Capítulo 6 - Pequenos ladrões

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- Não iremos conseguir alcançá-lo agora! - Disse Taenas. - Não dormimos ainda.

- Eu vou tentar de qualquer jeito! - Disse Zen, já caminhando até o goblin.
- Não podemos deixar que os nossos suprimentos sejam roubados, Taenas. - Disse Galia. - Pelo menos vamos tentar!
- Ataquem o goblin! - Gritou Hardu.
O grito do menino assustou o pequeno ser verde, que começou a correr mais rápido até pular para dentro de um pequeno buraco.
- Mais caverna? - Perguntou Zen. - Já foram duas não precisamos de mais!
- Vamos, Zen! Sem distrações! - Disse Hardu.
O quarteto acumulava tanto cansaço que ao chegar no pequeno buraco, o grupo todo dormiu.
Taenas, então, acordou. Estava pendurada em um galho de árvore que rodava acima de uma fogueira fraca. Olhou em volta e percebeu que estava em uma vila debaixo da terra, com diversas casas pequenas. Um goblin velhinho girava o tronco em que a menina estava presa, dizendo:
- Carne! Carne! Aproveitem que é baratinho!
- Ei, eu não sou carne nenhuma! - Disse Taenas, que logo se soltou das frágeis cordas e caiu em cima da fogueira minúscula, o que fez que não sobrasse nenhuma brasa dela.
O goblin parou de girar o galho e começou a correr para longe. Tinha medo de Taenas. A menina então procurou seus amigos para sair de lá, pois acreditava que eles estavam próximos. E então, Taenas encontrou seu amigo Hardu, sendo cutucado por um goblin com uma adaga de madeira muito mal afiada. A adaga não fazia dano algum ao menino. O goblin com a adaga fazia propagandas de seu produto:
- Adagas de Hércules! Perfuram humanos facilmente! - E ele tentava demostrar, mas o único dano que fazia era sujar a roupa do menino.
O mais ridículo não era isso, era que um outro goblin se interessou e comprou o produto. Quando Hardu avistou sua amiga, o menino simplesmente saiu do balcão onde estava fazendo marketing e conversou com Taenas:
- Taenas! Onde você estava?
- Um goblin tentou me cozinhar.
- Ah... bom, onde estão os outros?
- Eu não sei, eu acabei de acordar. Vamos procurá-los!
Assim, os dois amigos andaram pela pequena vila. Os goblins que passavam perto deles logo se afastavam. De repente, Taenas e Hardu encontraram um teatro que estava iniciando uma peça gratuita.
- Vamos lá ver! - Disse Hardu. - Aqui os goblins não conseguiriam fazer muita coisa que nos faria mal...
-Você tem razão. - Concordou Taenas. - Podemos conhecer um pouco esse lugar.
Ao entrar no teatro, os dois se sentaram no chão, pois as cadeiras eram pequenas demais. As luzes se apagaram e as cortinas se abriram. Um goblin fantasiado de cavaleiro corria com uma vassoura com cabeça de cavalo de pelúcia no palco. Ele dizia:
- Julieta! Julieta! Cade tu?
O pobre goblin estava ficando cansado de tanto correr, até que ele encontrou outro goblin com peruca que dizia:
- Estou aqui, Romeu, meu amor!
A peça era monótona, mas parecia que os goblins gostavam. Taenas e Hardu estavam prestes a sair dali, só que o goblin que representava a Julieta disse:
- Olha lá, Romeu! Um ogro enorme!
E Zen apareceu com uma roupa de couro e orelhas de ogro falsas no palco, e ele dizia:
- Arrrg! Eu sou um ogro muito malvado!
Até que Zen viu seus amigos no teatro. Tirou a fantasia de ogro e foi falar com eles. Mesmo sem o ator do ogro na peça, a apresentação continuava.
- Onde vocês estavam? - Zen perguntou à Taenas e Hardu.
