Começo a sair da igreja seguindo os mesmos passos pelos quais eu entrei. Vejo que Ryder vem logo atrás de mim, mas eu espero que ele não tenha mais nenhuma piadinha porque já estou começando a ficar impaciente.
Ryder tem vinte anos, dois a mais que eu, então por que é ele quem parece uma criança quando está perto de mim? Às vezes parece que ele gosta de me irritar.Saindo pela porta vejo que minha tia está parada perto da porta do passageiro de seu Range Rover branco, provavelmente à minha espera.
- Até que enfim, tive que inventar uma história maluca para conseguir liberar sua mãe para a festa. Você está bem?
- Na medida do possível - resmungo mais para mim mesma.
- Achei que os remédios estivessem fazendo efeito.Eu não digo nada sobre os ansiolíticos, apenas entro em seu carro no banco traseiro. Minha tia mantém a porta aberta olhando com curiosidade para Ryder vindo ao longe como se estivesse se perguntando o que nós estávamos fazendo juntos. Minha tia sabe que nós nos odiamos desde o dia em que nos conhecemos.
Tia Elizabeth mantém a porta do carro aberta e Ryder entra logo em seguida, do meu lado.
Ryder, assim como eu, não tem carro próprio. Ambos os nossos pais têm dinheiro o suficiente para nos comprar um, mas não confiam um carro em nossas mãos. Na verdade, Ryder teve um carro, mas bateu com ele depois de dirigir embriagado uma vez. Mas pelo menos ele teve a chance de dirigir realmente. Minha mãe deixou que eu tirasse minha carteira aos dezesseis, mas nunca permitiu nem mesmo que eu chegasse perto de seu carro. Acho que as palavras que usou foram: "Assim que estiver pronta, terá seu carro". Mas o que quis dizer foi: "Quando eu achar que está pronta, terá seu carro".- Titia - Ryder a cumprimenta.
- Ela não é sua tia - retruco.
- Detalhes.Tia Elizabeth não diz nada ao entrar no carro. Só começa a dirigir e, como Ryder e eu também não trocamos palavras, a viagem de carro até o sítio onde será feita a festa acontece totalmente em silêncio.
O sítio que minha mãe escolheu fica a mais ou menos duas horas de carro de onde estamos. Ele é grande, e tem uma área com piscinas, outra área com jogos e um grande salão de recepção no meio, onde será feito o jantar daqui a pouco e os discursos.
Minha mãe deve ter me dito aproximadamente vinte vezes que não quer que eu faça qualquer tipo de brinde em sua homenagem. Na verdade ela disse que não quer que eu chegue a dez metros de um microfone. Eu só não sei dizer se é porque ela odeia minha mania de cantar ou se é porque ela tem medo de que eu fale algo que prejudique seu tão maravilhoso casamento.Eu bufo ao pensar nisso e pego meus fones de ouvido e meu celular de dentro da minha bolsa. Coloco minha playlist favorita para tocar, encosto minha testa na janela e fecho meus olhos.
Meu corpo relaxa de uma maneira como não conseguiu fazer o dia inteiro. Sinto o significado de cada palavra e de cada verso intensamente, como se eu estivesse morando dentro de cada nota, até que de repente eu sinto um leve chute na lateral do meu pé que me tira repentinamente de meus devaneios musicais.
Abro os olhos nervosa e me viro bruscamente para Ryder.- O que? - pergunto seca.
Ele não diz nada, somente aponta com sua cabeça para sua frente como se sinalizasse minha tia, depois se vira e olha para o lado de fora de sua janela.
- Querida, você precisa aprender a se controlar.
- Do que você está falando?
- Você estava cantando, de novo.Eu nem tinha percebido. Isso acontece às vezes. E sempre termina da mesma forma: minha mãe me dando um longo sermão sobre a música não me levar a lugar nenhum e que eu deveria parar de cantar e parar de ouvir música. Já discutimos tantas vezes sobre isso que eu já perdi a conta. E por isso, minha tia Elizabeth me deu de presente o meu fone de ouvido - depois que contei que todos os meus fones sumiam magicamente. Para que eu pudesse escutar músicas sem que minha mãe ficasse no pé, e partindo do princípio que minha mãe não jogaria fora um presente dado por minha tia, mas acontece que eu acabo cantando as músicas sem perceber, e aí.. toda a discussão se reinicia.
Acontece que minha mãe também não sabe que eu estudo música como matéria optativa na escola. Acha que eu me elegi em Marketing. E é claro que eu contei com a ajuda de minha tia para isso. Ela foi em minha escola cuidar da documentação e eu a procuro quando preciso que assine alguma coisa.
Eu sei que alguma hora minha mãe irá descobrir, mas até lá poderei continuar fazendo o que gosto que é estar perto da música, e minha tia costuma me ajudar muito nesse sentido.
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Na batida do amor
Teen FictionNO AMOR OU NA GUERRA, SIGA SEUS SONHOS. Anya viu seu pai morrer com os próprios olhos e isso a abalou de várias formas. Ele era o único que apoiava seus sonhos, agora ele se foi e Anya precisa viver com a ideia de vida perfeita que sua mãe tem reser...