Savior Souls I - A Ameaça de Nerthos

Capítulo 10 - A Floresta Pálida

 Zen estranhou.
- Mas... o que que tem? É apenas uma floresta branca.
- O que tem é que sua flora é comestível! - Galia respondeu.
- Quer dizer que podemos comer aquelas plantas? - Perguntou Hardu. - Como sabemos se é seguro? Aquilo pode nos envenenar!
- Eu li um livro sobre esse lugar na biblioteca da vila. - Disse Galia. - As plantas de lá são comestíveis, seguras e ricas em cálcio.
Todos se entreolharam e começaram a agir: estavam famintos. Guardaram o suficiente em suas mochilas (exceto a comida) e correram para a floresta. Apenas 7 minutos depois, já surgiram plantas brancas pela estrada. Hardu e Galia comeram a primeira que encontraram. Taenas escolheu a maior delas. Tom ficou na mochila de Galia, pois já estava com a barriga cheia. Zen, comeu uma folha, saboreou, e lhe veio uma sensação familiar.
- Nossa, que estranho. - Disse Zen ao grupo, que mal prestava atenção enquanto devorava as plantas. - Eu acho que eu já senti esse gosto... dessa planta... na vila goblin.
Galia olhou para Zen, lembrando do estranho estado que estava seu amigo naquela vila. Então, a menina dividiu uma folha da planta em dois, cheirou de um modo suave, e gritou com medo: - Parem de comer!
Todos pararam, mas tinham uma vontade extrema de continuar a comer.
- Essas plantas são usadas para a fabricação de CT 1902, a vacina da obediência. - Disse Galia. - Praticamente, estamos na entrada de uma floresta de droga.
Hardu ignorou sua amiga: estava querendo muito entrar naquilo tudo e comer cada centímetro da floresta. O menino, então, correu para dentro. O grupo correu junto, tentando impedi-lo.
- Não, Hardu! Pare! - Gritou Taenas. Hardu teve a sensação que suas pernas estavam grudadas, e então, consequentemente caiu e bateu com a cara no chão. Ao se levantar, seu nariz sangrava.
- Temos que sair daqui! - Disse Zen. - Corram!
Todos, imediatamente começaram a correr, e Galia tentou impedir. - Não podemos nos separar! Pode ficar pio... - Uma raiz de uma árvore branca estava na frente do caminho que Galia corria. A menina tropeçou, caiu com o braço no chão e desmaiou. O grito de medo de Tom dentro da mochila também foi interrompido pelo impacto. Taenas viu o ocorrido e lutou contra os efeitos da planta. Sucessivamente, o braço de uma árvore veio na direção de sua barriga. Taenas caiu de costas no chão, sem conseguir se levantar. Zen tinha encontrado uma saída, mas a raiz de uma árvore o agarrou pelo pé e o jogou para o outro lado da floresta, em cima de Hardu. Quando o grupo todo parou de correr, a floresta calou-se novamente.
Você, leitor, deve estar pensando que os quatro amigos poderiam usar seus poderes para se salvar, não é? Pois então você não se tocou no fato que estão todos famintos e exaustos.
Ao acordar, Galia estava em um lugar diferente, apoiada a um muro de pedra. Percebeu que em sua mão havia um tomate. Sem pensar, a menina devorou o tomate, e a tontura que as plantas lhe deram passou. Galia se sentia mais relaxada. Olhou para cima e viu um homem alto, barbudo e transparente. Ele tinha uma coroa na cabeça, e entregou um tomate para cada um de seus amigos, que estavam apoiados no mesmo muro. A ruiva percebeu que aquele homem poderia ser o espírito de Nerthos. Mas, então, por que ele estaria ajudando eles ao invés de impedir? O espírito, após ajudá-los, caminhou até um lado do muro de pedra e desapareceu lentamente.
Galia pegou sua mochila e de dentro dela, retirou Tom. O goblin tinha alguns ferimentos na cabeça. A menina, esperando curar, deu um pequeno beijo na testa de Tom, e o deitou contra um monte de folhas secas. Ela se levantou e cantou uma canção para acordar seus amigos. Decidiu seguir o caminho que o espírito fez, e por isso, encontrou um enorme portão de madeira que levava a um castelo do pico da montanha. Galia, então, mostrou um sorriso.
O resto do grupo acordou, comeu seus tomates e avistaram Galia sorrindo a alguns metros de distância. Ao se aproximarem dela, sorriram todos juntos, e caminharam em direção ao grande castelo.
Antes de entrar em qualquer sala, Hardu chamou Taenas para conversar sós. Ela aceitou. Então, foram a um canto do muro, longe dos outros três.
- Taenas, eu não posso fazer isso. Eu não consigo entregar o papel. - Disse Hardu.
- Por que? - Ela perguntou. - Estamos tão perto agora, não podemos desistir.
Hardu olhou para os dois lados para conferir que estavam sozinhos. Respirou fundo e disse baixinho. - Meu nome completo é Hardu Rokgrimne, sou filho de Nerthos. Eu sei porque Nerthos quer batalhar com Siccus: eles mataram sua esposa, minha mãe, e agora nós dois desejamos vingança.
Taenas com certeza ficou chocada com aquilo. Só aquela frase explicava tantas ações de seu amigo: ele não quis vir apenas pela notícia do jornal, ele não quis escrever seu nome completo na cabana do velho, ele errou o caminho de propósito para atrasar seus amigos. Taenas teve que pensar um pouco para ter uma resposta:
- Hardu, eu sei que essa sensação de ódio é muito dominante, mas a vingança não irá mudar o passado. Fazendo uma guerra não irá trazer sua mãe de volta, você entende?
Hardu fez que sim com a cabeça, mas demonstrando que aquela pequena frase cuja sua amiga dissera era incapaz de mudar sua ideia. Então, os dois se levantaram e continuaram a missão.
Ao passar do muro, perceberam que as portas estavam todas abertas. Foram na que estava mais próxima: a porta do salão principal. De longe, se notava a parte de baixo da cadeira de Nerthos. O grupo entrou. No trono, não havia ninguém. Na sala, não havia ninguém. Taenas saiu rapidamente da sala para conferir se na parte de fora do castelo havia alguém. Não havia uma voz se quer. Hardu então percebeu que havia apenas um mensageiro em uma sala próxima. Todos correram em sua direção.
- Olá senhor. - Disse Galia com Tom no colo. - Trouxemos o certificado de cancelamento da batalha que Nerthos planeja.
O mensageiro olhou para baixo, finalmente percebendo a presença das crianças. - Lamento mas o prazo se esgotou. O senhor Nerthos já está a caminho de Siccus.
O grupo todo fez uma cara assustada.
- Pelo menos tentamos, né? - Disse Hardu, um pouco animado.

CONTINUA...