borboletas paranoicas - Tentativa em Vão

Realizando o sonho de princesa

Finalmente aquele inferno terminou, não precisava mais me preocupar com as ameaças e tentativas do meu pai de me machucar, agora não precisaria olhar novamente para aquele monstro, estava finalmente livre, bem não totalmente livre, ainda precisava enfrentar à minha mãe, que mesmo depois de assistir todo o vídeo insiste em me culpar de tudo, mas logo isso tudo chegara ao fim, finalmente irei realizar meu grande sonho, me casar com o Feh e ficar bem longe de minha mãe, já que a mesma insiste em me culpar de algo que fui a maior vítima.

Com ajuda do pai da Juh conseguiria realizar meu sonho antes do previsto, não precisava esperar um ano inteiro, como o mesmo é advogado, é eu já havia completado 17 anos, poderia facilmente conseguir um acordo de autorização para o casamento. Não foi difícil conseguir essa procuração, como minha mãe ainda me culpa de tudo, ela assinou facilmente os documentos passando minha tutela para o tio Miguel.

-Tio muito obrigada por tudo que está fazendo por mim.

-Não precisa me agradecer Bruna, você é a melhor amiga da minha filha, e também uma garota incrível, você merece ser feliz, já passou por tantas coisas.

Ainda não havia contado ao Gus sobre minha decisão, eu sempre soube que o mesmo nutre sentimentos por mim, mesmo que eu sempre tenha deixado claro que o que temos não se passa de amizade. Na verdade eu nem sei como contar isso a ele, somos amigos, e sim Gus é uma pessoa super importante na minha vida, não consigo nem imaginar o que seria se nossa amizade tivesse um fim. Estava morando com a Bruna para evitar ficar em contato com minha mãe, então apenas pedi para que o Gus fosse até lá para conversarmos, não posso ficar enrolando por muito tempo, não posso o fazer sofrer assim.

-Bruna eu já sei o que vai me dizer, e não precisa disso, sempre soube que para você sou apenas um amigo.

-Gus eu não quero magoar seus sentimentos, você sabe o quanto é especial em minha vida.

-Eu sei. Mas o seu amor não sou eu, e sim o Fernando. Não se preocupe, continuarei sempre aqui para você, sempre que precisar de um amigo, estarei aqui.

-Você é um anjo, sabia?

-É eu sei.

-Que convencido cara.

No início pensei que ter essa conversa seria de alguma forma mais problemática do que realmente foi, Gus realmente é um anjo de pessoa, sempre entende como todos se sentem, mas no fundo ainda tenho medo de o ferir, mas estamos aqui agora rindo de sua incrível auto estima, sei que não é fácil para ele, mas tentou reagir da melhor forma que pode.

-Vamos parar de papo furado agora Bruna e pensar em como vai ser esse dia, vai ser uma data importante.

-E vocês dois vão estar lá comigo

-Sempre estaremos ao seu lado.

Seria uma cerimônia simples, apenas os amigos próximos foram convidados, na verdade não conhecemos muitas pessoas, e decidi que não chamaria ninguém da minha família, por insistência da Juh enviei o convite à minha mãe, mas tenho quase certeza que não aparecera, nem ao menos para falar "Adeus", já havia me conformado com isso.

-Não se preocupe muito Bruh

Finalmente o dia que tanto esperei se torna realidade, na presença dos amigos íntimos é do juiz de paz, estamos realizando nosso sonho, nossa promessa, que estaríamos junto não importa o tempo que levasse, minha liberdade começa aqui é agora, ao assinar esses papéis, não precisamos mais dar satisfação de nada a ninguém, não tenho mais que me prender à minha mãe.

Desde o dia que entreguei o convite a minha mãe sabia que não teria sua presença aqui, talvez ainda me despreze por ter colocado o amor dá vida dela atrás das grades, ou apenas não tinha coragem de admitir que havia errado, orgulho sempre foi um dos maiores defeitos da família de minha mãe, ver algum deles aceitar o erro é quase impossível.

Tenho que admitir que a vida de casado não é totalmente um mar de rosas, à seus altos e baixos, somos inexperientes na vida, não conhecemos direito como é a vida de um casal, o primeiro ano foram quase todo um mar de rosas, vivendo aquele amor tão sonhado, tudo a mil maravilha, mas infelizmente chega um momento em que as coisas se não soubermos administrar elas saem do controle, as coisas tornam insuportável, te leva ao limite.

Feh infelizmente voltou a usar drogas, até tentei de várias formas o ajudar, insiste que procurasse algum tratamento, porém esse é um defeito que ele têm, sempre cabeça dura, o mesmo ainda insiste em se afundar ainda mais, ainda se culpando pelos acontecimentos do passado. Não vou mentir, aquelas memórias ainda são vivas para mim, principalmente em momentos em que encontro o Feh ruim em casa depois de exagerar no uso de drogas, e a cada dia são piores.

-Bruna por quanto tempo você vai aguentar isso?

-Ele não era assim Juh, você viu nosso primeiro ano.

-Bruh eu sei disso, mas agora, o que você pode fazer por ele?

-Eu não sei Juh.

Cheguei em um ponto em que não poderia mais continuar ali, ver o Fernando se matando aos poucos utilizando uma quantidade exagerada de drogas estava me matando por dentro, e não quero afundar assim novamente, já havia conversado com meus amigos quanto à isso, Juh e Gus me ajudaram a encontrar um apartamento para alugar, de última hora Juh falou que iria morar comigo, passamos a dividir um apartamento, já que trabalhávamos na mesma empresa seria fácil para as duas.

Não sabia como chegar em Feh para contar minha decisão, antes de conversarmos, retirei todos os meus pertences da casa, e depois sim iria enfrentar uma conversa, com a pessoa que tanto amei, e que agora me parece um completo estranho, não o reconheço mais, a um anjo o vejo se matar cada dia mais e não sei mas o que fazer, além de o deixar, Feh precisa resolver sua própria vida, não têm espaço para mim em meio a suas paranoias.