- Onde você estava? - Perguntou Hardu.
- Bom, eu acabei acordando em uma cama onde goblins me mediam com trenas. Eles ficavam me dizendo: "Você faria um ótimo papel de ogro no teatro!" Agora, eu não sei se isso era uma ofensa...
Taenas e Hardu se entreolharam e depois olharam para Zen. - Por que você não nos procurou?! - Perguntaram os dois. Zen fez uma cara confusa e respondeu: - Sabe que eu não sei?
Taenas achou a situação muito estranha: nunca tinha visto seu amigo assim! Então, viu que seu braço esquerdo estava sangrando um pouquinho atrás da manga da camiseta. Ela ergueu a manga e viu um curativo com um desenho de goblin dizendo: "Hospital Mais-que-bom!" Taenas olhou para Zen e perguntou:
- Você não sabe mesmo o que está acontecendo?
- Sim, eu sei. - Ele respondeu. - Eles não são nada criativos em criar nomes...
- Ela não tá falando do hospital! - Gritou Hardu em uma altura que o teatro todo escutou. Então, Hardu respirou fundo e abaixou o tom de voz. - Esses goblins injetaram em você uma vacina permitindo que controlem suas decisões. Por isso que ficaram dizendo que você faria um ótimo papel de ogro: eles não tinham atores o suficiente para essa peça!
- A vacina se chama "CT 1902". - Completou Taenas. - Os assaltantes a usam.
- Eu fui assaltado? - Perguntou Zen, que não parecia estar brincando.
Taenas e Hardu viraram de costas e começaram a cochichar:
- Não podemos deixá-lo assim. - Disse Hardu.
- Temos que achar alguma solução. Quem será que entende sobre controle de decisões?
Os dois pensaram por um tempo, até que disseram ao mesmo tempo:
- Galia!
Taenas e Hardu viraram para Zen. - Ok, Zen, agora nós devemos encontrar Galia. Você lembra de ter visto ela em algum lugar dessa vila? - Perguntou Hardu.
Zen pensou um pouco até responder:
- Eu lembro de ter visto ela no hospital... ela estava meio apressada e me puxava pelo braço até a saída, só que alguns outros goblins puxaram mais forte. Depois disso eu vim parar aqui.
- Vamos passar pelo hospital. Ela deve estar perto. - Sugeriu Taenas.
Todos concordaram. Zen mostrou o caminho que se lembrava até o hospital. Ao chegar na entrada do edifício, o trio olhou em volta à procura de sua amiga. Taenas acabou encontrando uma menina com cabelos ruivos entrando no meio da multidão de goblins em um leilão. Com certeza era...
- Galia! - Gritou Taenas.
Galia se virou e avistou sua amiga:
- Taenas! Eles estão leiloando os nossos pertences!
Hardu, então, começou a correr em direção ao goblin que estava no palco. O pobre goblin ainda não tinha visto Hardu indo em sua direção, então continuou a leiloar:
- Um pedaço de jornal! Quem quer? Quem quer? Dá 15 pratas? 15 pratas pessoal! Quem dá mais?
- Tom! - Chamou Hardu.
O goblin olhou em volta procurando quem tinha chamado seu nome, até que viu o rosto do menino que lhe parecia familiar.
- Quem... quer...? - O goblin engoliu em seco.
Galia fez uma tentativa de controlar o pequeno ladrão, mas não teve resultado algum.
- O que é este lugar?! - Gritou.
Tom se assustou com o grito de Galia e acabou se distraindo. Hardu então conseguiu agarrar o goblin que leiloava.
- Devolva as nossas coisas! - Disse Hardu a Tom.
- Calma! Me solte! - Pediu o goblin com medo.
- Nos dê nossos pertences primeiro!
- Pare! Eu explico! Eu fui pago para roubar vocês!

Savior Souls I - A Ameaça de NerthosOnde histórias criam vida. Descubra agora