II. Quiche misto — aquele que potencialmente ocasiona uma morte forjada e uma fuga ilegal para a Jamaica, recomeçando do zero e vivendo só de água e pão.
Um título tão longo quanto extremo, não?
Mas Hinata Shouyo, comprovadamente, é um mentiroso cruel.
"Eu tive uma ideia incrível."
Foi menos de um mês; duas ou três semanas depois da primeira vez que aconteceu — Yachi não poderia saber com certeza, já que havia decidido enfiar a conversa com Shouyo em uma torta de merengue com limão assada por puro estresse (já que não podia espremer os limões em questão nos olhos do amigo), e usar a de maçã com mel (cujo abominável nome e origem não devem ser mencionados) como ponto final na situação inteira. Portanto, duas ou três semanas. Sem exatidão alguma. Até porque, ter o mínimo de exatidão resultaria num número específico, e isso demonstraria que ela tinha pensado bem mais do que deveria pensar, e se ela realmente tivesse feito isso seria uma completa e absurda loucura e-
Dezessete dias. Dezessete dias e-
Não; duas ou três semanas. Maçã, mel e canela como ponto final. "Ponto final!"
Olhos acinzentados. Sorriso na sua direção. Sinal no canto dos lá-
Não! Não, não, não. Não.
Ok. Por que não recomeçamos?
Sim, sim, é mais fácil assim. Respire. Isso. Inspire, expire.
Viu? Fácil.
Fácil.
Certo. Certo, recomeçar.
(...)
Hinata Shouyo, comprovadamente, é um mentiroso cruel.
Sua tão incrível ideia, que Yachi poderia facilmente substituir o adjetivo escolhido pelo amigo por outro bem mais apropriado (horrenda, atroz, tortuosa; apenas para citar alguns), tinha a ver com insistir para que Yachi atendesse no balcão no seu lugar, dizendo algo sobre estar "ah, tão cansado, já fiz nove cappuccinos seguidos, e ainda são só nove da manhã! Olha que tragédia!"
... O que definitivamente NÃO podia ser e muito menos era verdade, Yachi concluiu na hora, lembrando-se de todas aquelas fotos de Hinata levantando com facilidade o que era provavelmente o dobro da sua massa corporal em pesos de academia. Nove cappuccinos... pfft. Para quem tinha braços como os dele, aquilo era brincadeira de criança.
Mas honestamente, mesmo com a mentira descarada (e ainda aparentemente sem motivo algum por trás), parte de Yachi pesou por achar que deveria ajudar um pouco mais no quesito interação com os clientes. Ela urgentemente precisava aprender a se controlar e não surtar ao dizer "olá" para um desconhecido.
E Hinata precisava urgentemente aprender a não fazer mais nenhum cliente surtar ao dizer "olá", e continuar falando por tempo o suficiente para criar uma longa fila atrás do pobre coitado que for a vítima do seu monólogo diário.
Então, como de costume, acatou mais uma desculpa mal feita do amigo, amarrou o avental um tanto manchado com mais firmeza ao redor de sua cintura, colocou em prática a mais animada voz de atendente que conseguia fazer, e jogou de volta para o seu estômago inquieto qualquer ansiedade sobre alguém subitamente assaltar a loja e começar o roubo ao levar a vida de Yachi.
Exatamente nesse dia (Dezessete dias depois, dezessete dias e-), ela voltou.
Foi o que confirmou que tudo fazia parte da ideia monstruosa de Hinata — ah, olha aí, outro adjetivo mais adequado.
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Ao alcance
Romans5 tortas que Yachi Hitoka cozinhou para a garota mais bonita que ela já tinha visto na vida inteira + 1 em que foi a vez de Kiyoko