– VOCÊ TEVE UM SONHO ERÓTICO COM A SUA CHEFE?
Revirei os olhos para os gritos desnecessários de Zelena do outro lado da linha.
– De tudo que acabei de contar, você só registrou isso?
– É a parte mais interessante, o que quer eu diga? – perguntou ela, com inocência fingida.
– Ah, sei lá! Qualquer "parabéns pelo novo emprego" ou "estou feliz por você" já serviria – respondi enquanto esvaziava meu guarda-roupa minúsculo. Não teria muito trabalho para levar minhas coisas para a cobertura de Emma.
– Parabéns pelo novo emprego, estou feliz por você – repetiu e eu pude sentir a pontada de ironia em sua voz. – Não sei porque está tão surpresa. Eu sabia que conseguiria. Apesar de que, se não fosse por mim, você teria desistido, então, de nada. Agora me conte tudo sobre esse sonho.
Tive que rir.
Sim, eu era grata por ter Zelena na minha vida. Apesar de não ser minha irmã de sangue, ela esteve do meu lado desde a primeira vez que nos vimos.
Eu era novata naquele orfanato em Boston. Tinha acabado de perder meus pais em um maldito acidente de carro, ainda tinha a cabeça enfaixada e curativos espalhados por todo o corpo quando fui deixada lá, sozinha para fazer minha própria sorte, aos cinco anos de idade.
Zelena tinha oito. Era a mais velha do nosso grupo e tinha o coração dotado de uma generosidade fora do comum para alguém naquela situação. Eu não conhecia ninguém ali e estava muito assustada, então, foi uma grande surpresa quando ela quis se aproximar e cuidar dos meus machucados. Fiquei mais surpresa ainda quando ela decidiu me defender das mãos mal intencionadas da diretora do orfanato e acabou por tomar uma senhora surra no meu lugar. Então foi a minha vez de cuidar dos machucados dela. Assim, nos tornamos melhores amigas, passamos por muitas coisas juntas, até que ela chegasse à maioridade e tivesse que deixar o orfanato.
Os três anos seguintes se tornaram um verdadeiro inferno. Eu sentia falta dela, do seu apoio, de suas loucuras. Ela era tudo que eu tinha, era minha família. E tinha ido embora. Mas, no dia do meu aniversário de dezoito anos, Zelena estava lá, me esperando no portão, pronta para me levar para sua casa.
E esse foi o dia mais feliz da minha vida. Eu estava livre dos maus tratos da diretora e, de quebra, ainda poderia ficar junto daquela que considerava minha única amiga, minha irmã mais velha.
– Não há nada para contar, foi só um sonho – esvaziei as gavetas da cômoda e comecei a arrumar minhas roupas íntimas e roupas de dormir no fundo da mala. Estava usando fones de ouvido dessa vez, então, pude ouvir nitidamente o suspiro frustrado de Zelena.
– Qual é, Regina, me dê alguns detalhes.
– Henry está bem, obrigada por perguntar – murmurei, mudando o tópico da conversa. – Ficou feliz por saber que consegui o emprego, mas não tanto quando soube que isso diminuiria a frequência das minhas visitas.
Zelena suspirou novamente, desistindo.
– Ele já sabe sobre o novo prazo que o juiz te deu?
– Não contei para ele.
– Regina...
– Eu sei, eu sei – foi a minha vez de soltar um suspiro de frustração. – Prometi que não esconderia nada e não devo quebrar minhas promessas, mas...
– Mas, o quê?
– Ele estava no meio de uma sessão de quimioterapia, estava fragilizado, e essa foi a primeira vez que o vi sorrir em meses! – joguei mais algumas roupas na mala antes de passar as mãos pelos cabelos em um gesto nervoso. – Não quis contar algo bom e, logo em seguida, arrancar suas esperanças com uma notícia como essa. Seria cruel.
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Nanny In Trouble
FanfictionRegina Mills tinha um segredo. E, por causa dele, precisava de dinheiro. Consequentemente, precisava de um emprego que pagasse bem. Por isso, não pensou duas vezes antes de se candidatar para o cargo de babá das filhas de Emma Swan, herdeira e CMO d...