epilogue

125 13 10
                                    

A garotinha morena de dez anos estava com a boca entreaberta enquanto observava a sua avó sentada no sofá e enrolada numa coberta azul mar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A garotinha morena de dez anos estava com a boca entreaberta enquanto observava a sua avó sentada no sofá e enrolada numa coberta azul mar.

― É assim? ― perguntou Luna, indignada enquanto olhava para a avó. ― Acaba assim? Ela morre?

A senhora sentada no sofá, os seus cabelos curtos e já grisalhos a destacar a sua cara envelhecida pela idade, ela sorriu, deixando que a chávena de chá pousasse no pequeno pratinho no topo da mesinha, agarrou as pontas da coberta e as puxou mais para si, tentando se aquecer.

― Ela não voltou para a família?

A idosa deu uma pequena risada com a indignação da neta, ela mesma tinha ficado surpreendida, também havia esperado que ela voltasse para aqueles que amava em algum momento.

― Ela deixou a pessoa que amava sozinha?

Um sorriso amoroso cresceu nos lábios quase sem cor e pequenos da senhora, enquanto ela esticava o braço e empurrava um dos cachos da menina para trás da sua orelha.

― Se até a lua desaparece atrás do horizonte, minha querida, o que impede a pessoa que amamos de desaparecer também?

A garota inclinou um pouco a cabeça, os olhos brilhantes de admiração pela avó.

A campainha tocou, informando de que o seu pai estava ali para a ir buscar.

A cacheada se levantou, vendo a avó agarrar a chávena e caminhar lentamente para a cozinha.

Enquanto colocava a chávena na pia, ouviu o som da porta a abrir e a conversa abafada do seu filho com a sua neta.

― Mãe.

Ela sorriu, vendo o seu filho, Louis, um homem já crescido, com os seus trinta e sete anos, vestido num terno preto que destacava os seus cabelos castanhos um pouco longos e os seus olhos verdes com um pouco de azul.

O mais novo sorriu, andando até à mãe e se baixando um pouco para a abraçar com ternura, sentindo as mãos delicadas da sua guardiã lhe esfregar leve e carinhosamente as costas.

― Como você está? ― perguntou, se afastando dele para poder o observar.

― Está tudo bem, a empresa "Hidamaa" foi convidada para um desfile em Milão onde serão apresentadas as novas roupas da coleção mais recente, desenhada pela incomparável Sabina Hidalgo.

Um sorriso tímido e orgulhoso apareceu no rosto da senhora, causando um brilho no olhar carinhoso do filho e da neta.

Tinha criado aquela empresa quando tinha vinte e sete anos, o filho acabou por seguir os mesmos passos e hoje estava a trabalhar na empresa como dono, já que Sabina já não tinha capacidade para tal nos seus sessenta e cinco e com o seu problema nos rins.

Se passaram cerca de dez minutos, antes de Luna chamar o pai avisando que tinha aula de artes em vinte minutos e ainda tinha de ir buscar a sua mochila.

Os dois saíram, ambos recebendo um abraço apertado e um intenso "te amo" antes da porta se fechar.

Agora, sozinha e sentada no seu quarto a olhar para o céu estrelado que tomava conta do quadro de cores vivas que o céu outra hora tinha sido, ela segurava um colar nas suas mãos trémulas e rugosas.

Tocava levemente com as pontas dos dedos como se num carinho a formosa borboleta de ouro presa à corrente, no seu corpo estava escrito a maior verdade que ela alguma vez havia dito.

"Te amo. S."

Um sorriso querido nos seus lábios pequeninos enquanto a sua respiração ficava cada vez mais curta e difícil de sentir, ela encostou o colar ao peito, fechando os olhos durante um suspiro.

Direcionou as suas orbes castanhas para o céu estrelado, observando a estrela brilhante que começava a aparecer ao lado da lua, sorriu, sabendo que o brilho no seu olhar não se tratava do reflexo dos pequeno pontinhos nem das luzes da cidade.

Puxou as cobertas lentamente com o fio preso ao pescoço enquanto a borboleta balançava no seu colo, se deitou, puxando as cobertas para cobri-la.

Puxou a borboleta, deixando um beijo na mesma antes de olhar para as estrelas pela janela.

Tal como todos os outros dias, o seu olhar ficava preso na estrela brilhante, aquela que todas as noites estava lá sem exceção.

Mas hoje, para além da companhia da lua, Sabina notou algo diferente.

Enquanto as suas pálpebras se tornavam mais difíceis de manter abertas e a sua respiração ficava cada vez mais seca, ela notou o pequeno ponto brilhante a começar a aparecer ao lado da sua estrela favorita.

Sorriu.

Tantas noites a observar a estrela tão solitária, tantos anos a conversar com a lua na esperança de que ela lhe respondesse de volta.

Agora, ela fechava os olhos.

Uma simples gota de água cristalina e salgada a escorrer pela sua bochecha decorada pelas dobras da idade.

A mão se abriu, deixando a borboleta à vista na sua palma, a escrita ali gravada virada para todos os que quisessem ver.

Então, suavemente, como num sonho que agora virava eterno.

O colar era tomado pela mão suave e carinhosa da loira.

A lua já há muito esquecida por as cores de Outono que algum artista tinha decidido pintar no céu.

Os olhos castanhos se abriram, vendo a figura da loira ali, sorrindo lindamente para ela no lado direito da cama, coberta por um simples lençol branco e a sua blusa grande azul.

A mexicana sorriu, vendo as sardas e os olhos oceano tão familiares para ela.

A sua mão subiu lentamente até á bochecha da loira, sentindo a mesma húmida pela lágrima que a mesma deixou escapar.

Dois sorrisos há tanto tempo procurados uma pela outra cresceram nos seus rostos enquanto a loira se baixava para encostar o seu nariz ao rosto de dezoito anos da morena, enquanto ambas fechavam os seus olhos e aproveitavam o seu tão esperado reencontro.

Bom dia, mi suerte.

ㅤ҉the end

ㅤ҉the end

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝗯𝗲𝘁𝘄𝗲𝗲𝗻 𝗹𝗶𝗳𝗲 𝗮𝗻𝗱 𝗱𝗲𝗮𝘁𝗵 | 𝗷𝗼𝗮𝗹𝗶𝗻𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora