010 | Love

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Joalin andava pelos corredores do hospital, durante a madrugada tinha começado a nevar bastante e por isso as estradas tinham sido cortadas, deixando a Sabina presa no hospital durante todo o fim de semana junto com a Heyoon, Any e Sina tinham saí...

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Joalin andava pelos corredores do hospital, durante a madrugada tinha começado a nevar bastante e por isso as estradas tinham sido cortadas, deixando a Sabina presa no hospital durante todo o fim de semana junto com a Heyoon, Any e Sina tinham saído por volta da meia noite para ir comprar alguma comida de jeito para a Sabina, que não queria sair do lado de Joalin desde o último acontecimento, ficando presas na loja junto com mais algumas pessoas quando começou a grande tempestade.

Eram quatro da manhã e Joalin tinha saído do quarto depois de se certificar de que a Heyoon estava a dormir confortavelmente no sofá ao lado da sua maca, enquanto Sabina dormia na poltrona de mão dada com a loira.

Josh não estava mais no hospital, tinha recebido alta e estava agora no apartamento de Noah já que a Heyoon e a Any não quiseram deixar a Sabina sozinha no Hospital. Sem o irmão lá, Joalin não tinha nada para fazer, tinha passado as últimas noites a observar o irmão, se certificando de que ele dormia bem e de que não se machucava durante o sono.

Agora, no refeitório do hospital, ela via alguns doutores a comer sandes enquanto falavam de algo, os círculos roxos bem presentes na parte de baixo dos seus olhos, via também algumas senhoras da limpeza a lavar o chão, parando às vezes para comer uma barrita de cereais ou às vezes apenas uma fruta, Joalin sabia que quando os doutores e enfermeiros saíssem dali, todas elas se sentariam e iriam comer as suas comidas caseiras enquanto falavam sobre as suas vidas.

Caminhou mais um pouco, observando alguns dos quartos.

Achou impressionante.

Tantos quartos, exatamente no mesmo edifício, e todos pareciam transmitir emoções diferentes.

No primeiro quarto havia uma senhora deitada, Joalin dar-lhe-ia uns 36 anos, ela tinha alguns fios ligados à sua veia do braço esquerdo e alguns outros fios ligados ao peito, ela olhava para a frente, focada num ponto específico da parede azulada, o seu cabelo era curto, bastante curto, ela estava magra e pálida, logo dando a entender a Joalin qual seria o motivo pelo qual ela ali estava, cáncer.

E mesmo assim, a sua figura transmitia bravura, coragem e determinação, Joalin tinha a certeza de que não era a primeira vez que ela ali estava, nem a décima, nem a vigésima, sabia que ela já havia estado naquele hospital muitas mais vezes sempre pelo mesmo motivo, mas ela continuava ali, uma guerreira sem armadura, foram as palavras atribuídas por Joalin.

No segundo quarto estava uma criança, ela dormia tranquilamente abraçada a um pequeno urso, uma senhora estava sentada ao seu lado, a sua mão média a segurar a pequena da criança enquanto ela a olhava com um brilho nos olhos.

A criança tinha ligaduras em volta do seu braço direito, pequenas marcas na sua bochecha direita e na sua anca e perna direita haviam mais ligaduras.

Um menino de cerca de 8 anos, diria Joalin, cabelos longos e loiros, iguais aos da senhora ao seu lado, sua mãe, presumiu, Joalin sabia o que tinha acontecido, durante dois dias não se falou de mais nada no hospital, "a criança salva por um milagre".

O pequeno tinha ido visitar os seus padrinhos, quando no meio do caminho o carro simplesmente pegou fogo, o seu pai, divorciado da mãe, acabou por desmaiar com o impacto da explosão enquanto a criança gritava desesperada no banco de trás, o cinto tinha encravado e ele não conseguia sair, felizmente, um carro estava a passar por aquela estrada e ligou para o 112, que logo chegou.

Infelizmente, antes de chegarem o menino acabou por queimar todo o lado direito do corpo, ficando só com alguns arranhões na bochecha por ter afastado a parte de cima do corpo das chamas o máximo que conseguiu.

O seu pai estava num quarto em frente ao seu, tendo permissão para se levantar de vez em quando e ir ver como o filho estava.

Gratidão. Foi o único sentimento que era transmitido naquele cômodo, a gratidão daquela mãe por ter a oportunidade de abraçar o seu filho e o ver crescer, a gratidão de não perder um pedaço tão grande de si mesma.

No quarto em frente havia um casal de idosos, ele tinha um pequeno livro desgastado em mãos enquanto ela olhava para ele atentamente, atenta à história que lhe era contada, a história de amor deles.

Eles eram um casal muito falado por entre os corredores, alguns achavam-no doido de ainda acreditar num amor que muitos achavam que já há muito estava perdido, enquanto outros sorriam perante tamanha paixão.

Amor. Joalin só poderia descrever tal sentimento que os envolvia como amor, o amor mais forte que ela já havia presenciado, ela sofria de Alzheimer, e mesmo assim, mesmo não se lembrando todos os dias do nome do senhor na sua frente, Joalin percebia no seu olhar que o seu amor por ele estava todo ali, disfarçado por meras falhas de memória.

E Joalin adorava quando os dois passavam por ela a caminho de mais um passeio diário, sabendo que ela se apaixonava por ele todos os dias novamente, mesmo não se lembrando de toda a sua história, e sabia também que ele se apaixonava cada vez mais por o seu olhar decorado com algumas rugas trazidas pela idade.

Agora, na frente da porta do seu quarto ela se perguntava se teria a oportunidade de amar alguém naquela idade, se teria a oportunidade de ainda ter Sabina ao seu lado quando as duas tiverem as rugas que vêm com a sabedoria da idade e as dores que vêm com o peso da vida, se ainda lhe seria dada a oportunidade de lhe atribuir o seu último "boa noite" e o seu primeiro "bom dia", se lhe seria dada a change de lhe declarar todos os votos de amor que ainda guardava no seu peito.

Sorriu, imaginando as duas abraçadas sentadas á lareira rodeadas de lembranças felizes e de amor, vendo os desenhos dos seus netos pendurados nas paredes e as fotos dos seus filhos pousadas no topo dos armários e penduradas nas paredes.

Com essa imagem em mente, ela caminhou até à mexicana, deixando um beijo na sua testa, vendo a mesma se remexer e se aconchegar mais na mão da loira.

― Eu vou voltar para você, mi suerte. ― sussurrou Joalin, dedicando cada poema e música de amor existente à morena na sua frente mentalmente. ― Isso é uma promessa.

― 𝐕𝐎𝐓𝐄𝐌―

palavras: 1087

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Quem aí pegou a referência??

𝗯𝗲𝘁𝘄𝗲𝗲𝗻 𝗹𝗶𝗳𝗲 𝗮𝗻𝗱 𝗱𝗲𝗮𝘁𝗵 | 𝗷𝗼𝗮𝗹𝗶𝗻𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora