Prólogo

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– Venha, sente-se aqui – ele deu tapinhas leves no colchão onde estava deitado. Parecia ser um homem gentil. E paciente. A cama king size vermelho-sangue o deixava menor do que realmente era. Os cabelos castanho-claros molhados e caindo sobre a testa não escondiam as bolsas escuras embaixo dos olhos e a expressão cansada, apesar de estar sorrindo. Um sorriso doce, querendo passar confiança.

Ainda assim, ela estava nervosa. Já fazia uns bons vinte minutos que o encarava, encolhida em um canto do luxuoso quarto de motel. Ela tinha certeza que nem vendendo sua alma pelo dobro do preço teria condições de pagar por uma hora em um lugar como aquele, e ele o tinha reservado para uma noite e um dia inteiros.

– Olha só, sei que não me conhece e que não tem experiência, e esse foi um dos motivos que me fez escolher você. Além disso, não precisamos fazer nada se não se sentir confortável. Não a forçarei a ficar comigo, está bem? Eu prometo! – disse ele.

Era sua quinta tentativa de fazê-la desgrudar da parede cuidadosamente coberta por um papel de parede elegante que ajudava a criar um clima aconchegante e talvez até romântico. Se não soubesse, e se não fossem as cores intensas da roupa de cama e das cortinas nas janelas, seria fácil de acreditar que estavam em um hotel comum — para o padrão daquele homem, é claro!

Ouvi-lo falar daquela maneira a fez sentir culpa. Era óbvio que ele estava gastando muito só para tê-la em sua cama naquela noite e não seria justo que não desfrutasse daquilo pelo que pagou. Além do mais, quando se inscreveu no site para acompanhantes de luxo, sabia o que estava por vir. Era tarde demais para voltar atrás e ela precisava pensar no motivo pelo qual estava fazendo aquilo.

Com isso em mente, fechou os olhos por alguns instantes, fez um exercício de respiração — inspirando em quatro tempos e expirando em quatro tempos —, repetiu, e repetiu, antes de se afastar da parede, deslizar o robe branco por seus ombros e deixar que aquele homem visse o quão obediente tinha sido ao usar o dinheiro que ele já tinha depositado na sua conta para comprar o conjunto de lingerie caríssimo de sua preferência.

Não podia dizer que sentiu-se assustada quando viu o sorriso de satisfação no rosto dele. Inesperadamente, estava até um pouco excitada. Afinal, apesar de ser a primeira vez que estava indo para a cama com alguém por dinheiro, não podia negar que aqueles olhos claros e o porte atlético faziam exatamente o seu tipo de homem. E de mulher. 

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