𝗹𝘂𝗻𝗮

surgery.

Any Gabrielly;
Terça-feira.

Luna já estava em cirurgia há algumas horas, não sei exatamente quanto. Josh já havia tirado sangue e já estava recuperado, já tinha tomado um pouco de soro e comido algo, ele teve que tirar bastante sangue.

No momento, estávamos na recepção desconfortável do hospital, eram quase seis da manhã. Minha mãe estava dormindo há um bom tempo, toda torta na cadeira do hospital.

Beauchamp estava apenas cochilando, percebi que ele não queria me deixar sozinha, mas ele estava com tanto sono que não se aguentou.

E eu, só conseguia pensar que no momento minha filha só poderia estar em três estados: ou com a barriga costurada e tudo no lugar, ou com a barriga aberta, com os médicos tentando deixar tudo no lugar, ou morta. Eu preferia acreditar que era a primeira opção, e que aquele pesadelo estava prestes a acabar.

Era impossível não pensar naquilo. A culpa foi minha? Eu fiz algo pra ela que lhe fez mal?

O médico iria investigar a causa do desmaio após a cirurgia, pois no momento, a única coisa que importava era a vida de Luna.

— Vai ficar tudo bem. — ouvi a voz de Josh, ao meu lado.

— E se não ficar? — sussurrei, com o olhar fixado no chão, segurando-me para não chorar ali mesmo.

— Sempre fica. — ele disse, e arriscou passar a mão em minhas costas, em forma de conforto.

— Por que fez aquilo? — eu perguntei, ainda sem o olhar.

Naquele momento, eu só conseguia pensar em tudo de ruim que já me aconteceu.

— Eu não fiz. — Josh falou e deu uma pausa. — Vamos conversar sobre tudo, depois que Luna estiver bem, tá bom? — assenti.

— Você se importa com ela? — me arrisquei perguntar. Pelo seus atos, Josh demonstrava que sim, ele se importava. Mas eu precisava ouvir.

— É claro que me importo. Ser pai sempre foi meu sonho. — Josh disse.

Ele vai querer fazer parte da vida dela? O que eu faria? Não havia pensado sobre isso.

Eu já o amei demais, e tinha medo que todos aqueles sentimentos voltassem à tona, de repente.

O doutor Shepherd entrando na recepção despertou-me de meus pensamentos. Ele quem fez a cirurgia.

— Mãe! — acordei minha mãe rapidamente e praticamente voamos no médico.

— E então? — minha mãe perguntou ao médico, nervosa.

— Como ela está? — Josh perguntou dessa vez.

Eu só queria ouvir o que o doutor tinha à falar, e esperava que fosse algo bom.

— A cirurgia de Luna foi executada com sucesso. Tivemos alguns imprevistos durante a operação, mas agora ela está maravilhosamente bem e acordará em alguns minutos. — o doutor Shepherd disse e senti meu coração pular de alegria.

Abracei Josh de imediato, sem pensar no que estava fazendo. Ele ainda usava o mesmo perfume de sempre, que eu tanto gostava.

Era nítida a felicidade de minha mãe, Josh, minha e até do doutor.

— Muito obrigada, doutor Shepherd. — agradeci.

— Esse é meu trabalho. — ele disse, satisfeito. — Querem ver Luna? Ela já deve estar acordando. — falou, e todos assentimos  na hora.

Caminhamos nervosos até o quarto, enquanto o médico explicava algumas coisa no caminho:

— Luna ainda corre risco, por isso tem que ficar quietinha e parada por alguns dias, mas acredito que nada de ruim acontecerá. — ele disse, gesticulando com as mãos. — Quando ela acordar, provavelmente ficará confusa, e o trabalho de vocês é explicar à ela o que aconteceu da melhor e mais leve forma possível. — paramos em frente à porta do quarto.

— Certo. Muito obrigada mais uma vez, doutor. — eu falei e ele sorriu, assentindo.

Entramos no quarto, onde tinha uma enfermeira arrumando o soro no bracinho de Luna. Era extremamente agoniante ver minha pequena com uma agulha no braço, mas o pior já tinha passado. A enfermeira saiu do quarto, deixando apenas eu, minha família e Josh.

— Mamãe? — Luna disse me olhando, assim que abriu os olhinhos.

— Oi, meu bebê. — falei com os olhos cheios d'água, chegando perto de minha filha e fazendo um carinho em sua bochecha.

— O que houve, mamãe? 'Pol que você tá 'cholando? — ela perguntou, segurando minha mão.

— A mamãe tá feliz em te ver, amor. — falei, admirando cada detalhe seu; seus olhinhos azuis, seus cachinhos pretos, seus cílios longos... tudo nela era perfeito.

— Eu tô no hospital? Cadê o médico? — ela perguntou, olhando ao redor e eu ri.

— Você lembra quando ficou gripada, que não podia ir pra escolinha, tinha que ficar de cama e comer sopinha? — perguntei e ela assentiu, deitando a cabeça pro lado. — É mais ou menos isso que vai acontecer nos próximos dias, bebê. Você precisa ficar um pouco no hospital para melhor e sarar!

— Quem é ele? — ela sussurrou pra mim, mas todos puderam ouvir.

— Sou um amigo da mamãe, prazer em te conhecer, pequena. — Josh falou e fiquei aliviada por ele dizer isso.

— 'Namolado? — Luna perguntou.

— Não, filha. Só amigo. — expliquei e ela assentiu, logo depois se entretendo com sua avó.

Era tão bom saber que minha filha era uma criança compreensiva. Isso sempre me ajudou e ainda ajuda em sua criação.

Mas afinal, eu e Josh éramos amigos?