Prometidos - Um para o outro (livro 1)

Capítulo IX

(Música: Quando te vi, Beto Guedes.)

Na manhã de segunda-feira, decidi que precisava resolver as pendências antes de me encontrar com Thomas. Seria mais honesto comigo mesma, com ele, com Carlos e Carol. Argh! Eu queria muito poder contar à minha amiga tudo que estava acontecendo na minha vida, mas sabia que era impossível, pois Carol jamais entenderia. Pelo menos, não naquele momento e talvez demorasse muito tempo ainda antes de eu poder contar a ela toda a verdade. Era lamentável, mas era assim. O que se poderia fazer? Nada.

Pensei em ligar, mas achei que poderíamos discutir. Além disso, eu não queria dar espaço para que ela me cobrasse de novo para saber aonde eu tinha ido no domingo. Não era da conta dela. Mas, eu também não queria ser obrigada a dizer-lhe isso às claras, por telefone, e eu sabia que, se ela me irritasse de novo, eu diria.

Chegando a essas conclusões, decidi mandar um e-mail. Ela leria, teria uma crise de decepção, mas também poderia pensar com calma em tudo. Somente depois seria um bom momento para falarmos, mas pelo menos a poeira já teria baixado.

Eu não sabia como começar, era muito difícil porque o assunto todo era um labirinto de sentimentos: de amizade, de carinho, de querer bem. Droga... Acho que fiquei mais de uma hora sentada, digitando a mensagem no meu notebook. Quando terminei, reli algumas vezes e fiquei satisfeita. Hesitei ainda por alguns segundos, mas por fim teclei "enviar" e a mensagem seguiu seu caminho.

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De: beatriz55@fastweb.com.br

Para: carolina.star@fastweb.com.br

Assunto: Uma conversa importante

Querida amiga,    

Primeiro quero pedir desculpas por ter desligado o telefone na sua cara. Foi uma falta de educação imperdoável! Mas, vc percebe como falou comigo? Carol, vc estava GRITANDO, me cobrando coisas que não têm nada a ver, puxa vida! Vc tem um temperamento forte, mas eu tb tenho. Como se diz, dois bicudos não se beijam, certo? Mas, mesmo assim, me perdoe. Eu adoro vc e não quero nunca mais brigar assim. Nem teve motivo para tudo isso, vc percebe? Eu saí sozinha, precisava pensar numa porção de coisas, precisava tomar algumas decisões e tinha que ter um momento meu para refletir. Foi isso. E eu esqueci de ligar o celular. Quando cheguei em casa, meus pais estavam furiosos comigo, levei uma bronca do tamanho do mundo. Aí vc tb veio com tudo, não deu para suportar. Mas vc sabe que eu te adoro, amiga!

Eu disse que precisava pensar e precisava mesmo. Isso envolve vc, envolve o Carlos e envolve a mim. Carol, eu não quero que vc fique magoada comigo, por favor, mas precisamos esclarecer essa confusão que existe há muito tempo, que nasceu na sua cabeça há anos. Amiga, preciso que vc entenda que não se pode forçar uma pessoa a ficar com outra. Eu sei que vc sonha que eu seja sua cunhada, que namore o seu irmão. Mas o modo como vc demonstra isso faz com que eu me sinta o tempo todo obrigada a ficar com ele, e eu não quero isso, entende? Pelo menos, não agora. Eu não tenho por ele um sentimento de namorada, mas sim de amizade e carinho. Como sinto por vc. Talvez isso até mude um dia, mas hoje é como eu me sinto.

Eu tb não quero que ele fique magoado comigo, não quero que fique acreditando numa situação que não existe. Ele não merece ser iludido. Mas vc precisa me ajudar, precisa entender tudo isso e parar de forçar a barra para nos obrigar a namorar. Deixe as coisas como estão, por favor. O Carlos tem tudo para encontrar uma pessoa maravilhosa, que o mereça e que o faça feliz, mas essa pessoa não sou eu. Nós dançamos na festa, foi ótimo, mas foi apenas uma dança. Ele me trouxe em casa, mas foi apenas uma carona, um favor gentil que ele fez para mim. Não tente transformar isso em um namoro que não existe. Vc chegou a dizer para os meus pais que nós estávamos namorando e eles me perguntaram isso ontem à noite! Carol, por favor, não faça mais isso, eu te peço. E saiba tb que o seu irmão é muito bonito, como já disse ele tem tudo para namorar alguém muito especial. Acontece que a química tem que existir, mas quando não existe não tem jeito. E da minha parte, Carol, a química não aconteceu.