Corpos Vazios

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Sento me em minha cama, esgotada, vazia, devastada com tudo o que está acontecendo em minha vida, tento me acalmar, mas meus pensamentos só estão ligados a morte, se automutilar e sofrer até que eu respire pelo última vez e fique livre dos meus demônios. As pessoas ao meu redor não conseguem perceber o quão quebrada já estou, nem mesmo os que se consideram próximo. Sinto-me um objeto ambulante no meio de todos, minha mente vaga por universos desconhecidos em busca de uma verdade que vá confortar minha alma que anseia por vida, que está a procura de voar e que irá descobrir a liberdade e finalmente possa estar livre de estantes sem livros e sem cor.

    A pressão que uma pessoa faz em outra acaba virando uma agulhada de dor, depositando seus planos nessa pessoa, suas expectativas, mas acaba nem notando que a pessoa está no fundo de sua alma pedindo apenas para parar e ter um momento de sossego para respirar, poder voar e ser livre disso tudo.

A cada noite eu me sinto mais fraca, sem energia, sem vontade de lutar, querendo que as pessoas se afaste de mim porque se eu fizer algo futuramente com meu corpo elas não vão sentir saudades. Eu me sinto vazio, um peso para todos, tendo que carregar isso todos os dias, carregando o peso de que nunca serei amada de verdade, amada ao ponto de me trazer de volta a vida, de me trazer vontade de viver,
O amor é uma mentira.
Me imagino deitada, em uma grama, olhando o céu azul e calmo, e ouço uma voz me perguntando porque estou daquele jeito, triste e com vontade de ir voar junto com os pássaros para o além, e eu simplesmente digo
- a liberdade é algo que todos deveriam ter, mas é tirada de nós a partir do momento em que decidimos quem queremos ser .
Ele me olha com uma cara triste, mas entende que já estou farta de estar desse jeito a mais de 3 anos, farta de não poder chorar, de não poder me expressar do jeito que quero, de não fazer nada que quero, simplesmente ficar no meu cativeiro e fingir que estou feliz, sorrindo para Fotos enquanto estou chorando por dentro, sem ninguém ao menos notar. Ele me diz
- Eu sei que você está com depressão, as pessoas ao seu redor ainda não perceberam, mas quando perceberem será tarde demais e as flores você não irá conseguir pegar mais. Afinal. porque eles não te dão flores por agora? Vocês humanos são uma ironia.

Viro-me e observo-lhe melhor, e afinal com quem estou conversando além de um fantasma? Tento-lhe arragar e abraçar para simplemente ouvir palavras de conforto para minha alma insolente e fraca, que só pede por um abraço e um verdadeiro significado de o que seja viver, mas quando pego para o observar noto que seu rosto está borrado e seu corpo está marcado, tento entender aquilo e ele me olha triste, compreendendo meu olhar de dúvida, e eu o pergunto o que aconteceu.

- Ao longo dos anos, fui uma ótima pessoa sabe? Fui uma criança boa, sempre respeitei a todos, mas... sempre faltou algo entende? Procurei por tudo, pelo mundo e nas demais religiões, porém de nada estava me agregando essas coisas, então um dia sem querer me cortei, e naquilo pela primeira vez me senti vivo, uma dor estranha, mas pela primeira vez em todos aqueles anos, senti vontade de viver, e daquele dia em diante continuei a me cortar para me sentir melhor, mas.. quando fui ver já era tarde demais e os cortes estavam por todo meu corpo e eu não respirava mais. Você ainda tem tempo para viver, ganhar flores e viver o melhor, só não se corte ok?... tenho que ir, mas espero que seus olhos estejam brilhando na próxima.

É estranho como a dor modifica a percepção.

poemas que coloriWhere stories live. Discover now