Dumortierite

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Assim que os guardas adentraram o curto agrupamento de árvores, saindo das terras dos Byun e levando o intruso junto, Baekhyun correu em disparada até o chiqueiro. Torcia para que não fosse verdade e que os lobos não tivessem pego Chanyeol. Aquilo não podia estar acontecendo.

Sua visão estava turva, enxergar um palmo à sua frente era um desafio. A chuva caía forte contra sua cabeça, encharcando seu corpo por completo e fazendo-o tremer um pouco devido ao vento que varria sua pele fria, entretanto, não dava a mínima para aquilo. No peito, um coração dolorido batia agitado.

— Chanyeol?

Checou o espaço todo, atrás de cada mureta, pá e pedaços de madeira velha. Olhou para fora e viu que o machado e as lenhas estavam ali ainda, como se seu pai não tivesse tomado consciência da finalização do trabalho do Park. Moveu a cabeça de um lado para o outro, descrente.

— Não — sussurrou, ajoelhando-se no mesmo cantinho que conheceu o alfa, onde o viu pela primeira vez em sua forma lupina e todo machucado. — Como eu sou idiota... Por que não o deixei ir antes que fosse tarde demais? — Lamentou-se, tapando o rosto com as mãos.

— Não se culpe, eu também não queria ir — virou-se bruscamente ao ouvir a voz atrás de si

— Chanyeol... — encarou a figura à sua frente, desacreditado, porém aliviado. — Céus, como?

— Eles não prenderam à mim, Baek — respondeu com certa firmeza e pesar, e Baekhyun se levantou, olhando-o confuso.

— O quê? Como assim? O que quer dizer? Os guardas pegaram quem, então?

Respirou fundo e contou tudo o que tinha acontecido.

...

Chanyeol levava o machado de encontro à lenha sobre o toco grosso de carvalho, assim partindo-a em vários pedaços para que fosse usado no forno. Sua camisa se encontrava toda suja de terra assim como sua calça, as mangas estavam arregaçadas até o cotovelo dando mais eficácia na hora de cortar a lenha. Estava suado e ofegante, almejava uma caneca d'água.

— Hey, filho!

Virou em direção ao chamado. Sentiu algo estranho no seu interior ao ouvir o ômega chamá-lo de "filho", foi reconfortante. Não saberia responder desde quando Jinho começou a tratá-lo melhor, mas estava gostando daquilo. De certo modo, sentia-se acolhido e abençoado por ele, coisa que nunca havia sentido antes.

— Faça uma pausa e venha comer alguma coisa. Acabei de fazer uma torta de maçã — chamou o alfa com as mãos, logo entrando na casa.

Chanyeol sorriu, feliz da vida. E deixou o machado fincado no toco antes de se virar e seguir o caminho. Contudo, um barulho de galho quebrando atrás de si fez seus passos cessarem imediatamente. Um cheiro bem conhecido por sua memória adentrou em suas narinas, fazendo o coração acelerar demasiado no peito.

— Achou que se esconderia por quanto tempo, hein, Park?

Odiava aquela voz. Odiava com todas as suas forças o dono dela.

— Como me achou? — Indagou ao se virar e encarar o alfa repulsivo. — Veio sozinho?

— Digamos que tenha sido de extrema facilidade seguir seus rastros de sangue e o aroma enjoativo da sua melancolia. Já sei da sua estadia há pouco mais de um mês... — Chanyeol tremeu no lugar. — E, sim, vim sozinho. Quando se é para fazer um trabalho bem feito eles mandam o melhor que têm. Não precisam de mais — sorriu convincente.

— O que você quer, Mingi? Eu já saí da vida de vocês há muito tempo, não devo nada! Fui expulso, lembra?

— Você nos deve a sua vida infame. Não era para ter ido embora assim tão facilmente. Sim, foi expulso. Contudo, o chefe resolveu que o queria morto e não perambulando por aí. — Revelou, dando alguns passos na direção do Chanyeol. Os olhos granada brilhavam de ansiedade em aniquilar o exilado. — Talvez agora eu suba de patente quando levar a sua cabeça como troféu.

Sodalita [ChanBaek - ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora