, até pode ser mentira. Então, para segurança, ele irá consigo também.

Yuji estava cabisbaixo, mas olhou para Sukuna com um grande e caloroso sorriso.

- Certo, então. Nos vemos por aí, Nii-san!

E, dito isto, o executor cortou a corda com um machado. A lâmina caiu e o choque atingiu o coração de Sukuna como uma flecha ardente, fazendo lágrimas rolarem pelo seu rosto.

.......

No entanto, a profecia dizia: "O dom da felicidade eterna", certo? Reza a lenda que, depois da morte de Sukuna por esvaimento de sangue, através da amputação e selamento de seus dedos, as almas dos dois nunca se separaram.

Por isso, a lenda também diz que, 1.000 anos depois, um menino de cabelo rosa e olhos negros como obsidiana chamado Itadori Yuji nasceria, tornando-se, futuramente, um feiticeiro jujutsu. E que, em seu corpo, viveria um poderoso demónio denominado Ryomen Sukuna. Os dois não se dariam bem, tendo de partilhar um corpo, mas Sukuna sempre ajudaria Itadori a derrotar inimigos que o ameaçassem.

No final, parece que a profecia era real...


★†‡†★


Meu irmão de outra mãe (e outro pai)Onde histórias criam vida. Descubra agora