A desorganização reinava nesta festa, mas era normal, já que havia muita gente.

Epou tinha perdido Yuji entre a multidão, sem saber para onde foi e sem encontrar rastos.

O jovem, por sua vez, estava a divertir-se, participando no festival com o garoto e sua mãe, experimentando alguns doces e bolinhos que os vendedores davam de graça, até que houve um momento em que ficou cansado de estar de pé e de dançar e educadamente pediu para que se afastasse um pouco do amontoado de pessoas.

Sentando-se numa pedra, começou a mordiscar um bolinho de feijão, que eram os seus favoritos. Enquanto observava as outras pessoas a divertirem-se e as crianças a correrem, brincando, seu olhar passou por uma velhota. Ela parecia estar com dificuldades em pegar num cesto cheio de maçãs.

Ele olhava para ela com curiosidade e só reagiu quando a viu cair, virando o cesto e espalhando as maçãs pelo chão.

Rapidamente se levantou e correu para ajudar a velhota.

- A avó está bem? - Perguntou, ajudando-a a levantar-se.

- Que cavalheiro. Sim, eu estou bem, não foi uma grande queda. Apenas meus braços já não são o que eram, entende, meu jovem?

- Sim, eu entendo. - Sorriu, gentilmente.

Assim que a senhora se assentou nos seus pés, Yuji viu que ela ia abaixar-se de novo para pegar as frutas e então impediu-a.

- Não se preocupe, vovó, eu ajudo.

Ele próprio se abaixou para apanhar as maçãs e colocá-las de volta no cesto.

- Aqui tem. Precisa que eu leve?

- Não será preciso, meu jovem. Só precisava de ajuda para erguer a cesta.

Quando a velhota pegou no cesto, inconscientemente prendeu o lenço que cobria a cabeça de Yuji. Ao virar-se para sair, o lenço caiu, expondo os seus cabelos rosa.

Vendo mudança na aparência dele, a senhora olhou-o com mais cuidado e, com um chiado, deixou cair novamente o cesto, aterrorizada.

Yuji estava confuso. Só depois de sentir uma brisa atrás das orelhas reparou que o lenço tinha caído. Ele estendeu a mão para o apanhar (o lenço estava no chão), mas já era tarde demais.

Muitas das pessoas que estavam a festejar entre as bancas de comida, orquestra e outros jogos olharam para a direção daquele barulho, pensando que a velhota pudesse precisar de ajuda, ficando congelados no lugar, aterrorizados. Acontece que, mesmo não sendo irmãos de sangue, Yuji ainda era bastante parecido com Sukuna! Logo, todos entraram em pânico, pensando que ele era o tenebroso rei disfarçado.

Todas aquelas pessoas soltaram um grito de medo e pavor, recuando alguns passos. Até mesmo a velhota, caindo ao chão, de novo.

Vendo que ela caiu outra vez, Yuji voltou-se para ela, estendendo uma mão.

- Deixe-me ajudá-la.

- Não! Não será necessário!

Dito isto, começou a arrastar-se para longe.

- É ele!

- O que o Rei está a fazer aqui?

- De certeza que veio cá para causar confusão!

Várias pessoas sussurravam ao seu redor, e como Yuji tinha uma ótima audição, conseguia ouvir tudo.

Ele estava confuso. O seu irmão não era o rei adorado e respeitado por todos? Porque estas pessoas teriam tanto medo dele?

- Mamã, aquele não é o jovem mestre mágico? - Era o garoto de mais cedo.

- Não te aproximes dele!

Todos estavam com medo de Yuji. Ele não conseguia estar mais numa situação destas.

- Todos, mantenham a calma. Eu não sou Sukuna. Meu nome é Yuji! Itadori Yuji!

Mas os sussurros só aumentaram.

- Itadori? O clã Itadori não tinha sido completamente exterminado?

Completamente exterminado? Como pôde isso acontecer? Será que, depois disso, ele foi entregue a Sukuna?

- Isso pode ter sido mentira.

- Não foi nada! Eu vi com meus próprios olhos e ouvi com meus próprios ouvidos! O mensageiro do Rei executou-os no meio da avenida principal!

- Eu lembro disso! O mensageiro disse que o descendente mais novo do clã tinha desrespeitado o Rei, e que o corpo morto da criança tinha sido dado para alimentar os cães!

Nada disto fazia sentido para Yuji. Ele estava bem aqui! Como podia ter sido dado de comer aos cães? Ou o que eles estavam a dizer era mentira.... ou o seu próprio irmão mentiu-lhe a vida toda!

Obviamente, preferia pensar que o que diziam era mentira e acreditar em Sukuna, mas que outra explicação teria para ter sido mantido "preso" dentro das portas do palácio por tantos anos?

Quanto mais pensava, mais confusas ficavam as coisas.

- Isso é mentira! Meu irmão nunca faria isso!

Claramente esta frase tinha sido acidentalmente solta, em meio a toda a confusão.

Irmão! Essa foi a palavra que chamou mais a atenção.

- "Irmão", diz ele?

- Se eles são irmãos, podíamos capturá-lo. Com ele em nossas mãos, o Rei não pode fazer nada contra nós!

Os que ouviram esta afirmação concordaram. Em poucos instantes, toda a multidão de pessoas achou razoável e viraram-se para Yuji, para o tentarem prender.

- Apanhem-no!

Nesse momento, nem mesmo Epou, o servo responsável por ele, conseguiu fazer alguma coisa.

Meu irmão de outra mãe (e outro pai)Onde histórias criam vida. Descubra agora