Dezembro, 1952.

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E assim ele era observado. De um canto, calado, olhos atentos acompanhavam o resultado de medidas imaginárias, enquanto alguém apreciava calmamente uma dose de cachaça, e os outros homens aproveitavam a vez alheia para calcularem as jogadas que fariam sobre o pano verde.

Da brasa de incontáveis cigarros, os feixes de fumaça dançavam verticais, ascendendo pelo salão cuja iluminação só era nítida nas mesas espalhadas por aquele ambiente inebriante habitado por jogadores de sinuca. E eram várias as mesas perfiladas e alinhadas com espaço suficiente para que as tacadas fossem armadas e executadas com perfeita precisão.

Cachaça, cerveja, conhaque, vodca, gim ou drinques misturados.
Uma grande diversidade de bebidas poderia ser encontrada em qualquer local como aquele, onde ele permanecia sob a luz fraca observando o giz friccionado contra as pontas dos tacos, e os homens mais próximos se debruçando nas mesas, amassando o corte de seus ternos, impulsionando as bolas mecanicamente para que o movimento atingisse um único objetivo: encaçapar o oponente.

Ele observava, enquanto os outros jogavam.

Quarto Conto - InquebrantávelOnde histórias criam vida. Descubra agora