Sodalita [ChanBaek - ABO]

Tanzanita

Passara todos aqueles dias de inverno preocupado com Chanyeol — que ainda estava fraco e impossibilitado de levantar — e com receio do silêncio ensurdecedor do seu pai que havia se esquecido de fazer suas orações ao acordar. Era um ritual sagrado passado de geração a geração, onde ao despertar você se ajoelhava diante do sol nascente e agradecia aos Deuses por tudo que acontecia em sua vida, sendo bom ou ruim. Eles acreditavam que se o ritual não fosse feito, a vida do lobo em questão seria um inferno tomada por dias nebulosos e infelizes.

Lobos que não praticavam a cerimônia eram mal vistos pela alcatéia, acusados de serem ingratos e rebeldes por não prezar a vida dada pelos Deuses — já sendo um castigo terrível ser ignorados por todos os membros, passando os dias de suas vidas na maior solidão possível.

O ômega se sentia mal por ter esquecido e faria questão de se desculpar. Assim que terminou de fazer suas higienes, trocou de roupa, colocando uma roupa de frio menos pesada — visto que o frio estava indo embora finalmente —, e foi agradecer para depois poder tomar café da manhã.

O sol já saía das montanhas quando Baekhyun se posicionou de joelhos no chão. Não tinha nenhuma oferenda boa no momento, então se contentou em apenas fazer todos os passos do ritual corretamente.

Começou pedindo perdão por não ter comparecido nos últimos dias, afirmando que nunca mais iria esquecer, enfim dando início aos agradecimentos e preces.

Agradeceu por estar vivo e com saúde, por ter uma casa boa e por seu pai ainda estar ao seu lado. Agradeceu pelas vezes em que os guardas foram fazer as revistas e não encontraram Chanyeol no porão, agradeceu por ele estar cada dia melhor e por ter se mostrado mais interessado em suas conversas aleatórias.

O alfa era bem fechado e rude no começo, assim como o próprio Byun, mas com o passar do tempo foram forçados a se dar bem. Baekhyun quem dera os passos e seguiu com a tentativa de amizade, agora sabendo até mesmo do motivo — ou quase — dele ter fugido da antiga alcatéia. Sentia-se grato pela confiança que ganhara.

"Por favor, faça o Chanyeol melhorar."

Esta era a principal prece que Baekhyun fazia, e a única que mais colocava suas energias. Queria ver o maior bem logo. Havia dias que punha o alfa em suas orações e nem se dava conta de que, teoricamente, estava rezando para um inimigo. Estava fazendo uma ação extremamente bonita que o seu coração mandava, pois bem lá no fundo, uma pequena faísca de uma possível paixão estava acendendo e se espalhando aos poucos, sendo demonstrada através de preocupação, zelo e rezas contínuas.

Ele não entendia ainda que a ansiedade em ver o alfa todos os dias pela manhã e final da tarde, o formigamento nas costas, o coração animado e as risadas escandalosas dadas em meio as conversas que tinham, os pensamentos totalmente direcionados ao mais novo eram sinais de que estava gostando dele. Não entendia tal sentimento pois nunca havia, realmente, gostado de alguém. Para ele, tinha apenas feito um grande amigo que iria embora assim que melhorasse — e tal fato o fazia adoecer.

Ali, ajoelhado diante do sol que subia atrás das montanhas, pediu copiosamente que Chanyeol mudasse de ideia e escolhesse ficar. Sabia que era arriscado, mas arranjaria um jeito dele residir na Alcatéia Sodalita sem que alguém descobrisse.

— Baek...

Cada mísero filamento existente no corpo do ômega se arrepiou com o — mesmo que baixo e quase inaudível —, chamado. Não ficara sentido por conta da voz que tanto achava bonita e atraente, mas sim por ter sido chamado pelo apelido. O alfa nem sequer fazia questão de chamá-lo pelo nome e estranhamente havia dito "Baek".

Abriu os olhos e virou-se lentamente, tentando acalmar as batidas insistentes que esmurrava o seu peito. Chanyeol parecia radiante com a pele sendo beijada pela primeira luz solar do dia, os fios bagunçados atrapalhando parte da sua visão, as roupas surradas por estarem em seu corpo há semanas. Sim, ele estava