Tudo parece bem.

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Já se passaram quase um ano desde à volta de meu pai para casa, as coisa não são as melhores, mas aparentemente estão tranquilas ultimamente, de uns meses para cá, o mesmo começou a tentar me agradar, me pediu perdão por suas atitudes passadas, pediu me uma chance para recomeçarmos novamente, mamãe está super feliz com isso, mesmo que sem acreditar realmente, resolvi lhe dar uma chance, talvez possas ter realmente mudado, não é mesmo? ou será que apenas estou me enganando novamente, me enganando como sempre fiz, todos esses anos fingindo que estava tudo completamente bem, quando na verdade, em meu interior tudo está completamente um caos.

O tão esperado dia está mais próximo do que posso imaginar, Feh completará 17 anos, é poderá sair do orfanato, sei que nesses anos todos, eu não falei muito sobre ele, é tentei viver como se tudo estivesse normal, mas apenas foi uma maneira que encontrei para amenizar à dor da distância, é afastar as memórias daqueles dias que ainda insistem em me atormentar, todas as noites, estes dois anos, para mim só não foram piores graças aos amigos que fiz, devo tudo à Juh, Gus é o Gui, que sempre estão ao meu lado, me ajudando, em alguns momentos me sinto mal por eles, já tiveram que passar por cada coisa para me ajudar em meus surtos, nesses anos apenas os dei preocupação, mas mesmo assim, é eles que estão ao meu lado sempre, mesmo no dia que fugi voltando até aquela floresta, foram eles que foram lá, foram eles que me buscaram, se hoje eu larguei o vício, eu tenho que agradecer aos três, não sei o que seria da minha vida sem meus amigos.

Não sei como será meu reencontro com o Feh, mas esse é um momento que sempre esperei, todos os dias aguardei ansiosamente o dia que nós encontraremos, aguardei o dia que poderia o abraçar novamente, sei que nesses anos separados ambos mudamos bastante, mas ainda acredito em nosso amor, ainda quero acreditar que poderemos estar juntos novamente, acredito que poderei cuidar de meu amor, como sempre fiz, algumas vezes tenho vontade de que as coisas voltassem, à antes daquele maldito dia, queria voltar ao passado é mudar tudo, mas não tenho esse poder, à única coisa que posso fazer agora é ajudá-lo com o futuro. 

Durante esses anos escrevi uma carta por mês direcionada ao Fernando, cartas essas que infelizmente nunca chegaram a ser enviadas, não por não querer, mas por não ter informações do orfanato em que ele foi enviado, algo que me causa tamanha angústia, queria muito saber o endereço em que ele estava, para poder de alguma forma o mostrar que ele não está sozinho, o mostrar que mesmo que seus familiares o tenha rejeitado, ele não estava sozinho, queria que soubesse que sempre estive aqui o esperando. Infelizmente todas minhas tentativas de tentar descobrir seu paradeiro me eram frustradas, mamãe me ajudou também, tentou conversar com o assistente social, mas à única resposta que obtivemos foi, à de que seu paradeiro não poderia ser revelado de forma alguma, aquele assistente ainda teve à audácia de me falar, que o melhor para mim é apenas esquecê-lo, me frustra ver as pessoas falando isso, ninguém consegue imaginar o quanto dói para mim, todos o culpam do acidente, sei que estávamos errado, mas não dá para o culpá-lo de tudo, será que as pessoas não pensam que com isso tudo o Feh também sofre, perder os pais é o irmão não é fácil para ninguém, além disso tudo, saber que foi obrigado à ir para um orfanato pois ninguém em sua família se propôs à adotá lo, é ainda pior, viver com à dor da perda é à dor da rejeição. Sei que nada vai tirar de nossas memórias os acontecimentos daquele fatídico dia, mas espero, que este tempo longe de tudo isso possa ter ajudado o Feh à superar, ou pelo menos à ajudado à conseguir seguir em frente, ainda me lembro do tempo em que ficastes inconsciente na cama daquele hospital, sua reação ao acordar, tudo ainda é tão vivo para mim, como se estivesse acontecendo neste exato momento. 

-Bruh você vai mesmo encontrá-lo? 

-Gus você sabe à minha resposta. 

Meus amigos acham que o melhor que eu posso fazer para minha vida é deixar o Feh apenas no passado, por que ninguém entende os meus sentimentos, é tão difícil assim aceitar que, em mim aquele sentimento ainda existe, prometi à ele é à mim mesma que o esperaria, é assim o fiz.

borboletas paranoicas - Tentativa em VãoOnde histórias criam vida. Descubra agora