5. Mudança

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A semana passou depressa. Emma enviou, como prometido, o contrato redigido pela sua advogada. Confesso que o li, mas, além do que tínhamos combinado durante a entrevista, não poderia dizer que entendi muita coisa do que estava escrito ali, portanto, encaminhei o documento para que Kathryn o analisasse por mim. E, enquanto esperava por uma resposta, tirei minhas coisas do apartamento — não foi tão difícil, pois tudo que eu tinha cabia em duas malas grandes e uma média — e entreguei as chaves para Aurora, a enfermeira que fazia plantão no andar da pediatria do New York Presbyterian Hospital três vezes por semana.

Minha intenção, desde o início, era devolver o apartamento ao dono, mas a ideia de sublocá-lo surgiu durante a segunda visita que fiz a Henry naquela semana.

Aurora estava por perto e me ouviu contar que já tinha tudo preparado para a mudança. Henry perguntou se eu levaria a cama e o restante dos móveis para minha nova casa e eu respondi que talvez os vendesse ou simplesmente os deixasse no apartamento.

Foi quando a enfermeira decidiu entrar na conversa e perguntou se eu não estava interessada em sublocar. Ela inclusive se ofereceu para pagar um pouco a mais para manter os móveis sob seus cuidados, pois precisava urgentemente sair da casa de sua mãe controladora, e morar próximo ao hospital onde trabalhava seria um bônus muito bem-vindo para ela.

Eu, é claro, aceitei a proposta de bom grado, porém, com um objetivo egoísta. Afinal, estar em contato constante com ela me daria a chance de obter informações sobre Henry sempre que desejasse, sem que fosse necessário entrar em contato com Ingrid ou com a assistente social. O que tornava esse acordo muito mais vantajoso para mim do que para Aurora, no final das contas.

No final da tarde de sexta-feira, eu estava parada na entrada do prédio em que Emma morava, tentando decidir como levaria minhas três malas até o elevador, quando senti uma mão tocando o meu ombro.

– Precisando de uma ajudinha?

Virei-me para encarar a dona daquela voz tão segura e decidida.

– Oh, senhori... – ela semicerrou os olhos em uma repreensão muda e eu me apressei em corrigir. – Emma. Não se preocupe, eu dou um jeito.

Ela sorriu, balançando a cabeça levemente.

– Então, você é do tipo orgulhosa demais para se permitir ser ajudada.

Não era uma pergunta. Ela tampouco esperou por uma resposta antes de se voltar para um homem alto, usando um terno preto, que estava logo atrás dela.

– Jefferson, você pode subir essas malas e deixá-las no quarto da Srta. Mills, por favor?

– Agora mesmo, senhora – ele respondeu de imediato, fazendo um gesto com a mão para o porteiro do prédio que nos observava a uma certa distância, e, antes que eu tivesse tempo de protestar, os dois desapareceram com as minhas malas no interior do prédio.

Então, virei para Emma que me observava em silêncio.

– Não precisava fazer isso. Eu podia ter dado um jeito – suspirei, me sentindo incomodada com a situação. – Não quero parecer mal-agradecida, nem nada. Mas, é que não sou acostumada a ter pessoas fazendo as coisas por mim.

Emma deu um passo na minha direção e colocou novamente a mão no meu ombro.

– Jefferson não fez nada por você, se isso te consola. Ele fez por mim – ela garantiu. – Dirigir e carregar malas, entre outras coisas, faz parte do trabalho dele, Regina. E, já que você vai passar a maior parte do seu tempo com as minhas filhas, terá que se acostumar com isso.

Novamente, ela não me deu tempo de responder. Apenas passou por mim e caminhou para dentro do prédio, na direção do elevador. Eu não tinha outra opção senão segui-la. E foi o que fiz.

Nanny In TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora