Vejo que minha mãe já está de pé conversando com alguns dos convidados então me levanto de minha cadeira, vou até a banda que está se preparando para começar a tocar e chamo o homem que toca a guitarra para mais perto de mim.
- Eu queria saber se..
- Desculpe - ele interrompe - sua mãe avisou que você viria e ela nos proibiu terminantemente de dar qualquer instrumento à você. Inclusive um microfone. Sinto muito.
- Não acredito.Ele não diz mais nada e faz um semblante piedoso. Mas eu não preciso de sua pena. Agora mais do que nunca eu preciso subir naquele palco. Eu só preciso de outro plano.
Percorro todo o salão com os olhos e vejo Ryder sozinho perto da grande mesa de doces enchendo seu prato. Vou até ele no mesmo instante.
Sei que Ryder tem uma banda. Inclusive minha mãe já me contou que um de seus planos é tentar convencê-lo a sair da banda e a se inscrever para algumas faculdades, sei que vai tentar falar com ele assim que ele se instalar lá em casa e sei que minha mãe pode ser bem persuasiva quando quer. James já me contou que Ryder é incrivelmente talentoso, que toca vários instrumentos e até canta. Sim, ele será útil.- Ryder.
- Maninha - ele ri.
- Preciso de um favor.Ryder para de colocar os doces em seu prato no mesmo instante e olha para mim. Agora que está realmente prestando atenção em mim eu decido dizer o que tenho em mente.
- Os músicos não me deixam chegar perto do microfone, quero que pegue para mim, fingindo que é para você. E.. quero que toque Isn't She Lovely do Stevie Wonder no violão.
- Quer que eu toque para você? - pergunta duvidoso.
- Comigo. Eu quero que toque comigo.
- Por que quer fazer isso?
- Não é da sua conta.Ele volta a colocar a comida em seu prato e não diz mais nada.
Eu sei exatamente qual é a pergunta dele, e eu acho que ele já sabe a resposta mas quer me ouvir dizer.- Porque minha mãe detesta que eu cante e quero me vingar por mentir para mim. Além disso.. estou cansada de esconder algo que eu gosto tanto.
Sinceramente, minha intenção não era dizer tudo o que eu disse. Mas quando dei por mim já estava contando quase tudo o que se passava em minha mente.
- Tudo bem, eu ajudo você.
Ryder repousa seu prato novamente em cima da mesa, e sai. Ele fala com alguns convidados para tentar disfarçar um pouco e depois vai até os músicos e como combinamos ele disse para eles que tinha se esquecido de dizer algumas coisas em seu brinde então queria, no lugar de dizer, cantar para seu pai e sua nova madrasta alguma coisa.
Depois que todos os músicos descem do palco pelo lado direito, eu subo pela pequena escada até o palco pelo lado esquerdo. Pego o microfone da mão de Ryder enquanto ele coloca a alça do violão ao envolto de seu pescoço e costas. Quando os músicos percebem a minha presença aqui em cima, já começam a ameaçar subir, mas não dou-lhes tempo o suficiente e já começo a falar.- Como todos já devem saber - eu começo - meu pai morreu há pouco mais de um ano.
Eu olho para minha mãe e tento decifrar aquela indignação em seu rosto, que só funcionam como combustível para essa chama que arde em meu peito. Ela pode não perceber, mas se talvez não estivesse me olhando com tanta indignação eu talvez ficasse com medo de cantar aqui em cima. Muitas pessoas estão olhando para mim e geralmente isso me deixaria apreensiva, mas essa raiva que arde dentro de mim faz com que a coragem supere o medo.
Ela olha profundamente para mim e sibila completamente em silêncio para que só eu perceba: "o que diabos você está fazendo?"
Eu olho para Ryder que acena com a cabeça, como se dissesse: continua, e eu simplesmente continuo o meu discurso.
E é engraçado ver minha mãe se borrando de medo de eu estragar seu casamento, mas não vou fazer isso, só quero deixar claro que meu pai não foi esquecido.

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Na batida do amor
Teen FictionNO AMOR OU NA GUERRA, SIGA SEUS SONHOS. Anya viu seu pai morrer com os próprios olhos e isso a abalou de várias formas. Ele era o único que apoiava seus sonhos, agora ele se foi e Anya precisa viver com a ideia de vida perfeita que sua mãe tem reser...